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Debate com Doria e França tem ataques pessoais e acusações sobre PT e traição

Candidatos criticaram adversário por tentarem esconder seus partidos na campanha eleitoral

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São Paulo

O primeiro debate entre os candidatos ao governo de São Paulo no segundo turno foi marcado por ataques pessoais e trocas de acusações entre João Doria (PSDB) e Márcio França (PSB).

Entre recorrentes vaias e aplausos da plateia, a principal crítica que um fez ao outro foi de esconderem seus partidos na campanha. Com interrupções e bate-boca entre os candidatos, o embate foi exibido na noite desta quinta (18) na TV Bandeirantes.

França acusou Doria de traidor, em referência ao desgaste do tucano com seu padrinho político, Geraldo Alckmin, de enriquecer com empréstimo do BNDES para seu grupo empresarial, de se apropriar de uma rua pública e de usar os nomes dos filhos em sua promessa de cumprir quatro anos à frente da prefeitura.

Doria, por sua vez, acusou França de carreirista do poder público, de ser “ardiloso”, de esconder sua proximidade com o PT e Lula, de ter nomeado pessoas de esquerda no seu governo e de ter sido citado como recebedor de repasses da Odebrecht.

Atual governador de São Paulo, França abriu o debate antecipando um ataque da campanha de Doria: a de que é aliado do PT. 

Embora manifeste neutralidade, o pessebista é apoiado, veladamente, pelos petistas no estado, que desaconselharam o voto no tucano.

“Eu não apoio o PT”, disse França, quando foi interrompido por vaias de aliados de Doria na plateia. “Eu já disse isso várias vezes.”

Doria afirmou que o adversário não queria dizer o nome inteiro da legenda a qual é filiado, Partido Socialista Brasileiro, porque ela é de esquerda.

“Márcio França, falta sinceridade a você, assuma o seu lado esquerdista”, disse Doria.

Também pediu que ele dissesse quem nomeou para a Casa Civil do estado: Aldo Rebelo (SD), ex-ministro dos governos Lula e Dilma, que foi filiado ao PC do B por 40 anos.

Como tem feito na televisão, Doria tentou nacionalizar o debate e disse que iria fazer, em São Paulo, “exatamente o mesmo programa que Jair Bolsonaro com Paulo Guedes estarão levando em âmbito nacional”.

Da mesma forma, França afirmou que Doria se fiava em Bolsonaro porque quer evitar a rejeição dos eleitores ao PSDB.  “Coitado desse Bolsonaro, que tem que arrastar você”, criticou. “Você não é o Bolsonaro, é o bolso seu.”

O governador voltou a dizer que Doria descumpriu a palavra ao renunciar à Prefeitura de São Paulo para disputar o governo. Segundo França, o tucano jurou em nome de seu pai e seus filhos que não iria deixar a prefeitura.

O tucano reagiu: “Eu não uso nem o nome do meu pai nem o nome dos meus filhos.”

Ao perguntar, Doria também fez menção à delação da Odebrecht, cujo apelido de Márcio França na lista de políticos que teriam recebido repasses seria “Paris”. 

Ele aproveitou para reutilizar apelidos que já havia usado contra o governador, como “Márcio Cuba” e “Márcio Taxa”: “Você já foi Cuba, já foi taxa e agora é Paris”, disse.

França afirmou que os delatores mentiram.

Uma das acusações utilizadas pelo governador foi de que o ex-prefeito mistura interesses públicos com privados porque comprou uma rua em Campos do Jordão (SP).

“Você é o João aproveitador de oportunidades erradas”, atacou França.

O clima na plateia foi mais conflagrado do que em outros debates televisivos. Apoiadores de Doria eram os mais exaltados, mas os do pessebista também reagiram.

Doria lidera as intenções de votos na primeira pesquisa Datafolha sobre a disputa ao estado no segundo turno.

O tucano tem 53% dos votos válidos, contra 47% de França.

Na capital paulista, França leva vantagem e tem preferência de 60% do eleitorado. 

A claque do tucano foi repreendida várias vezes pelo mediador no primeiro bloco do programa, que reclamou do incômodo. O segurança da emissora pediu moderação duas vezes à torcida do PSDB: “Senhores, senhores”.

“Dá um lencinho pra ele”, gritou um dos aliados do ex-prefeito para França.

No segundo bloco, o apresentador disse que as pessoas que interrompessem e vaiassem os candidatos seriam retiradas da plateia.

Os candidatos também tentaram levar o eleitor para a internet. Doria pediu acesso a um site da campanha sobre França, e o seu adversário pediu para o telespectador procurar vídeo em que Jô Soares diz que Doria votou em Fernando Collor nas eleições de 1989.

Mesmo candidatos que não estão mais no páreo foram mencionados nos ataques.

O presidente das unidades paulistas do Sesi e Senai, Paulo Skaf (MDB), que ficou em terceiro lugar, foi citado por Doria em alfinetada a França.

O ex-prefeito criticou a cobrança de tarifas a alunos nas escolas do Sesi. Skaf apoia o pessebista no segundo turno.

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