Descrição de chapéu Eleições 2018

'Dono' do partido de Bolsonaro fica com 20% da verba eleitoral da legenda

Com R$ 1,8 milhão, suplente de deputado Luciano Bivar multiplica arrecadação em relação a 2014

Luciano Bivar (ao centro) em ato de campanha em Pernambuco
Luciano Bivar (ao centro, de camisa escura) em ato de campanha em Pernambuco - Reprodução Facebook
São Paulo

O pernambucano Luciano Bivar, fundador do partido de Jair Bolsonaro e principal dirigente do PSL até a entrada do presidenciável, recebeu quase 20% do total do fundo eleitoral da sigla até agora.

Suplente de deputado e candidato à Câmara, ele obteve repasses de R$ 1,8 milhão do partido, valor mais alto do que o total já arrecadado pelo candidato a presidente —R$ 1,3 milhão. 

O partido repassou oficialmente a Bolsonaro apenas R$ 334 mil, o que o deixa na condição de presidenciável que recebeu o menor quantia de seu partido, depois de Cabo Daciolo (Patriota) e de Henrique Meirelles, que banca toda a campanha sem apoio do MDB.

Os filhos de Bolsonaro, que concorrem no Rio e em São Paulo, também não receberam recursos nacionais do partido.

Bivar, 73, é empresário e fundou o PSL nos anos 1990 com o então senador Romeu Tuma. Em 2006, concorreu à Presidência pela legenda e ficou em último lugar, entre sete candidatos.

Neste ano, ele faz campanha ligando seu nome a Bolsonaro e explora o fato de ter acolhido o presidenciável na legenda, no início do ano. À época, o militar reformado, rompido com o PSC, procurava uma sigla para concorrer e quase ingressou no partido Patriota.

“Bivar que foi um sujeito decente em um momento em que o capitão precisava de um partido. Ele veio, abriu as portas”, disse o senador Magno Malta (PR-ES) em vídeo exibido pelo candidato a deputado em uma rede social.

Também há uma gravação de apoio do guru do presidenciável para a economia, Paulo Guedes: “Bivar, que emprestou o partido para a candidatura de Jair Bolsonaro, fez um grande favor para o Brasil.”

Neste ano, o diretório de Pernambuco recebeu mais R$ 1 milhão que devem ser destinados a aliados locais de Bivar. A campanha dele é a terceira mais cara do estado no momento, atrás do deputado Eduardo da Fonte e do hoje suplente Fernando Monteiro, ambos do PP.

Em 2014, Bivar arrecadou apenas R$ 464 mil —outros R$ 181 mil foram pagos por seus filhos e pela sua empresa.

O teto de gastos para deputado é R$ 2,5 milhões. Em comparação, os repasses mais altos a candidatos à Câmara dos partidos mais ricos ficam na casa dos R$ 2 milhões, como os destinados a Aécio Neves (MG) pelo PSDB. 

O suplente de deputado afirma que recebeu mais verba porque se comprometeu a financiar outras campanhas do estado com esses recursos. Em sua prestação de contas na Justiça Eleitoral, porém, aparecem repasses para outras cinco candidaturas, somando R$ 233 mil. Ele afirma que mais desses repasses devem ser computados no sistema.

“Estou repassando até para candidato a deputado federal do meu próprio partido que concorre comigo”, diz.

Ele afirma que as conversas para a entrada de Bolsonaro no partido não envolveram negociações sobre o financiamento da campanha e que o presidenciável não quis recursos do fundo eleitoral para sua campanha. “É basicamente para viagens, hotel. Os filhos dele não usam.”

O presidente do partido interinamente hoje é Gustavo Bebianno, advogado do Rio de Janeiro e um dos principais articuladores da candidatura.

Os filhos de Bivar continuam sendo membros do diretório nacional do partido. O candidato pernambucano projeta que o partido irá eleger mais de 20 deputados pelo país impulsionado pela candidatura Bolsonaro.

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