Descrição de chapéu Eleições 2018

Doria afaga Bolsonaro ao receber apoio de Rodrigo Tavares

Ex-adversário no primeiro turno estadual é colega de partido do vice general Mourão

Joelmir Tavares
São Paulo

O convidado de honra era Rodrigo Tavares (PRTB), mas foi Jair Bolsonaro (PSL) o nome mais ouvido no ato em que o candidato a governador João Doria (PSDB) anunciou o recebimento do apoio do primeiro, nesta quinta-feira (11).

Tavares, que disputou com o tucano a eleição (terminou em sétimo lugar), se juntou oficialmente a Doria na briga pelo Palácio dos Bandeirantes contra Márcio França (PSB).

O candidato derrotado ao governo do estado de São Paulo, Rodrigo Tavares
O candidato derrotado ao governo do estado de São Paulo, Rodrigo Tavares - Eduardo Anizelli - 16.ago.2018/Folhapress

"Com quase 650 mil votos, posso dizer foi uma campanha realmente abraçada pelos eleitores do estado de São Paulo", disse, valorizando o endosso de 3,21% dos eleitores.

Seu sogro e presidente nacional do PRTB, Levy Fidélix, estava na mesa durante o evento de formalização do apoio, no escritório de Doria, no Jardim América (zona oeste).

A união sela mais um passo do postulante a governador em direção ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), já que o PRTB, partido de Fidélix, é o mesmo do vice do presidenciável, o general Hamilton Mourão.

O tucano reiterou o apoio a Bolsonaro, expresso por ele já no domingo da eleição. “Por ser uma candidatura anti-PT, anti-Lula, anti-Fernando Haddad e, a nosso modo de ver, pelo Brasil”, justificou.

Para Doria, o militar reformado, se eleito, precisará ter ajuda do maior estado do país “para ter governabilidade e a institucionalidade da sua Presidência da República”.

O tucano buscou dar "uma visão mais ampla", em suas palavras, à aliança. “Não é apenas uma disputa eleitoral em São Paulo para vencer a eleição. É uma disputa eleitoral para o Brasil, para garantir a governabilidade do Brasil a partir de janeiro."

Como a Folha publicou nesta quinta, Doria falou com Bolsonaro pelo telefone nesta semana e avalia a possibilidade de visitá-lo no Rio. Ele disse que a conversa com o presidenciável foi "boa e produtiva, bastante construtiva, aliás; de alinhamento de princípios, de posições".

O candidato a governador afirmou que dará apoio às políticas liberais do capitão reformado, caso ambos sejam vitoriosos. Procurou reforçar que os dois têm ideias parecidas, sobretudo no campo econômico, mas disse discordar de "certas posições" do deputado, sem explicitar quais.

"Isso não foi objeto da nossa conversa, mas poderá ser, num futuro próximo. E, mesmo nesses pontos de discordância, eu sempre acredito que as pessoas podem evoluir no tempo e no espaço, modernizarem suas ideias, aprimorarem suas ideias."

No início da semana, ele havia dito que se diferencia do presidenciável "no campo das mulheres" e que valoriza a igualdade de gênero.

O ex-prefeito minimizou as críticas do senador eleito Major Olímpio (PSL-SP), aliado de Bolsonaro, que é refratário ao tucano e fechou apoio a Márcio França. Doria disse respeitar o deputado federal, que "tem uma posição bastante antagônica ao PSDB".

"Não tenho nenhuma mágoa, nenhum ressentimento em relação a ele", afirmou, acrescentando que haverá várias manifestações de membros do PSL favoráveis à sua candidatura no estado.

 

Doria negou que o acordo com Tavares já estivesse acertado antes da votação de domingo. No debate da TV Globo, na semana do primeiro turno, eles fizeram "dobradinhas", trocando perguntas de tom ameno. "Rodrigo, como você vê, o pessoal gosta de você aqui e a audiência também deve estar feliz", chegou a afirmar o tucano após a quinta vez em que debateu com Tavares na TV.

"Não houve nenhum entendimento prévio que pudesse determinar o que nós estamos fazendo hoje aqui", disse nesta quinta.

Segundo Fidélix, o general Mourão deve fazer atos de campanha com Doria em São Paulo nos próximos dias.

Detalhes, por enquanto, não foram acertados.

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