Descrição de chapéu Eleições 2018

Doria é o novo e não trai população, diz aliado

Presidente da Assembleia, Cauê Macris responde a prefeito de Santos, que apoia França (PSB)

Thais Bilenky
São Paulo

Presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Cauê Macris (PSDB), 35, saiu em defesa de João Doria, 60, acusado por tucanos de trair Geraldo Alckmin, 65, e de não representar o ideário do PSDB.

Deputado estadual desde 2011, é presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo no biênio 2017 a 2019. Filho de deputado federal Vanderlei Macris (PSDB-SP), foi vereador de 2005 a 2011 em Americana (SP), sua cidade natal, e presidiu a Câmara Municipal local.

O deputado estadual reeleito Cauê Macris (PSDB), presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo
O deputado estadual reeleito Cauê Macris (PSDB), presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo - Jorge Araujo-13.dez.2017/Folhapress

 

O apoio de Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), prefeito de Santos, a Márcio França (PSB) tornou público o racha em torno da candidatura de Doria ao governo de São Paulo. Qual a sua posição? Para mim está muito claro, é o novo contra o velho. Muito me entristece ver o Paulo, jovem de idade, estar tendo um pensamento retrógrado do velho PSDB, que não sabe compreender os recados das urnas e das ruas.

Qual é o recado? O sentimento de mudança, sobre o papel do Estado, dos homens públicos, que precisam se reinventar para atender um novo mundo, 4.0, conectado, com transparência absoluta, um Estado menor.

Ele questiona a coerência e lealdade, nas palavras dele, de Doria a Alckmin e ao projeto do PSDB. Leal a quê? Nós e Doria, os cabeças pretas do PSDB, somos leais ao povo, não temos lealdade a ninguém que não seja o povo. Paulo toma posição única e exclusivamente por interesse pessoal.

Qual interesse? Os espaços que tem dentro do governo e não quer perder. O irmão dele é delegado afastado pelo PSB aqui na Assembleia, a pedido de Caio França, filho do governador. O fisiologismo das velhas práticas políticas reitera esse tipo de posicionamento de uma área retrógrada do PSDB que tem tentado afundar o partido e o resultado disso foram as urnas. 
O que João tem feito é mostrar que o PSDB não é só esse. De um lado, estão as pessoas que querem fazer o correto, sintonizado com o que a rua pensa e a sociedade espera de nós, políticos, e do outro um PSDB arcaico e retrógrado que só pensa em si mesmo.

[Nota de Paulo Alexandre Barbosa: "Paulo Eduardo Barbosa é servidor público estadual, concursado, desde 1999. Em agosto de 2017, foi transferido para a Alesp, onde prestou serviços no gabinete da presidência, sendo por ato do presidente Cauê Macris designado, posteriormente, ao gabinete da liderança do PSB."]

Doria se apresentou para substituir Alckmin na disputa presidencial. Aliados veem tentativa de atropelar o padrinho político. Estão tentando buscar um motivo para cuidar dos seus próprios fisiologismos, tentando achar motivos na candidatura de João Doria, que está indo muito bem. Diferente do Márcio França, que é um puxadinho do PT, Doria é uma pessoa que defende uma prática moderna, diferente. Quem vai fazer a comparação é a população. 

Adversários dizem que, se eleito, Doria vai usar o governo de São Paulo como trampolim para chegar à Presidência, o que comprometeria a qualidade da gestão. Discordo totalmente. Doria quer governar o maior estado da federação brasileira. É isso que ele quer.

Fernando Henrique Cardoso, Tasso Jereissati, embora sejam cabeças brancas, são referências intelectuais do partido... [Interrompe] Referências para quem? Para mim não são. Respeito como líderes políticas, mas têm que se atualizar. Não estão se atualizando. 

Na sua opinião, o apoio a Jair Bolsonaro (PSL) é condizente com o ideário do partido? 
Não concordamos com 100% do que ele diz, só que, entre voltar à esquerda no Brasil ou no Estado de São Paulo, vamos apoiar qualquer tipo de pensamento mais de centro-direita, especialmente os mais liberais. E hoje o que nós temos nesse plano nacionalmente é Bolsonaro. Estou totalmente de acordo com essa posição.

Bolsonaro votou com o PT em pautas econômicas na Câmara dos Deputados. Pode ter muita coisa apresentada por PT ou PSDB que podem ter sido boas, você tem que votar a favor do Brasil, e não com o partido A, B ou C. O PT votou um monte de coisa com o PSDB na Assembleia Legislativa. Nem por isso eles apoia m o PSDB. Agora, para mim, o que vale é a posição em relação ao liberal. 

Bolsonaro votou contra privatizações, contra o Plano Real, contra reformas [da Previdência.  Ele erra também, né? Comecei minha fala dizendo que não concordo com tudo o que ele pensa, mas hoje é o nosso anti-PT.

Vê risco de autoritarismo no projeto do Bolsonaro? Quero acreditar que não.

Vão dar uma espécie de cheque em branco?  O autoritarismo é o que o PT fez no Brasil nos últimos anos. Acabou com o Brasil, tirou emprego de milhões e milhões de brasileiros. 

O senhor assume um risco nessa decisão de apoiar Bolsonaro, de o pacote oferecido na campanha não ser entregue depois da eleição?  Não vejo. Não vai ser um processo autoritário e vai cumprir a posição liberal que ele tem defendido.

Como responde às críticas de que Dora traiu Alckmin? Não vejo traição, zero. Vejo traição por parte de algumas figuras do PSDB como Paulo Barbosa, que trabalham a serviço do candidato da esquerda socialista para tentar destruir a nossa candidatura para o governo de São Paulo.

As expulsões de críticos de Doria são consideradas por grupos no PSDB como uma atitude que segrega, em vez de agregar. O senhor as considera justificáveis?  Totalmente. Não vejo condição de essas pessoas que tentam desconstruir a nossa candidatura ajudarem a construir um partido melhor. Eles estão a serviço de uma candidatura de esquerda, não servem para estar no PSDB. 

O que Doria pode oferecer que não foi feito pelo PSDB em 24 anos? Ampliar o Corujão da Saúde para o interior e o litoral, o trem intercidades, melhorar a logística urbana. Fazer uma política mais dura na segurança pública, colocar bandido na cadeia. A discussão sobre a privatização do sistema carcerário é extremamente importante. Colocar preso pra trabalhar é extremamente importante. O preso tem que pagar a sua conta. Pontos como esses eu gostaria de elencar.

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