Descrição de chapéu Eleições 2018 Debates

Doria faz dobradinha com candidato de Bolsonaro em debate em SP

Tucano usou discurso antipetista para revidar ataques de outros postulantes ao Palácio dos Bandeirantes

São Paulo

O último debate entre candidatos ao governo de São Paulo antes do primeiro turno, promovido pela TV Globo nesta terça (2), ficou marcado pela dobradinha entre os candidatos João Doria (PSDB) e Rodrigo Tavares, do PRTB - partido coligado nacionalmente com o PSL de Jair Bolsonaro, que lidera a disputa presidencial.

Doria e Tavares escolheram um ao outro em cinco momentos, quando debateram sobre segurança pública, saúde, educação e tratamento de dependentes químicos.

“Rodrigo, como você vê, o pessoal gosta de você aqui e a audiência também deve estar feliz”, afirmou o tucano, após a quinta vez que debateu com Tavares.

Enquanto o tucano priorizou uma abordagem amistosa a Tavares, o postulante do PRTB aproveitou para se colocar como “candidato do Bolsonaro” em São Paulo e não deixou de alfinetar os governos tucanos no estado. “Infelizmente o PSDB desmontou a segurança pública no estado”, disse.

Com um discurso incisivo na questão da segurança, Doria —que usou gravata, ao contrário de debates anteriores— procura se aproxima de eleitores do capitão reformado —o chamado voto “Bolsodoria”.

Discurso antipetista

Doria voltou também a trocar farpas com Márcio França, com quem antagonizou no debate anterior, promovido pela TV Record. O candidato do PSB inicialmente questionou Doria sobre uma declaração dele de que a PM, caso ele fosse eleito, atiraria para matar. O tucano respondeu que não foi essa a colocação que fez e afirmou “que morra o bandido, e não o cidadão de bem ou o policial”.

França afirmou que não acreditava no que Doria dizia e que ele seguia seus marqueteiros. “Tudo na sua campanha parece para mim uma proposta de marketing”, disse. Doria começou a se manifestar durante a réplica do pessebista —que disse que o ex-prefeito gostava de só ele mandar e reclamou que ele falava fora do seu tempo adequado.

França afirmou que Doria brincou com sua saúde, ao exibir um vídeo em que ele aparecia obeso, ao lado de Lula. O tucano rebateu: disse que não era sobre a saúde de França, mas sobre as relações do pessebista com o PT.

Doria afirmou que França foi líder do governo Lula, o que atual governador negou no microfone.

O tucano também usou o discurso antipetista para revidar críticas de outros rivais –Luiz Marinho (PT), Marcelo Candido (PDT) e Professora Lisete (PSOL), que teceram críticas às gestões do PSDB no estado. Tanto Lisete quanto Candido já foram filiados ao PT no passado.

Fora dos grandes embates, Skaf procurou dar ênfase à própria trajetória e prometeu não privatizar a Sabesp, procurando se contrapor a Doria.

Nas considerações finais, Doria e Skaf não citaram os presidenciáveis de suas chapas —respectivamente, Geraldo Alckmin (PSDB) e Henrique Meirelles (MDB). Marinho, Cândido, Lisete e Tavares o fizeram. Márcio França, do PSB, ficou neutro na disputa nacional.

Em entrevista a jornalistas na saída do debate, Doria negou que tenha feito dobradinha com Tavares. “Minha dobradinha é Doria-Alckmin, é em Geraldo Alckmin que estarei votando nesse domingo”.

Questionado se num segundo turno entre Haddad (PT) e Bolsonaro (PSL) apoiaria, por essa lógica, o capitão reformado, o tucano disse que o primeiro turno ainda não acabou, mas não negou explicitamente um eventual apoio a Bolsonaro.

“Tudo a seu tempo. Estamos ainda no primeiro turno. Domingo dia 7 voto Geraldo Alckmin.”

Bastidores

Os embates também ocorreram nos bastidores. O atual prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), convidado de Doria, ironizou França quando este escolheu Marcelo Candido para debater.

Tucanos também chiaram quando França por engano chamou Rodrigo Tavares de “Marcelo”. Já os apoiadores do governador retribuíram a ironia quando Doria escolhia o candidato de Bolsonaro para debater.

O ex-governador de São Paulo Alberto Goldman, embora filiado ao PSDB estava entre os convidados de Skaf, trazendo na lapela adesivos do emedebista e de Geraldo Alckmin. Ele disse que “por motivos óbvios” não votará em Doria.

Em diversos momentos o mediador do debate, César Tralli, precisou pedir silêncio à plateia.

Segundo o último Datafolha, o tucano e o emedebista estão tecnicamente empatados (25% a 22%), considerando a margem de erro de dois pontos percentuais. No entanto, França vem crescendo a cada levantamento, o que deixa a disputa ainda mais aberta.

Rodrigo Borges Delfim, Catia Seabra e Gabriela Sá Pessoa

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.