Descrição de chapéu Eleições 2018

Eleito no RS se lançou sem padrinhos políticos e virou aposta do PSDB nacional

Eduardo Leite venceu disputa com o emedebista José Ivo Sartori

O tucano Eduardo Leite, durante ato de campanha no Rio Grande do Sul
O tucano Eduardo Leite, durante ato de campanha no Rio Grande do Sul - Reprodução Facebook
Felipe Bächtold
Porto Alegre

O novo governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, 33, eleito neste domingo (28), foi lançado ao cargo mesmo estando longe de ser um protagonista na política local.

Prefeito de Pelotas de 2013 a 2016, ele se projetou como terceira via entre o PT, que é muito rejeitado no estado nos últimos anos, e a candidatura à reeleição do emedebista José Ivo Sartori.

Na política desde os 19 anos, ele se diferencia de políticos jovens por não ter sido projetado por padrinhos políticos ou por familiares. O pai é advogado e concorreu a prefeito uma vez pelo PSDB, mas não tem mais atuação partidária. A mãe é professora de ciências políticas.

"Ninguém me colocou na política. Surgiu como um gosto para mim. Talvez o ambiente em casa me tenha feito despertar", disse à Folha na última sexta-feira (26).

Ao ser questionado na ocasião sobre uma figura política de referência em sua trajetória, respondeu: "Pode ser uma pessoa que já tenha morrido? Eu diria Mário Covas. Tinha um espírito de execução, de enfrentamento de temas e ao mesmo tempo de sensibilidade social".

Quando fala de sua carreira precoce, Leite diz que é novo, "mas não um novato", e lista os cargos que já exerceu: vereador, secretário municipal e presidente da Câmara de Pelotas.

Em 2016, na reta final de seu mandato em seu município natal, decidiu não concorrer novamente, segundo aliados, por ser contra à reeleição.

Mesmo fora das urnas naquele ano, se fortaleceu ao eleger à prefeitura sua vice em primeiro turno. No ano seguinte, ganhou mais relevância na política local ao assumir, aos 32 anos, o comando do PSDB gaúcho, que vivia em racha interno.

Um momento decisivo para sua candidatura ocorreu nas vésperas do prazo do registro, em agosto, quando o PP retirou da disputa o pré-candidato Luis Carlos Heinze por causa da aliança que levou a senadora Ana Amélia Lemos a ser vice na chapa de Geraldo Alckmin na disputa nacional. 

Além de ter um concorrente a menos em seu campo político, o PSDB ampliou seu espaço no horário eleitoral com o apoio. Leite começou a campanha com 8% de intenções de voto em pesquisa Ibope, mas o cenário dava mostras de ser muito volátil.

O jovem tucano virou uma aposta do PSDB nacional. Foi um dos candidatos que mais receberam recursos de campanha do partido, com R$ 3,5 milhões até agora. 

Ele também obteve financiamento de empresários parentes do senador cearense Tasso Jereissati, ex-presidente do partido, que contribuíram ao todo com R$ 200 mil.

Com o passar da campanha, foi polarizando a disputa com Sartori, 70, antigo aliado tucano. O PSDB ocupou cargos no governo estadual até menos de um ano atrás, mas o candidato tucano passou a insistir no discurso de falta de iniciativa da gestão do emedebista. 

Criticou o que chamou de acomodação diante da grave crise financeira e disse que o estado precisa ampliar seu caixa revendo benefícios e combatendo a sonegação. Também acusou integrantes "com altos salários" no governo de espalhar notícias falsas e boatos a seu respeito e pediu investigação à Promotoria Eleitoral na quinta-feira (25).

Agora eleito, ele precisará encarar problemas que minaram a popularidade de seu adversário: o projeto de lei orçamentária para 2019 inclui um rombo de R$ 7,4 bilhões. 

O estado tem ainda dívida equivalente a mais de duas vezes o total da receita anual, a segunda mais alta do país, e uma despesa com pessoal que chega a consumir 77% dos recursos. 

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