De Maquiavel a Guerra nas Estrelas, eleitores de Fernando Haddad (PT) levaram livros às urnas de Belo Horizonte para fazer frente à divulgação de imagens, no primeiro turno, que mostravam apoiadores Jair Bolsonaro (PSL) votando no rival do petista com armas em punho.
Foi o caso, por exemplo, do gestor público Thiago Pena, 33, que saiu de casa com a biografia do guerrilheiro Carlos Marighella, do escritor e jornalista Mário Magalhães. "Essa é a arma que a gente tem", disse ele, que também teve um motivo pessoal para a escolha: na década de 1960, o avô dele, Antonio Ribeiro Penna, deu refúgio na própria casa a Marighella, então perseguido pela ditadura militar.
"Defender a nossa democracia é necessário para que gente não sofra um novo ataque, para a gente não reviver o que sofremos", afirmou Thiago, que votou acompanhado do irmão, João Carlos Pena, 34.
A escolha do professor universitário, por sua vez, foi "Star Wars – O Caminho Jedi", de Daniel Wallace. "Porque somos a resistência", justificou João. "O livro informa, e a violencia desinforma".
O estudante de história Aílton Júnior, 20, votou com o livro Hitler, de Ian Kershaw. "Trouxe o livro seguindo a campanha de quem vai votar no professor", disse em referência a Haddad. "Para mudar o país é preciso educação e livros e armamento", completou.
O estudante traça um paralelo entre a ascensão da direita na Alemanha, retratada no livro, e a situação do país.
"O discurso do Bolsonaro sobre as minorias, de ameaça, estava presente em Hitler também".
"O Príncipe", de Maquiavel, foi a escolha aparentemente inusitada de Danilo Silva Santos, 31. "Em momento nenhum, Maquiavel é maquiavélico. Pelo contrário. Ele nos leva a pensar para decidirmos o que queremos para uma sociedade melhor. Segundo ele, é preciso governar para todos. Neste caso, entendo que Haddad governará para todos: ricos, pobres, negros, gays, LGBT, todos esses grupos", afirmou Danilo.
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