O ex-prefeito Eduardo Paes (DEM), candidato ao governo do Rio de Janeiro, intensificou nesta quarta-feira (17) a tentativa de se aproximar das propostas do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), ao mesmo tempo em que tenta distanciar o ex-juiz Wilson WItzel (PSC) do capitão reformado.
Em debate promovido pelo jornal O Globo, Paes manteve declaração de neutralidade na eleição presidencial. Porém, afirmou ter afinidade com a agenda de segurança pública e economia de Bolsonaro, sem citar qualquer ponto de proximidade com Fernando Haddad (PT).
“O deputado Jair Bolsonaro tem uma agenda importante no campo da segurança pública. É relevante para o Rio de Janeiro, faz com que a gente avance muito mais. Tenho uma identidade maior nesse campo. A agenda Paulo Guedes [economista ligado a Bolsonaro] tem mais daquilo que acredito na vida pública, pró-concessões, PPPs. Tenho uma identidade maior com a agenda do Bolsonaro. Mas tenho independência suficiente para trabalhar pelo estado”, afirmou Paes.
Além disso, após dez anos, o candidato do DEM voltou a mencionar como um ativo o fato de ter sido o relator da CPI dos Correios, que investigou o mensalão. Paes havia deixado de lado esse ponto do currículo em 2008, em sua primeira disputa eleitoral na capital do Rio de Janeiro, quando se aproximou do ex-presidente Lula.
“Quem desvendou o esquema do mensalão, o esquema do carequinha Marcos Valério fui eu”, disse Paes.
Witzel chegou ao segundo turno com 41,28% dos votos válidos embalado na última semana com a associação ao senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL), filho do presidenciável do PSL. O ex-juiz manteve, ao longo do debate, um comportamento apenas defensivo, com pequenos ataques.
“Temos [com Jair Bolsonaro] uma relação de longa data. As ideias que nos alinhamos. Você é conhecido das páginas policiais, das delações, da ciclovia que caiu”, disse o candidato do PSC.
Paes, surpreendido com ascensão do adversário, buscou a todo momento distanciar o adversário do capitão reformado. Ele chegou ao segundo turno com 19,58% dos votos válidos, embora tenha liderado as pesquisas de intenção de voto em todo o primeiro turno.
“Convivo com eles [família Bolsonaro] há muitos anos. Ele nem te conhece. Você foi na aba dos filhos deles, e ele mandou a garotada ficar quieta. Mostrou um espírito democrático ao dizer que está neutro, para que discutamos o Rio de Janeiro”, disse o ex-prefeito.
Ambos buscaram explorar alianças atuais e passadas do adversário para se atacar mutuamente.
“Cabral está pedindo voto para você na cadeia”, disse o ex-juiz.
“Você tem apoio do prefeito [Marcelo] Crivella, que é a mistura da incompetência com insensibilidade”, disse Paes.
Witzel também buscou associar Paes aos casos de corrupção protagonizados pelo ex-secretário de Obras Alexandre Pinto.
Em depoimento, o réu confesso afirmou que o ex-prefeito organizava a fraude a licitações de grandes obras. Disse também ter ouvido um relato de que o candidato do DEM recebia propina.
“Você deixou um rastro de corrupção na prefeitura”, afirmou o candidato do PSC.
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