Duas horas antes do debate promovido pelo SBT, marcado para as 18h10 desta terça (23), Romeu Zema (Novo) informou que não iria participar. Seu adversário, Antonio Anastasia (PSDB) compareceu e foi entrevistado durante uma hora, sem que houvesse contagem de tempo para suas respostas.
O candidato tucano, senador e ex-governador, afirmou que a falta era mais uma das contradições de Zema, que é empresário e concorre pela primeira vez. "No primeiro turno ele reclamou de não participar dos debates e agora, quando tem a possibilidade, falta. Está fugindo da raia."
“Talvez Zema esteja temeroso em razão dos debates anteriores, quando mostramos incongruências e aberrações do seu programa de governo”, alfinetou o tucano. Os dois candidatos participaram na semana passada de debates promovidos pela Bandeirantes e pela Record.
No último encontro, no sábado (20), na Record, Zema teve que admitir algumas vezes que estava revendo o seu programa de governo ao ser questionado por Anastasia sobre suas propostas.
O candidato do Novo também não vai participar do debate da rádio CBN, previsto para quarta (24) pela manhã, e nem esteve presente em debate para um público de 400 prefeitos nesta segunda (22), organizado pela Associação Mineira de Municípios. Na ocasião, somente Anastasia respondeu a perguntas.
Zema afirmou, porém, que comparecerá ao debate da Rede Globo, na quinta (25). Em nota, justificou a ausência: “Após ter participado neste segundo turno dos debates transmitidos pela TV Band, Rádio Band, TV Record e Rádio Super Notícia, nesta última semana de campanha ampliarei o contato direto com os eleitores através de visitas e reuniões nas diversas regiões de nosso estado”.
Zema, no entanto, estava em Belo Horizonte nesta terça e participou de reunião no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de Minas Gerais durante a tarde.
O SBT informou que uma resolução do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) permite que, em caso de ausência de um dos candidatos, o outro seja entrevistado no horário dedicado à exibição do debate.
Anastasia aproveitou a ocasião para criticar a ausência de Zema. “Quero lamentar muito a ausência do concorrente. É um desrespeito ao eleitor que tem direito a saber das propostas”, disse.
Segundo Anastasia, Zema apresenta “propostas divorciadas de sua execução”. O tucano insistiu, como vem fazendo em suas propagandas, que o eleitor compare as propostas e trajetórias dos candidatos.
“Tenho mostrado muitas contradições dele. É um programa revisto todos os dias. [...] Ele diz A, depois B e C, o que revela seu despreparo e desconhecimento.”
O tucano afirmou ainda que as práticas de Zema mostram que ele não é novo. “Ele abandonou seu candidato presidencial ainda no primeiro turno, fez alianças com políticos da velha política, integrou um dos partidos mais tradicionais, o PR, que integra o centrão”, listou.
A Folha revelou nesta terça que Zema foi filiado ao PR por mais de 18 anos, antes de entrar para o Novo em janeiro deste ano, embora seu discurso do empresário seja de que nunca se envolveu com a política.
O tucano afirmou que Zema não cumpriu o compromisso assumido de ir ao debate e deu a entender que ele não cumprirá promessas de governo.
Pesquisa Ibope desta terça (23) mostra Zema com 67% dos votos válidos contra 33% de Anastasia.
Anastasia lembrou ainda que o estado vive profunda crise fiscal e estimou um déficit de R$ 25 bilhões. Segundo o tucano, é necessário alguém com experiência em gestão pública para lidar com a crise. “O momento atual não permite novidade em termos de despreparo, inexperiência. Despreparo para Minas é um veneno”, disse.
O déficit previsto para o ano que vem é de R$ 11,4 bilhões, mas o tucano diz haver dívidas não contabilizadas. Para lidar com o problema promete cortar despesas “no osso, no tutano”, como reduzir secretarias e cargos de indicação política. Também quer renegociar a dívida com a União e obter ressarcimentos pela Lei Kandir.
O candidato também afirmou ser contra privatizar empresas estatais, o que já foi defendido por Zema, mas o empresário voltou atrás.
PERGUNTAS
No primeiro bloco do debate, Anastasia respondeu a perguntas de jornalistas do SBT e do jornal Estado de Minas. No segundo bloco, respondeu sobre temas sorteados pelo mediador e, no terceiro, fez suas considerações finais.
No segundo turno, Anastasia não declarou apoio a Jair Bolsonaro (PSL) e nem a Fernando Haddad (PT). Ele foi questionado sobre não ver diferença entre ambos ou se a neutralidade era uma estratégia para não perder votos.
“Não é estratégia eleitoral, é estratégia institucional. É uma posição de independência, seja quem for o presidente, terá que respeitar Minas”, respondeu o candidato.
Questionado sobre como atrair votos dos eleitores do PT, já que o governador Fernando Pimentel (PT) ficou em terceiro, com 23% dos votos, Anastasia generalizou e disse que busca os votos de todos os eleitores, inclusive os que votaram em adversários no primeiro turno.
Anastasia também defendeu a classe política, dizendo que entrou pela política pela porta técnica e que o gestor precisa aliar a política e a técnica em administração pública.
“Dou razão aos eleitores desanimados com a política, depois de tantos escândalos e desvios. Apoio todas as investigações para todos que fizeram malfeito respondam por isso. Mas a política é uma função humana. Não pode demonizar toda a política, o que leva a abominação da democracia, que é fundamental”, afirmou.
Anastasia apresentou propostas de saúde, sistema prisional, além de falar em parcerias com a União para melhorar o metrô, a BR 381 e o anel rodoviário. Prometeu ainda incentivos fiscais para atrair empresas ao estado e não começar novas obras antes de retomar as paradas, como as obras de hospitais regionais.
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