Descrição de chapéu Eleições 2018

Em palestra, Bernie Sanders diz que Bolsonaro explora medo para 'ganhar e manter poder'

Para o senador, o combate ao autoritarismo se dará através de um movimento democrático voltado aos trabalhadores

Júlia Zaremba
Washington

O senador americano Bernie Sanders, que assinou uma carta em julho deste ano criticando o julgamento do ex-presidente Lula, afirmou que o candidato à presidência pelo PSL Jair Bolsonaro é um exemplo de demagogo que explora o medo e o sofrimento das pessoas "para ganhar e manter o poder." 

"Bolsonaro tem um longo histórico de ataques contra imigrantes, minorias, mulheres e a população LGBT. Bolsonaro, que disse adorar Donald Trump, exaltou a ditadura militar brasileira e afirmou, entre outras coisas, que, para lidar com o crime, a polícia deveria ser autorizada a atirar em mais criminosos", afirmou o senador. 

Senador Bernie Sanders
Senador Bernie Sanders - José Luis Magana/AP

"Essa é a pessoa que poderá em breve liderar o quinto país mais populoso e a nona maior economia do mundo." 

O discurso foi feito nesta terça (9), durante um evento realizado pela SAIS (Escola de Estudos Internacionais Avançados) da Universidade Johns Hopkins, em Washington.

A proposta era discutir como construir um movimento democrático global para combater o autoritarismo.

 Sanders também afirmou para a plateia que Lula, "o político mais popular" do país, está preso por causa de "alegações altamente questionáveis".

O ex-presidente, preso desde abril deste ano, foi condenado pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro e é réu em outros seis processos. 

Para o senador, o mundo assiste à ascensão de um novo eixo autoritário, patrocinado por líderes como Bolsonaro, Donald Trump, o russo Vladimir Putin, o filipino Rodrigo Duterte e o turco Recep Tayyip Erdogan.

Apesar de se diferenciarem em alguns aspectos, compartilham características como "a intolerância em relação a minorias étnicas e religiosas, a hostilidade às normas democráticas, o antagonismo em relação à imprensa livre e a constante paranoia sobre conspirações estrangeiras", segundo ele.

O fato de o presidente da "democracia mais antiga e poderosa" do mundo desrespeitar normas democráticas e atacar a imprensa e o Judiciário estaria inspirando outros líderes com tendências autoritárias a fazerem o mesmo.

A solução para combater o autoritarismo, diz Sanders, é criar um "forte movimento progressista global" que atenda às necessidades dos trabalhadores e que reconheça que os problemas que o mundo enfrenta são fruto de um "status quo falido".

"Precisamos de um movimento que una pessoas ao redor do mundo que não buscam voltar a um passado romantizado, o qual não funcionou para muitos, mas que lutam por algo melhor."

A carta assinada por Bernie Sanders, pré-candidato à Presidência dos Estados Unidos em 2016, e outros 28 congressistas americanos foi escrita após a prisão de Lula e a morte da vereadora e ativista Marielle Franco, no Rio de Janeiro. 

O documento, enviado ao governo brasileiro, denunciava a "intensificação do ataque à democracia e aos direitos humanos no Brasil" e pedia a liberdade de Lula e uma investigação internacional para o caso de Marielle. 

 
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