Descrição de chapéu Eleições 2018

Entidades cobram de candidatos que condenem intimidação de jornalistas

Nota destaca importância da liberdade de expressão para garantir democracia no país

Logotipo do aplicativo WhatsApp
Logotipo do aplicativo WhatsApp - Thomas White - 3.ago.2017/Reuters
São Paulo

Entidades ligadas a imprensa e defesa de direitos humanos se uniram para cobrar dos presidenciáveis Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) que condenem “de forma contundente” as ameaças e atos de violência contra jornalistas que cobrem a campanha eleitoral. 

A nota divulgada nesta quinta-feira (25) é assinada pelas organizações Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), Artigo 19, CPJ (Comitê para a Proteção dos Jornalistas), Human Rights Watch, RSF (Repórteres sem Fronteiras) e Conectas Direitos Humanos.

“A fim de demonstrar comprometimento com a preservação da democracia, ambos os candidatos devem condenar qualquer ameaça ou ataque contra jornalistas por fazerem seu trabalho e devem se abster de qualquer discurso que incite a violência”, afirma o presidente da Abraji, Daniel Bramatti.

A Abraji registrou 141 casos de ameaças e violência contra jornalistas que cobriam as eleições. A maioria deles é atribuída a partidários de Bolsonaro, enquanto o restante é atribuído a apoiadores do Partido dos Trabalhadores (PT).

O texto lembra que na terça-feira (23) a Folha entrou com uma representação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) solicitando à Polícia Federal que instaure inquérito para apurar ameaças contra a jornalista Patrícia Campos Mello após a publicação da reportagem "Empresários bancam campanha contra o PT pelo WhatsApp" e o diretor-executivo do Datafolha, Mauro Paulino. 

De sexta-feira (19), dia seguinte à publicação, até terça (23), um dos números de WhatsApp mantidos pelo jornal recebeu mais de 220 mil mensagens de cerca de 50 mil contas do aplicativo.

“As ameaças contra Patrícia Campos Mello e outros jornalistas representam uma escalada alarmante da retórica contra a imprensa neste ciclo eleitoral contencioso no Brasil", disse a coordenadora do programa do CPJ para a América Central e do Sul, Natalie Southwick. 

Southwick também cobra o posicionamento dos candidatos e o respeito à liberdade de imprensa.

“Os jornalistas que cobrem a eleição presidencial no Brasil devem poder trabalhar livremente e com segurança enquanto fazem reportagens sobre questões de interesse público. Pedimos aos candidatos de todos os partidos que respeitem a liberdade de imprensa, se abstenham de fazer declarações inflamatórias contra a mídia, e exortem seus partidários a parar de assediar e ameaçar jornalistas”, declarou.

A diretora executiva da Conectas Direitos Humanos, Juana Kweitel, classifica as ameaças como inaceitáveis. "Elas devem ser investigadas e todos os envolvidos devem ser responsabilizados a fim de proteger o jornalismo responsável, investigativo e independente”, disse. 

Segundo a organização Artigo 19, os ataques contra jornalistas mulheres frequentemente incluem violências de gênero, incluindo assédio sexual online e ameaças de violência sexual. A  diretora executiva em exercício para a América do Sul, Laura Tresta defendeu o respeito à liberdade de expressão para garantir a democracia no país.

“É inaceitável que pessoas sejam intimidadas ou atacadas em razão de seu trabalho ou opinião política. Isso tem um efeito perturbador para toda a sociedade. Precisamos de maior liberdade de expressão para nutrir nossas instituições democráticas”, disse.

Para o diretor regional para a América Latina da RSF, Emmanuel Colombié, os ataques de apoiadores de candidatos contra a imprensa “são inaceitáveis e indignos de qualquer partido político que almeja governar o país”. 

“O discurso de ódio e campanhas de desinformação estão exacerbando as tensões na sociedade já altamente polarizada no Brasil”, afirma.

A diretora da Human Rights Watch no Brasil, Maria Laura Canineu, afirma que qualquer pessoa pode discordar de uma reportagem, porém “ameaçar o jornalista e incitar outros a fazer o mesmo não só põe em perigo a segurança pessoal dos jornalistas, mas prejudica a liberdade de expressão e a democracia”

Segundo ela, os candidatos à presidência “devem defender o direito dos jornalistas de informar o público e o direito do público de ser informado”.

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