Descrição de chapéu Eleições 2018

Ex-juiz Witzel ameaça continuísmo de 20 anos nas eleições do Rio de Janeiro

Azarão, que disputa governo com Eduardo Paes, chegou ao segundo turno sem sofrer ataques

Rio de Janeiro

Um problema de saúde foi a principal razão para o então governador do Rio de Janeiro Marcello Alencar (PSDB) desistir de tentar a reeleição em 1998. Naquele ano, os fluminenses elegeram Anthony Garotinho, à época no PDT, última vez em que romperam com o grupo vencedor do pleito anterior.

Vinte anos depois, o ex-juiz Wilson Witzel (PSC) é o primeiro candidato com chances reais de dar nova guinada na política do estado. Ele enfrenta o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM), crítico —mas aliado— do atual governador Luiz Fernando Pezão (MDB).

Embalado pelo sucesso do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), Witzel conseguiu atrair os eleitores do capitão reformado. Isso lhe garantiu a dianteira nas intenções de votos válidos, com 56% de acordo com pesquisa divulgada na quinta-feira (25) pelo Datafolha. Paes agora está com 44% das intenções de votos válidos.

Witzel chegou ao segundo turno sem sofrer ataques. Até a última semana de setembro, amargava um dígito nas pesquisas, motivo pelo qual era praticamente ignorado. A arrancada —impulsionada pela associação com o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL)— o levou a 41% dos votos válidos no dia 7.

Desde então, o ex-juiz passou a ser alvo de escrutínio público. Foram revelados o uso de penduricalhos quando esteve no Judiciário —Poder que deixou em março—, sua associação com fornecedores do estado por meio de escritórios de advocacia, além do envolvimento com um acusado de auxiliar na fuga do traficante Nem da Rocinha.

O candidato do PSC minimizou os questionamentos de que fora alvo. Resumiu a certeza na vitória ao desejo de renovação do eleitorado.

“Sou um cidadão como a maioria, indignada. Essa minha indignação vem mostrando que é uma luta do bem contra o mal. O eleitor vê a renovação na política como uma necessidade”, disse Witzel.

Paes viveu uma experiência inédita em sua carreira política ao aparecer como um azarão no segundo turno. Buscou comparar o ex-juiz ao prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), apontando-o como uma pessoa sem experiência.

“Não é possível as pessoas escolherem alguém que não dê respostas consistentes sobre nada”, disse o ex-prefeito, que também passou a disputar quem tinha maior proximidade com Bolsonaro, embora nunca tenha declarado voto no capitão reformado.

O candidato do DEM deixou o MDB em março, a fim de tentar se desvincular de Cabral e de Pezão. Sua eventual derrota interromperia um ciclo de continuísmo iniciado com Garotinho em 1998.

O ex-governador elegeu quatro anos depois a mulher, Rosinha Garotinho, à época no PSB. Ambos foram para o MDB, sigla em que apoiaram Cabral na eleição de 2006. O casal rompeu com o recém-eleito ainda na transição e se tornou seu principal rival.

Reeleito em 2010, o emedebista sumiu da campanha de Pezão em 2014, que foi vitorioso. Paes também manteve o atual governador distante, fazendo críticas abertas a ele. Ainda assim, teve seu apoio.

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