Rodrigo tinha 17 anos quando, na noite de 16 de dezembro de 1998, pistoleiros invadiram a casa da sua tia e mataram seu pai e sua mãe, a então deputada federal recém-reeleita Ceci Cunha (PSDB-AL). O crime teria sido encomendado pelo primeiro suplente, Talvane Albuquerque, que ocuparia a vaga de Ceci na Câmara dos Deputados. Neste domingo (7), Rodrigo Cunha (PSDB), agora com 37 anos, deve ser eleito senador por Alagoas.
O tucano aparece na liderança das últimas pesquisas de intenção de voto, à frente até do senador Renan Calheiros (MDB), que disputa a reeleição.
A coligação de Cunha, que envolve os principais partidos de oposição ao governador e candidato à reeleição Renan Filho (MDB), como PP e DEM, havia lançado Fernando Collor (PTC) como candidato ao Executivo.
O ex-presidente terminou desistindo da candidatura, mas mesmo no período em que esteve na disputa, não teve o apoio de Cunha, que, embora integrasse a mesma coligação, não pedia votos para Collor.
A obrigação de manter-se coligado com pessoas que não o representam, conforme disse à reportagem, é fruto de um sistema político ultrapassado.
Sistema esse que, em 2014, o impulsionou a entrar na política ("para mudar a situação por dentro"), quando se candidatou a deputado estadual —tornando-se o mais votado de Alagoas.
"Isso que estou passando mostra a necessidade de se fazer uma reforma política", disse Cunha à reportagem.
Com a disputa pelo governo praticamente definida —após a desistência de Collor, Renan Filho deve ser eleito no primeiro turno, sem grandes dificuldades—, a briga pelo Senado é que tem roubado a atenção na reta final da eleição alagoana.
Cunha e Calheiros aparecem na liderança das últimas pesquisas e são considerados favoritos para ocupar as duas cadeiras que estão em jogo, mas têm dois fortes adversários: o senador Benedito de Lira (PP), que tenta a reeleição, e o deputado e ex-ministro dos Transportes Maurício Quintella (PR).
Pesquisa Ibope divulgada nesta sexta (5) aponta Cunha com 33% dos votos válidos, contra 27% de Renan, 15% de Mauricio Quintella e 14% de Benedito de Lira. O levantamento, encomendado pela TV Gazeta de Alagoas e realizado entre os dias 3 a 5 de outubro com 812 eleitores, tem margem de erro de três pontos percentuais e índice de confiança de 95%. Está registrado no TSE sob o número BR-09265/2018.
SUPLENTE FOI CONDENADO A 103 ANOS
A deputada Ceci Cunha foi morta em Maceió, quando estava na casa de sua irmã, horas depois de ser diplomada deputada para um novo mandato.
Ela, seu marido, Juvenal Cunha, o cunhado Iran Maranhão e a mãe dele, Ítala Maranhão, estavam sentados na varanda da casa quando os pistoleiros entraram e assassinaram os quatro.
O ex-deputado Talvane Albuquerque foi condenado em janeiro de 2012 a 103 anos e quatro meses de prisão. Ele era o primeiro suplente da coligação da deputada. O Tribunal do Júri entendeu que ele encomendou o crime com o objetivo de assumir o mandato dela. Ele, que continua preso, sempre negou o crime.
Outros quatro réus também foram condenados pela autoria material.
Talvane chegou a tomar posse na Câmara, mas foi cassado.
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