Descrição de chapéu Eleições 2018

França arranca na reta final, passa Skaf e disputa 2º turno com Doria em SP

Com 31,8%, tucano larga na frente e pela primeira vez desde 2002 estado tem novo pleito

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João Doria (PSDB) e Márcio França (PSB), que vão disputar o segundo turno da eleição para o governo de São Paulo
João Doria (PSDB) e Márcio França (PSB), que vão disputar o segundo turno da eleição para o governo de São Paulo - Zanone Fraissat e Jardiel Carvalho/Folhapress
São Paulo

O segundo turno da eleição para o governo de São Paulo será disputado entre João Doria (PSDB) e Márcio França (PSB), segundo projeção do Datafolha.

Às 21h30 deste domingo (7), com 98,28% das urnas apuradas, Doria liderava com 31,8%, seguido de França, com 21,5%.

Paulo Skaf (MDB), que disputou voto a voto com França, estava com 21,1%, em terceiro lugar. Ele passou boa parte da apuração à frente de França.

A diferença entre o emedebista e o pessebista foi de cerca de 70 mil votos. São Paulo tem mais de 33 milhões de eleitores.

Doria já tinha 6.318.710 votos, contra 4.272.706 de França e 4.202.013 votos de Skaf.

Com crescimento acentuado nos últimos dias sobre indecisos e fazendo campanha por um voto útil de centro-esquerda contra um segundo turno entre Doria e Skaf, o governador conseguiu superar o candidato do MDB.

França assumiu o governo em abril após Alckmin deixar o cargo para disputar a Presidência da República.

A virada de França sobre Skaf foi recebida em clima de festa por seus apoiadores.

O relógio marcava 18h45 quando um homem entrou no salão do Palácio do Trabalhador, sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, na capital, e gritou: "Ele passou!".

Foi o início de uma comemoração como a de um gol decisivo no último minuto.

Faltando pouco mais de 20% das urnas a serem apuradas, o governador havia acabado de assumir o segundo lugar na disputa estadual.

Por volta das 20h45, rojões marcavam a comemoração do time de França.

"São Paulo avança, governador é Márcio França", cantavam os militantes.

O governador assistiu à apuração no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. Só iria mais tarde para o sindicato encontrar a militância e conceder entrevista.

Antes de comemorar, o atual governador, candidato à reeleição, foi à casa de Alckmin, para cumprimentá-lo. O tucano ficou em quarto lugar na disputa presidencial.

Enquanto França se apresenta no campo da centro-esquerda, Doria já se colocou à direita.
Na noite de ontem, o tucano anunciou apoio a Jair Bolsonaro (PSL).

Ele concedeu entrevista coletiva no início da noite no Clube Homs, na avenida Paulista, onde foi recebido pela militância.

“A partir de amanhã às 7h30 serei um guerreiro intransigente contra o PT. Nós vamos apoiar Jair Bolsonaro”, disse.

O tucano disse que, além do antipetismo, a questão econômica é um dos pontos de convergência com Bolsonaro.

“A proposta econômica do candidato Bolsonaro elaborada pelo economista Paulo Guedes é muito bem estruturada, defendendo o liberalismo, os mesmos princípios que defendo aqui em São Paulo”, disse.

Doria afirmou que o apoio a Bolsonaro é seu, não do PSDB.

Em discurso voltado a correligionários ele também elogiou Alckmin e o chamou de “um guerreiro”. “Sempre será um grande líder do PSDB”, disse.

Doria também atacou França, a quem chamou de “Márcio Cuba” e definiu como um genérico do PT.

O tucano ainda fez acenos para Skaf. “Não nego que tenho relações pessoais com Paulo Skaf e mantenho relações cordiais.”

“A partir de amanhã de manhã, não só o cumprimentarei comk desejarmos ter o apoio do MDB.”

Desde 2002, a eleição de São Paulo não é liquidada em primeiro turno por um tucano.

O resultado confirma a aposta que até mesmo tucanos mais próximos de Doria faziam, contra os prognósticos das primeiras pesquisas eleitorais: França sempre foi visto como um candidato competitivo.

Na visão dos tucanos, ele tinha potencial de angariar votos se revertesse o desconhecimento. Isso porque o pessebista tinha a caneta do governo na mão, com potencial de distribuir cargos e recursos --o que fez neste ano.

Some-se ainda uma ampla coligação com 14 partidos e milhares de candidatos a deputado, que podiam se engajar em sua campanha e espalhar santinhos com o número do PSB.

A constatação do potencial de França baseou uma campanha polarizada a partir dos primeiros ataques de Doria, em abril, apelidando o governador de Márcio Cuba.

Ao longo da campanha, o tucano tentou grudar no governador a imagem de esquerdista --a última tentativa foi um vídeo em que o mostrava obeso, antes de cirurgia bariátrica, ao lado de Lula.

Em 2016, enquanto era vice de Alckmin, o presidenciável tucano que apadrinhou a candidatura de Doria à prefeitura, França atuou ativamente na costura das alianças que ajudaram a eleição no primeiro turno do atual adversário.

Essa base, neste ano, ficou dividida entre os dois.

O desafio de França, segundo seus auxiliares, era superar o desconhecimento.

Já a principal tarefa de Doria, na avaliação de sua equipe, era reverter sua alta rejeição, sobretudo por ter abandonado a prefeitura antes de cumprir o mandato.

Segundo pesquisa Datafolha de quinta-feira (4), 38% dos paulistas e 49% dos paulistanos diziam não votar de jeito nenhum no tucano.

O quarto colocado na disputa pelo estado de São Paulo foi Luiz Marinho (PT), com 12,66% dos votos. Em quinto lugar, ficou Major Costa e Silva (DC), com 3,69%.

Logo em seguida vieram Rogerio Chequer (Novo), com 3,33%, e Rodrigo Tavares (PRTB), com 3,21%.

Pela manhã, os três candidatos mais bem colocados votaram na manhã deste domingo (7) na capital paulista.

Doria começou o dia na Escola Britânica de São Paulo, no Jardim Paulistano, onde votou às 9h15.

Ele negou ter votado para presidente, no postulante do PSDB ao Planalto Geraldo Alckmin, apenas por solidariedade. "Foi um voto de solidariedade, apoio, razão e emoção", afirmou.

O ex-governador de São Paulo ficou em quarto lugar na disputa presidencial.

No colégio, Doria destacou a importância do estado no pleito deste ano.

"São Paulo tem o maior colégio eleitoral do país. Tem um papel muito importante nessa eleição. Hoje é dia de democracia, de defesa dos princípios democráticos."

Após votar, o tucano acompanhou Alckmin.

Pouco antes de Doria, Skaf também havia votado na Escola Britânica. Ele foi acompanhado de filhos e netos.

"Se for a vontade de Deus e a decisão dos eleitores de São Paulo, eu antecipadamente agradeço, qualquer que seja o resultado", afirmou.

França chegou à seção eleitoral da Escola Estadual Ludovina Credidio Peixoto, no Itaim Bibi, às 10 horas.

O atual governador disse que a eleição começou e terminou com a facada no candidato do PSL, Jair Bolsonaro, e comparou o fato com o acidente de avião com o candidato à Presidência da República pelo PSB em 2014, Eduardo Campos.

"Se o Eduardo tivesse sobrevivido ao acidente, ele fatalmente teria ganhado a eleição. É natural pela circunstância de chamar a atenção ao fato. O que aconteceu com a facada foi isso."

O candidato afirmou ainda que torce por um presidente paulista.

"Depois de Rodrigues Alves, mais de 100 anos depois vamos voltar a ter um paulista."

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