Dada as características de cada campanha, teremos um segundo turno muito baseado em ataques e com pouca discussão de propostas, sobretudo de temas econômicos, disse neste domingo (7) Nelson Marconi, assessor econômico da campanha de Ciro Gomes (PDT).
Ciro terminou o primeiro turno na terceira posição, atrás de Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), que seguem para o segundo turno.
Segundo Marconi, Bolsonaro vai ter que se mostrar mais e, com isso, as brigas dentro da equipe devem ficar mais evidentes, com os militares com uma estratégia de desenvolvimento diferente do economista Paulo Guedes.
"O Paulo Guedes tem uma visão bastante liberal que parece não se coadunar com o resto da equipe", diz Marconi. "Vão aparecer contradições, como o economista querendo privatizar tudo e os militares sendo contrários à ideia. Ou o vice querendo acabar com o 13º salário e o Bolsonaro se colocando contra em razão do desgaste."
Do lado de Haddad, Marconi avalia que ele deve tentar ir para o centro se quiser ganhar o segundo turno, mas encontrará resistências no próprio partido, em que há gente que considera pouco relevante a questão fiscal e qualifica como desnecessária a reforma da Previdência.
"Mas conhecendo Haddad, eu apostaria que ele irá mais para o centro", afirma o economista.
CIRO GOMES
Marconi diz que a campanha de Ciro Gomes esperava uma virada que, em sua avaliação, começou a acontecer, mas muito em cima da hora. "Não deu tempo", diz.
Marconi diz ainda que torce para que Haddad não escolha um ministro da Fazenda ligado ao mercado financeiro, como Henrique Meirelles ou Joaquim Levy, mas alguém mais ligado ao setor produtivo.
"Se radicalizar para o lado da esquerda, certamente vai perder".
O apoio a Haddad no segundo turno, diz Marconi, depende de Ciro Gomes.
"Mas com certeza não apoiaremos um candidato fascista como Bolsonaro e tudo o que ele representa."
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