Descrição de chapéu Eleições 2018 Lava Jato

Justiça concede liberdade a Marconi Perillo

Ele foi preso nesta quarta (10) enquanto prestava depoimento à Polícia Federal

Patrícia Pasquini Marcelo Toledo
São Paulo e Ribeirão Preto (SP)

A Justiça concedeu habeas corpus ao ex-governador de Goiás, Marconi Perillo.

Ele foi solto por volta das 16h desta quinta-feira (11) e deixou a sede da superintendência da Polícia Federal em Goiânia, onde passou a noite.

A decisão de soltura é do desembargador Olindo Menezes, da 4ª Turma do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região). 

Perillo foi indiciado por associação criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Marconi foi preso na quarta (10) enquanto prestava depoimento à Polícia Federal sobre a operação Cash Delivery. A oitiva durou cinco horas.

A investigação trata do pagamento de propinas em campanhas eleitorais. 

O advogado dele, Antônio Carlos Almeida, conhecido como Kakay, disse que o inquérito seguirá o rito normal. Ele se mostrou indignado com a prisão. 

Conforme a defesa, não há nenhuma preocupação com os fatos investigados na Cash Delivery e o ex-governador é inocente.

"O novo decreto de prisão é praticamente um 'cópia e cola' de outra decisão de prisão já revogada por determinação do TRF-1”, afirmou o advogado.

"Como adiantamos desde o primeiro momento a prisão era ilegal, arbitrária e infundada, e de certa maneira afrontava outras decisões de liberdade que já foram concedidas nesta mesma operação."  

A defesa informou que tem convicção da inocência de Perillo. "O que pedimos, desde o início, é o respeito às garantias constitucionais. Ninguém está acima da lei. Apoiamos toda e qualquer investigação, mas sem o uso desnecessário de medidas abusivas", diz a defesa.

A defesa do ex-governador afirma que acredita no Judiciário e que uma prisão por fatos supostamente ocorridos em 2010 e 2014, baseada apenas na palavra de delatores, afronta a jurisprudência do STF (Supremo Tribunal Federal).

Ainda de acordo com a defesa, o STF “não admite prisão por fatos que não tenham contemporaneidade”.

O ex-governador de Goias, Marconi Perillo (PSDB)
O ex-governador de Goias, Marconi Perillo (PSDB) - Keiny Andrade - 12.03.2018/Folhapress

Operação Cash Delivery

Em 28 de setembro, a PF deflagrou a operação Cash Delivery para apurar suposto esquema de pagamento de propinas a Perillo e alguns de seus principais aliados.

Em documento obtido pela Folha no dia da operação, a PF informava que só não requereu naquele momento a prisão do ex-governador por causa de restrições da lei eleitoral. Candidatos não podem ser presos entre 15 dias antes e dois dias após o pleito.

A Cash Delivery se baseia em delações premiadas de executivos da Odebrecht na Operção Lava Jato. 

Eles relataram que, em troca de favorecer a empreiteira em contratos no estado, Perillo recebeu R$ 2 milhões em 2010 e R$ 10 milhões em 2014.

Em setembro, a Polícia Federal apreendeu R$ 940 mil em dinheiro na casa de um motorista do ex-tesoureiro de Perillo. 

Perillo disputou a eleição para o Senado no último domingo (7), mas não se elegeu. Ficou em quinto lugar, com 7,55% dos votos dos goianos.

As duas vagas em disputa foram conquistadas por Vanderlan (PP), com 31,35%, e Jorge Kajuru (PRP), com 28,23%.

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