Descrição de chapéu Eleições 2018

Mais votado no primeiro turno, Lima tem respaldo de grupo de comunicação e apoia Bolsonaro

NO AM, apresentador de TV é o representante local da renovação política

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Manaus

No Amazonas, o tsunami da renovação política tem como o maior representante o apresentador de TV Wilson Lima (PSC), 42. Novato nas urnas, surpreendeu ao ser o mais votado no primeiro turno e agora disputa o governo estadual com o atual incumbente, o veteraníssimo Amazonino Mendes (PDT), 78.
 
Sem a bênção dos caciques, o jornalista tem como o maior aliado a Rede Calderaro de Comunicação, conglomerado de 11 empresas que inclui a afiliada local da TV Record e o diário A Crítica, o principal do estado. Em dificuldades financeiras, o grupo tem promovido cortes e atrasado salários de seus funcionários.

O candidato ao governo do AM Wilson Lima (PSC) (dir. de camisa azul) - Divulgação

De 2010 até junho, Lima comandou o “Alô Amazonas”, popular programa policialesco transmitido das 11h às 14h, de segunda a sexta-feira. Em meio a reportagens sobre crimes, criticava a impunidade, fazia merchandising e saía do ar de mãos dadas com o anão Guma, subcelebridade de Manaus.
 
Para compor a chapa, o apresentador conta com um colega do “Alô Amazonas”, o defensor público Carlos Alberto Almeida (PRTB), que tinha um quadro para falar sobre direitos trabalhistas e outros temas de cidadania. 
 
Assim como em outros estados, a troca da TV pela política não é novidade no Amazonas. O caso mais notório foi do apresentador de TV e deputado estadual Wallace Sousa (PP), morto vítima de ascite quando cumpria pena, em 2010. Em 2006, descobriu-se que ele pagava um PM para matar supostos traficantes com o objetivo de alavancar a audiência de seu programa policialesco. 
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A diferença de Lima com os predecessores é que nenhum deles havia alçado voo tão alto. No último dia 8, o jornalista, que tinha apenas 25 segundos no horário eleitoral gratuito, obteve 33,73% dos votos válidos, contra 32,74% para Amazonino, que busca o seu quinto mandato como governador.
 
Em vantagem nas pouco confiáveis pesquisas eleitorais locais, Lima aposta no discurso da renovação e em colar a imagem a Jair Bolsonaro (PSL). Afirma que a campanha é financiada principalmente pelo PSC e aposta na propagação via redes sociais.
 
(O capitão reformado do Exército também é respaldado por Amazonino, contrariando a orientação do PDT, de apoio crítico ao petista Fernando Haddad.)
 
"Desde que comecei a atuar no rádio, já senti a necessidade que o cidadão tinha de ter voz”, disse Lima, em entrevista à Folha em uma casa transformada em estúdio, em bairro nobre de Manaus.
 
Dono de uma voz potente, treinada desde que começou na rádio, aos 15 anos, o candidato aparenta ter menos do que os seus 42 anos. O ar jovem é reforçado pela camisa quase sempre para fora da calça, o que também serve para disfarçar um ligeiro sobrepeso.
 
O apresentador disse que a migração para a política ocorreu a pedido dos telespectadores. "Sempre tive minhas reservas com a relação à política. Mas, com o passar do tempo, começa a ficar claro que a gente precisa mudar. E não adianta ficar só falando, tem de partir pra ação.”
 
Funcionário licenciado da Rede Calderaro, Lima tinha liberdade de fazer anúncios políticos durante o programa, como a decisão de se desfiliar do PR, no ano passado. Ele, no entanto, nega que se trata de apoio.
 
"A emissora sempre me deu muita liberdade para eu tocar o programa. E, naquele momento, quando fiz isso, não é um comprometimento com a rede ou com a emissora, mas com as pessoas que me acompanhavam no dia a dia. Elas precisavam dessa resposta”, afirmou.
 
Ao longo da campanha, Lima tenta esconder a pouca experiência com declarações genéricas. Sobre segurança pública, um dos principais temas da campanha estadual, disse à reportagem que “bandido não vai ter vida fácil no nosso governo, não”.
 
Contrário à discriminalização das drogas, promete combater o narcotráfico aumentando o efetivo policial, reforçando a fronteira com Peru e Colômbia e criando projetos de esporte e lazer para jovens.
 
Questionado sobre a principal promessa de Bolsonaro para a segurança pública, facilitar o porte de armas, afirmou que, "se o cidadão entender que tem de usar uma arma, é um direito que tem de ser respeitado. Mas eu, Wilson Lima, jamais quero pegar numa arma.”

Lima leva ampla vantagem sobre Amazonino, segundo pesquisa Ibope divulgada nesta sexta-feira (19). O jornalista tem 65% das intenções de voto válido, contra 35% para o pedetista. O levantamento, encomendado pela Rede Amazônia, afiliada da TV Globo, tem margem de erro de 3 pontos percentuais, para mais ou para menos. ​

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