Descrição de chapéu Eleições 2018

O que for perseguição política será revertido, diz candidato sobre punição da PM no Espírito Santo

Ex-governador Renato Casagrande (PSB) pode vencer eleição no primeiro turno

O ex-governador do Espírito Santo Renato Casagrande (PSB), que concorre a um novo mandato no estado
O ex-governador do Espírito Santo Renato Casagrande (PSB), que concorre a um novo mandato no estado - Alan Marques - 20.nov.2012/Folhapress
Carolina Linhares
Vitória

Com 54% das intenções de voto, segundo pesquisa Ibope divulgada no último dia 18, o ex-governador do Espírito Santo Renato Casagrande (PSB) pode voltar a governar o estado, depois de não conseguir se reeleger em 2014.

A respeito dos processos punitivos da Polícia Militar que excluíram 23 policiais em decorrência da greve de fevereiro de 2017, Casagrande afirma que reverterá o que ficar caracterizado como perseguição política.

“A tarefa de um governante é evitar injustiça. A gente fala em reversão de processo se for consolidada e confirmada a perseguição política”, disse em entrevista à Folha.

Outros 60 militares ainda podem ser excluídos. Como governador, ele poderá conceder anistia administrativa —a anistia criminal cabe à esfera federal. Casagrande diz que, politicamente, a greve não teve vencedores: “a sociedade não permitiu que ninguém tirasse proveito”.

Na avaliação do candidato, o movimento surgiu devido à falta de diálogo de Paulo Hartung (MDB), que o antecedeu e o sucedeu no governo. “Entreguei o estado super organizado e é bom que eu possa recebê-lo super organizado”, disse.

Casagrande afirmou ainda que a decisão do PSB de manter-se neutro em relação à disputa presidencial, atendendo a um pedido do PT, “não é boa, mas mas foi a posição possível para impedir uma divisão muito explícita do partido”.

 

O sr. Avalia que a segurança pública é um dos principais temas da eleição no estado? É importante sim. Tem um sentimento de descontrole na área de segurança pública.

Mas o índice de homicídio está em queda. É, os índices de crime contra a vida estão em queda. Teve aumento de homicídios em 2017 por causa daquela manifestação da polícia. Mas o crime contra o patrimônio explodiu. Isso causa uma sensação —e na verdade é real, é mais do que sensação— de insegurança muito grande, principalmente os arrombamentos, roubos. E há muita informação de criminosos comandando bairros da Grande Vitória e até algumas cidades do interior.

A greve dos policiais do ano passado coloca o tema em voga no estado. Na sua opinião, o movimento foi legítimo? Qualquer movimento que envolva corporação policial precisa ser muito cauteloso na hora de fazer uma avaliação. O que avaliamos, para além da legitimidade do movimento ou não, foi uma condução onde faltou um diálogo do governo. Causou um prejuízo muito grande para a sociedade. De lá pra cá, as medidas adotadas pelo governo não conseguiram reunificar a polícia. Então tem uma divisão interna, que acaba gerando uma insatisfação muito grande com relação ao governo e isso pode ter efeito na ação do dia a dia de polícia.

O que o sr. propõe para a área da segurança? Fizemos a implantação de um programa chamado Estado Presente, que deu muito resultado. A Secretaria de Ações Estratégicas tinha o secretário extraordinário, que conduzia e gerenciava o programa de Estado Presente, e conseguia conversar com todas as secretarias no conceito de que segurança pública é um tema transversal no governo. 

Vamos reativar as forças especializadas que o atual governo extinguiu, como o BME (Batalhão de Missões Especiais) e a Rotam. E vamos mudar a lei das promoções, para que a polícia volte a ser uma polícia de estado e não de governo.

E o aumento de salário que foi a grande pauta da greve? Não sei, tem que chegar no governo e ver as condições do estado. Ninguém pode prometer reajuste sem saber o que vai ser a economia brasileira no ano que vem.

Acha que teve interesse político por trás desse movimento? Acho que foi um movimento da corporação.

Não teve nada de políticoSe teve foi depois de iniciada a manifestação. A manifestação foi decorrente de uma insatisfação por falta de diálogo por parte do governo. Eu nem posso afirmar que o governo podia atender às reivindicações, porque não acompanho o dia a dia das finanças do governo, mas é bem possível que não pudesse atender. Mas o governo tinha que ter melhorado as condições de trabalho, tinha que ter dialogado.

O movimento impulsionou alguns nomes? Como Jair Bolsonaro (PSL) e seu candidato a governador aqui, Carlos Manato (PSL)? Não vejo que tenha impulsionado. Ninguém tirou proveito de manifestação de policiais. Bolsonaro já surfava na segurança, antes dessa manifestação. Alguém pode ter tentado se aproveitar, mas não teve resultado. Foi tão prejudicial para a sociedade, que ela não permitiu que ninguém tirasse proveito.

O sr. foi eleito em 2010 como um sucessor de Paulo Hartung (MDB) e, em 2014, os dois disputaram a eleição e ele venceu. Em que momento houve a ruptura? Há mágoa? Em 2014. Ele tinha um compromisso de ser candidato ao Senado e se colocou como candidato a governo. Não tem mágoa de nada. Ele rompeu o compromisso, quem tem que avaliar a postura dele é a população capixaba. 

Qual avaliação o sr. faz do atual governo? Tenho uma capacidade e uma prática de diálogo muito maior do que o atual governo tem. Eu me proponho a não paralisar obras e programas da atual gestão, se forem importantes. Governar com responsabilidade, como governei, e deixei o estado com quase R$ 2 bilhões em caixa, nota A na gestão fiscal, folha de pessoal dentro da lei de responsabilidade fiscal.

Hartung diz justamente que está entregando o estado em boas condições. O sr.reconhece isso? Vamos verificar. Espero que sim, porque eu entreguei o estado super organizado e é bom que eu possa receber o estado super organizado. 

É possível investir sem desorganizar as contas? Investir é. Não é possível aumentar custeio e aumentar folha de pessoal, mas o estado que tem que a segunda menor dívida pública do Brasil pode buscar recursos de financiamento, usar recursos próprios, fazer parceria com o setor privado. Terei condições de fazer um robusto plano de investimento.

O sr. tem uma das maiores coligações, com 18 partidos. Se ganhar, como vai atender todos eles? Não tem nenhum compromisso com eles. Nem eles me pediram nada, é bom ser bastante franco e sincero nisso. Vou montar uma equipe em considerarei os partidos, mas com perfil técnico e político.

O PSB tem uma resolução de coligar somente com partidos de esquerda e o sr. tem o PSDB na coligação. É um problema? Não. A resolução nacional que diz que o partido teria um posicionamento num campo de centro-esquerda. E deu liberdade aos estados para as coligações que a gente quisesse fazer onde o PSB tivesse candidato a governador.

Qual sua opinião sobre o PSB se manter neutro atendendo a pedido do PT? Uma posição que não é boa, mas é a possível para não dividir o partido nacionalmente. Lógico que o ideal é ter uma candidatura, buscamos com Joaquim Barbosa, Ayres Britto. E na hora que a gente avançou em direção ao Ciro [Gomes, PDT], a gente via que ia ter dificuldade em alguns estados importantes, como Pernambuco, São Paulo. Então não foi boa a posição, mas foi a possível para impedir uma divisão muito explícita do PSB nesse momento.

O sr. defendia a aliança com Ciro? Eu trabalhei num momento para que a gente pudesse fazer aliança com o PDT. Pernambuco acabou querendo coligação com PT. São Paulo queria ficar neutro. Só sei que o partido ficou com projetos regionais e a política brasileira dividida ao meio.

Apoia Ciro para presidente? Apoio. Na minha coligação tem o PSDB com a candidatura do [Geraldo] Alckmin, mas pessoalmente manifestei apoio ao Ciro.

O que achou do PSB barrar a candidatura de Marcio Lacerda em Minas? Uma violência. Segundo o presidente [do partido, Carlos Siqueira], o Lacerda disse que não seria candidato, e que tinha essa possibilidade dessa negociação com Pernambuco. Então chegou a um ponto em que o PT de Pernambuco e o PSB de Minas Gerais chegaram a essa possibilidade de não ter as duas candidaturas. E isso levou a direção nacional a tomar uma decisão, que foi muito violenta, porque o Marcio poderia até de ganhar a eleição.

O sr. aparece em delações da Odebrecht por recebimento de repasses em eleiçõesVai ser esclarecido que não teve nenhum recurso de caixa dois, essa empresa não trabalhou no meu governo no Espírito Santo.

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