Descrição de chapéu Eleições 2018

Bolsonaro já prepara transição, e Haddad tenta virar votos na reta final

Coordenador da campanha do PSL se encontra com ministro Padilha; apoiadores de petistas fazem mutirões nas ruas de Rio e São Paulo

Rio de Janeiro e Brasília

Enquanto Fernando Haddad (PT) passou o penúltimo dia de campanha no Nordeste e à espera que Ciro Gomes (PDT) gravasse um vídeo de apoio inconteste a ele na eleição deste domingo (28), Jair Bolsonaro (PSL) já prepara a transição com a equipe do presidente Michel Temer (MDB).

O coordenador político da campanha de Bolsonaro, deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), afirmou nesta sexta (26) que se reunira na véspera com o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, a quem deve suceder se confirmada a eleição do capitão reformado.

Chegada do deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), acompanhado do presidente do PSL, Gustavo Bebbiano, e do comboio do choque do candidato à Presidência, Jair Bolsonaro, no condomínio onde ele mora, na Barra da Tijuca, no  Rio de Janeiro
Chegada do deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), acompanhado do presidente do PSL, Gustavo Bebbiano, e do comboio do choque do candidato à Presidência, Jair Bolsonaro, no condomínio onde ele mora, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro - Filipe Cordon/Folhapress

Na pesquisa Datafolha publicada quinta (25), o candidato do PSL tem 56% das intenções de voto contra 44% do petista.

O encontro com Lorenzoni, que deve conduzir a transição, não estava na agenda de Padilha. Segundo o deputado do DEM, a conversa ocorreu em sua residência, em Brasília.

"De agora até quarta-feira [31] ele [Bolsonaro] vai indicar as pessoas que vão fazer parte da transição. Eu estou em contato permanente desde ontem [25] com o ministro-chefe da Casa Civil. O Centro Cultural do Banco do Brasil já está pronto e, se for da vontade de Deus e do povo brasileiro, segunda-feira a gente começa a trabalhar", afirmou Lorenzoni.

O resultado da conversa em Brasília foi transmitido nesta sexta à cúpula da campanha, no Rio. O deputado gaúcho se reuniu com Bolsonaro, com o presidente do PSL, Gustavo Bebianno, e com o vice-presidente da legenda, Julian Lemos.

A equipe do PSL foi informada da atual estrutura do governo. "Ele deu as orientações do que ele [Bolsonaro] quer. Foi o primeiro momento em que ele pode falar mais aliviado. Passou a pressão. Foi uma conversa em que ele orientou o Bebianno, a mim e ao Julian exatamente sobre como ele quer que seja conduzido."

Lorenzoni, que deixou a casa de Bolsonaro com um envelope em mãos, evitou detalhar os planos. Disse que só falará em transição após o resultado das eleições e que temas da área econômica devem ser tratados com Paulo Guedes —anunciado como ministro.

A ida do capitão reformado a Brasília na próxima semana, porém, dependerá de seu estado de saúde, que melhora lentamente desde o atentado à faca em 6 de setembro.

O processo de transição tem início com a declaração do Tribunal Superior Eleitoral do presidente eleito e a subsequente criação 50 cargos especiais, indicados pelo futuro chefe do Executivo. Essa equipe recebe apoio técnico e administrativo da administração vigente e fica na função até dez dias depois da posse do presidente da República.

Lorenzoni e Guedes, além do general Augusto Heleno na Defesa, são os únicos nomes confirmados do eventual governo Bolsonaro. O presidenciável classificou de 'oportunistas' outros que se apresentam como seus ministros.

"Com intuito de se promover ou nos desgastar, oportunistas se anunciam ministros. Estes, de antemão, já podem se considerar fora de qualquer possível governo", escreveu em rede social após os deputados Alberto Fraga (DEM-DF) e Pauderney Avelino (DEM-AM) dizerem em entrevistas que o presidenciável poderia contar com eles no governo.

As pesquisas que aproximam Bolsonaro da Presidência também deram à campanha de Haddad alguma esperança.

No Rio e em São Paulo, apoiadores do petista fizeram mutirões nas ruas para tentar convencer indecisos e eleitores que votarão em branco ou nulo a escolher Haddad.

"As pessoas estão nas ruas não só para manifestar o apoio, mas para lutar vota a voto para evitar o pior, que é a eleição de uma pessoa que enaltece ditador, que desrespeita os negros e as mulheres", disse Haddad em evento de campanha em Salvador.

 

No Rio, um grupo de 90 voluntários —o triplo do que congregava no início desta semana— percorreu praças da cidade para falar de política e democracia. Em banquinhos, os voluntários exibiram cartazes como "está indeciso?", e esperavam interessados.

"Só ter vindo para a praça pública debater a situação já faz a diferença. Não aguentava ficar falando de política pelo WhatsApp", disse a técnica em enfermagem Denise Castro, 39. No primeiro turno, ela escolheu Bolsonaro, mas depois ficou em dúvida. Após a conversa de dez minutos com os voluntários, disse estar confiante, mas não revelou o voto.

O esforço contou com a participação de artistas como Leandra Leal e Enrique Diaz.

Segundo o Datafolha, 6% dos eleitores estão indecisos e 8% pretendem votar em branco ou nulo, sendo que 22% destes pode mudar de ideia. No total de votos, Bolsonaro tem 48%, e Haddad, 38%. A diferença caiu cinco pontos em uma semana.

Ana Luiza Albuquerque, Talita Fernandes , Sérgio Rangel e Gustavo Uribe
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