Descrição de chapéu Eleições 2018

Página Fora Eduardo Paes defende voto em Eduardo Paes

Página criada no Facebook em 2011 criticou ex-prefeito durante sua gestão

Débora Sögur Hous
São Paulo

A página do Facebook Fora Eduardo Paes declarou apoio crítico a quem sempre combateu. “É estranho, mas, pela primeira vez e nunca pensamos em falar isso, essa página está com Eduardo Paes para governador! :'(”

Fabrício Mangue, 24, estudante de Ciências Sociais da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, um dos criadores da página, diz que o apoio a Paes se impôs depois que ele soube o resultado das eleições para governador do Rio. Estão no 2º turno Eduardo Paes (DEM) e Wilson Witzel (PSL), bolsonarista que venceu a 1ª fase da campanha eleitoral.

“Foi inacreditável. O Witzel tava sempre em 4º lugar. Eu disse ‘meu Deus, eu criei uma página que desde 2012 só vem expondo as podridões do PMDB no Rio’ e, ao mesmo tempo, naquele domingo, eu sabia que meu voto é em Eduardo Paes. Um voto crítico, contra o discurso de ódio e pela continuidade da nossa democracia.”

Fabrício conta que a página Fora Eduardo Paes surgiu em 2011, quando Paes era prefeito do Rio pelo PMDB; ganhou força no fim de 2012, durante a disputa eleitoral entre o ex-emedebista e Marcelo Freixo (Psol) para a Prefeitura carioca. O ápice de ativação do grupo foi em junho de 2013, quando a Fora Eduardo Paes participou dos protestos contra o aumento da passagem de ônibus.

Página do Facebook Fora Eduardo Paes convidando para as manifestações de junho de 2013 - Reprodução
Post crítico ao aumento da passagem de ônibus com meme popular em 2015 - Reprodução

“Fizemos uma forte crítica em relação às obras no entorno do Maracanã, conseguimos que a Aldeia Maracanã não fosse demolida. Depois convocamos protestos contra o aumento da passagem. Começamos com 120 pessoas na rua e em junho chegamos a 1 milhão. Conseguimos uma reunião com o Paes e hoje temos o passe livre universitário. Conquistas coletivas mobilizadas pela Internet”, afirma Fabrício.

Cinco anos depois, analistas desconfiam que as jornadas de junho pavimentaram o caminho por onde hoje desfila a nova direita brasileira. Fabrício, que está para concluir o curso de Ciências Sociais, “caso não ocorram mais greves”, engrossa o coro acadêmico de que falta à esquerda fazer uma autocrítica.

“A esquerda no poder se desconectou das ruas e da sua base. A revolta de 2013 foi justa, mas acabou sendo cooptada pelo conservadorismo, cujo maior expoente é Jair Bolsonaro” e a quem Mangue mais teme no poder.

“Tenho medo do que ele vai fazer com as liberdades democráticas, sendo uma pessoa extremamente autoritária. Já Witzel diz que vai, nessas palavras, abater bandidos. O Estado quer desempenhar um papel que não lhe cabe, que é matar pessoas, em vez de promover educação, saúde e saneamento.”

Hoje o estudante diz que “apesar dos pesares [Paes é acusado de ter recebido propina da Odebrecht para obras nas Olimpíadas], Eduardo Paes é um político neoliberal que não tem uma visão moralista do mundo. Ele não dita como as pessoas têm que ser na intimidade e, acima de tudo, ele demonstrou no passado respeitar a democracia. É desesperador. Estamos entre a espada e a corrupção.”

Na tarde de quinta-feira, 11, a página Fora Eduardo Paes atualizou sua foto de perfil. O desenho de uma mão vermelha, com a frase “Greve Geral”, deu lugar a um Eduardo Paes sorridente, com a descrição “#Dudu25 pela Democracia! ❤️ #Fora Witzel”.

facebook fora eduardo paes
Nova foto de perfil da página Fora Eduardo Paes - Reprodução

No meio de uma centena de comentários na nova foto de perfil da página, uma hashtag é mencionada com frequência: #QueSaudadeDoMeuEx.

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