Descrição de chapéu Eleições 2018

Partidos decidem apoio no segundo turno da corrida presidencial

PP, PSDB, DEM e Solidariedade ficam neutros; PSB estará com Haddad e PTB fechou com Bolsonaro

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São Paulo e Brasília

Alguns partidos definiram nesta terça-feira quem vão apoiar no segundo turno da corrida presidencial.

Reunião da executiva nacional do PSB nesta terça-feira (9), em Brasília, definiu que o partido irá apoiar nacionalmente a eleição de Fernando Haddad (PT).

Os dirigentes, no entanto, liberaram o governador Márcio França para se manter neutro em São Paulo e se concentrar na sua disputa à reeleição contra João Doria (PSDB).

França tem se sustentado no discurso de que não apoiará nem Jair Bolsonaro (PSL) nem Haddad, mas atuará pela conciliação da polarização nacional. 

A exemplo do PSB, o PSOL também estará ao lado de Haddad. 

"O Brasil está numa encruzilhada de destino, entre a democracia e o autoritarismo, a civilização e a barbárie, a defesa e a destruição dos direitos sociais. Sempre tivemos coerência. Por isso, declaramos nosso apoio integral ao Fernando Haddad", afirmou Guilherme Boulos. 

O candidato do PSOL à Presidência no primeiro turno explicou que o partido se integrará à coordenação da campanha de Haddad e contribuirá nas ruas, através do diálogo com as pessoas, e nas urnas. 

Jair Bolsonaro terá o apoio do PTB. Roberto Jefferson, presidente da legenda, anunciou a decisão pelas redes sociais. "Após consultar os membros da Executiva Nacional, o Partido Trabalhista Brasileiro decidiu manifestar o seu apoio à candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência da República no segundo turno das eleições de 2018", disse no Twitter. 

O PTB fez parte da coligação que apoiou Geraldo Alckmin (PSDB) no primeiro turno.

Outros partidos do chamado centrão que se uniram no primeiro turno em torno do tucano decidirão separadamente suas posições.

O Partido Novo, de João Amoêdo, anunciou que não apoiará Bolsonaro, mas se posicionou "absolutamente contrário ao PT" no segundo turno da disputa presidencial.

O cenário presidencial no segundo turno "não é aquele que desejávamos", de acordo com nota divulgada pelo partido.

Amoêdo obteve 2,5% dos votos. 

O comunicado do Novo justifica que o partido é contra o PT porque suas ideias e práticas são opostas, mas não deixa claro os motivos que o levou a desistir de apoiar Bolsonaro.

Moisés Jardim, presidente do Novo, disse na segunda-feira  (8) que a direção do partido se reuniria para estudar o programa de governo do capitão reformado antes de tomar a decisão de endossar ou não. 

"Manteremos nossa coerência, e nossa contribuição à sociedade se dará através da atuação da nossa bancada eleita, alinhada com nossos princípios e valores", diz o comunicado.

A avaliação do Novo é a de que o resultado obtido nas urnas, com oito deputados federais, 11 estaduais e um distrital fortaleceu a sigla, cujo registro foi obtido há três anos. 

O presidenciável Alvaro Dias (Podemos) disse que vai se licenciar do Senado pelas próximas semanas e que ficará em silêncio no segundo turno das eleições. Ele não pretende declarar apoio a Jair Bolsonaro (PSL) ou a Fernando Haddad (PT).

“Acho que o silêncio é a melhor alternativa para esse momento no meu caso”, declarou.

Segundo o senador, o Podemos deve realizar uma consulta interna a seus filiados para definir a posição do partido, mas ele afirmou que não pretende seguir qualquer decisão de sua sigla.

A Folha perguntou a Dias se ele pretende votar em Bolsonaro ou Haddad no segundo turno, mesmo que não declare publicamente seu apoio. Ele respondeu apenas que é favorável ao voto facultativo e que o eleitor deveria ter o direito de não escolher nenhum candidato caso não se sinta representado.

Dias embarcou em seguida num voo de São Paulo para Brasília. Minutos depois, em conversa por telefone, ele disse a um interlocutor que o voto nulo é uma opção aceitável. “Eu não vou me responsabilizar pelo desastre”, afirmou, ao celular.

O presidenciável do Podemos marcou sua campanha por críticas pesadas ao PT e, principalmente, ao ex-presidente Lula. Dias terminou o primeiro turno em nono lugar, com 859 mil votos (0,8% dos votos válidos). 

Neutralidade

O PSDB decidiu liberar seus filiados para apoiar quem quiserem na disputa pela Presidência da República.

O anúncio foi feito pelo presidente nacional da legenda, Geraldo Alckmin, presidenciável derrotado.

“O PSDB decidiu liberar os seus militantes e os seus líderes. Nós não apoiaremos nem o PT nem o candidato Bolsonaro. O partido não apoiará nem um nem outro e libera seus filiados e líderes para que decidam de acordo com sua consciência, com sua convicção e com a realidade de seus estados”, afirmou Alckmin.

"Não cabe a nós, neste segundo turno, ser a favor de um ou de outro. O eleitor é que vai escolher. Não nos sentimos representados nem por um nem por outro, nem um nem outro."

O PP, uma das siglas mais importantes do centrão, elaborou nota na qual afirma que está disposta a colaborar com o próximo governo nas pautas que forem do interesse do país, mas sem escolher um lado neste momento entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PP).

Na nota, assinada pelo presidente do partido, Ciro Nogueira, o PP exalta o compromisso com a manutenção da democracia e da liberdade de pensamento e de expressão. 

Num outro trecho, o documento diz que a segurança pública precisa ser elevada ao topo das prioridades do país.

O PP foi um dos partidos que deu sustentação à candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) no primeiro turno. A sigla elegeu 37 deputados e cinco senadores neste ano.

O Solidariedade, também integrante da coalizão do paulista, decidiu pela neutralidade nesta quarta-feira (10) e autorizou os diretórios estaduais da sigla e os filiados a se posicionarem de acordo com a realidade local.

O DEM decidiu ficar neutro no segundo turno da corrida presidencial. A maioria dos integrantes do partido deve apoiar Jair Bolsonaro (PSL), mas a sigla preferiu não fazer uma adesão formal à candidatura.

O comando da legenda emitiu nota em que faz duras críticas ao PT e expõe um alinhamento com a plataforma de Bolsonaro.

O texto, entretanto, anuncia que os filiados estarão livres para tomar qualquer posição no segundo turno entre o candidato do PSL e Fernando Haddad (PT).

"Nosso partido assume o compromisso de contribuir com a construção do novo Brasil, um país completamente diferente daquele que nos foi legado pelo PT nos últimos anos", afirma a nota. "Neste novo tempo que se anuncia, não cabem invasão e destruição de propriedades, e muito menos mensalão ou petrolão."

Bolsonaro chegou a pedir o apoio formal do DEM em conversa por telefone com a cúpula do partido na terça-feira (9).

Tanto dirigentes do DEM quanto aliados de Bolsonaro acreditam que uma adesão formal poderia trazer desgastes tanto para a sigla (que ainda tem dúvidas sobre o candidato) quanto para o presidenciável (que construiu uma imagem de afastamento em relação aos partidos tradicionais).

O DEM mantém desconfiança em relação aos planos políticos de Bolsonaro.

O partido quer lançar o deputado Rodrigo Maia (RJ) à reeleição para a presidência da Câmara, mas Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidenciável, já manifestou interesse em concorrer ao posto.

O provável articulador político de Bolsonaro em um eventual governo deverá ser Onyx Lorenzoni (RS), do DEM. Ele participou das negociações sobre um possível apoio da sigla ao candidato.

Por enquanto, o DEM prefere tratar a provável nomeação de Onyx para a vaga como uma escolha pessoal de Bolsonaro.

Não houve, até o momento, negociações de cargos entre o partido e a equipe do presidenciável do PSL.

No primeiro turno, o DEM apoiou a candidatura de Geraldo Alckmin, que ficou em quarto lugar na disputa. 

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