Descrição de chapéu Eleições 2018

Reportagem é de inegável interesse público, diz Folha sobre ação formulada por Bolsonaro

Jornal encaminhou ao TSE sua manifestação na ação em que a campanha de Bolsonaro pede direito de resposta

Brasília

A Folha encaminhou neste domingo (21) ao Tribunal Superior Eleitoral sua manifestação na ação em que a campanha de Jair Bolsonaro (PSL) pede direito de resposta à reportagem do jornal que revelou que empresas estão comprando pacotes de disparos em massa de mensagens contra o PT no WhatsApp.

Na peça, os advogados do jornal afirmam que "não há fundamento legal para o obscuro e autoritário pedido de censura pleiteado por Jair Bolsonaro" tendo em vista, entre outros pontos, que a Folha publicou informação relevante e de inegável interesse público, o que resultou, inclusive, na abertura de investigações pela Justiça Eleitoral e pela Polícia Federal

Jair Bolsonaro durante entrevista coletiva no dia 11 de outubro, no Rio de Janeiro - Mauro Pimentel/AFP

"A reportagem é essencialmente verdadeira. Limita-se a informar fatos de inegável interesse público: empresas apoiadoras da candidatura de Jair Bolsonaro à Presidência da República estariam adquirindo pacotes de disparos em massa de mensagens no WhastApp contrárias ao Partido dos Trabalhadores. A reportagem informa, ainda, que a candidatura de Romeu Zema [Novo] ao governo de Minas Gerais, teria se beneficiado de serviço semelhante. Importante esclarecer que em nenhum momento o jornal noticia a ação do candidato supostamente ofendido, o que depende de investigações, mas o benefício para a sua candidatura", diz o texto da manifestação do jornal.

A peça refuta ainda suposições por parte da campanha de Bolsonaro de parcialidade dos jornalistas da Folha. "Dada a acusação grosseira e infantil do candidato, é importante esclarecer que a Folha de S.Paulo tem como projeto editorial a independência e o apartidarismo. É da sua tradição conferir tratamento crítico a todos os partidos envolvidos na disputa eleitoral, sejam de direita ou de esquerda. Tem sido assim desde a redemocratização do Brasil. Por outro lado, o que o jornal exige de seus profissionais é equidistância e isenção. A Folha não adota o princípio autoritário que aparentemente nortearia os critérios de um futuro governo Bolsonaro de discriminar profissionais por conta de seu perfil ideológico."

A peça ressalta ainda que "jornalismo não existe para adular candidatos" e que Bolsonaro "deve se acostumar ao regime democrático e à liberdade de imprensa".

O pedido de direito de resposta chegou ao TSE na noite de sexta (19).

Neste sábado (20), o ministro-relator, Sérgio Silveira Banhos, negou o pedido da campanha de Bolsonaro de retirada imediata da reportagem do site da Folha, argumentando, entre outros pontos, que "a publicação apontada pelos representantes como inverídica está situada dentro dos limites referentes aos direitos à livre manifestação do pensamento e à liberdade de expressão e informação, de alta relevância no processo democrático".

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