Descrição de chapéu Eleições 2018

Santa Catarina terá segundo turno entre Gelson Merisio e Comandante Moisés

Candidatos são, respectivamente, do PSD e do PSL; ambos declaram apoio a Bolsonaro

César Rosati
Florianópolis

O candidato mais votado para o governo em Santa Catarina, Gelson Merisio (PSD), disse que mantém um profundo respeito ao Comandante Moisés (PSL), adversário no dia 28 em Santa Catarina que surpreendeu ao conseguir o segundo lugar na votação do primeiro turno.

Representando o partido de Jair Bolsonaro, Carlos Moisés da Silva é coronel da reserva do Corpo de Bombeiros.

Segundo a Justiça Eleitoral, Merísio recebeu 1.121.869 votos (31%). Moisés, por sua vez, teve 1.071.406 votos (30%).

Gelson Merisio, governo SC
Gelson Merisio (PSD) - Divulgação

Em entrevista à imprensa após o resultado nas urnas, o candidato disse que o fenômeno PSL precisa ser estudado e reafirmou o voto em Jair Bolsonaro independentemente do adversário.

"Chego no segundo turno com muita tranquilidade. Tenho muito respeito ao Moisés que chegou no segundo turno comigo. Ele representa um movimento que ocorreu no Brasil inteiro e isso precisa ser compreendido. Agora é Santa Catarina em primeiro lugar. Sendo assim, a partir de segunda-feira vamos aprofundar os temas que são importantes como segurança pública, saúde e educação. A experiência é que deve fazer a diferença nesta reta final. Agora o que está em jogo é Santa Catarina", afirmou.

Antes do pleito, Gelson Merísio declarou voto em Bolsonaro. Ao ser questionado sobre votar no candidato do patido de seu adversário, Merisio disse que o Brasil precisa de um "rompimento" neste momento.

"Independentemente do meu adversário no segundo turno ser do partido do Bolsonaro, vou continuar apoiando o presidenciável com todas as minhas forças e todo o meu empenho para que o Brasil possa seguir em frente".

Segundo Merísio, o debate estadual agora será mais aprofundado, pois a população sabe que os dois candidatos apoiam Bolsonaro no segundo turno. Ele não deu sinais de possíveis alianças e desconversou sobre o tema em coletiva de imprensa dizendo que "buscará alianças com os eleitores".

SEGUNDO COLOCADO

Já o Comandante Moisés disse que duvidava do resultado das pesquisas que o apontavam com apenas 9% das intenções de voto. "Não era o que eu sentia na rua".

A campanha, segundo ele, foi uma árdua luta contra dois blocos partidários e pessoas poderosas que estão há anos na liderança dos catarinenses. O representante do PSL teve 30% dos votos válidos no pleito.

"O sentimento que nós tínhamos na rua, apesar da pesquisa, era de que estaríamos no segundo turno. A gente lutou contra dois blocos partidários grandes e pessoas que estão no poder há muito tempo, mas sentia nas ruas a vontade das pessoas de renovar", disse o coronel da reserva.

"E é nessa vontade de renovação que a gente baseava nossas projeções. Isso foi a concretização de um trabalho. Estou bem satisfeito com o resultado e creio que podemos mudar, não só o Brasil, como Santa Catarina."

O candidato descartou, pelo menos por enquanto, a aliança com qualquer outro partido. Ele justificou dizendo que o partido já conta com o apoio da população e do candidato à presidência por seu partido.

"Nós somos uma chapa pura e contamos com o apoio do povo e de Jair Bolsonaro para vencer as eleições neste segundo turno".

Natural de Florianópolis, Moisés tem 50 anos é formado em direito. Atuou por mais de 30 anos no Corpo de Bombeiros de Florianópolis, Criciúma e Tubarão, sendo que a maior parte do período como comandante de quartel. Desde de 2016 está na reserva.

Ele foi o mais votado em cidades importantes do estado como Blumenau e Joinville. O PSL ainda corre por fora para uma vaga no Senado. O candidato da sigla Lucas Esmeraldino está em terceiro lugar praticamente empatado com Jorginho Melo (PR).

Com pouco tempo de televisão, Moisés fez uma campanha principalmente pela internet. O candidato tem um discurso forte também sobre segurança pública. Ele promete combater o crime no estado investindo na contratação de mais policiais e aumentando os recursos para a Polícia Civil.

Moisés também cresceu no interesse da população catarinense com o discurso austero de redução da máquina pública, com enxugamento de cargos comissionados.

Considerado o Estado mais eficiente da federação pelo REE-F (Ranking de Eficiência dos Estado), da Folha, atualmente Santa Catarina vive um drama econômico com dificuldade de investimento em várias áreas e escassez de recursos para honrar compromissos previdenciários.

O ajuste das contas do Estado deu o tom da campanha. A palavra de ordem dos dois postulantes à Casa D'Agronômica (residência oficial do governador catarinense) era enxugar a máquina pública.

Para solucionar o problema, Merísio prometeu cortar 1.200 comissionados já nos primeiros meses de mandato.

O representante do PSD do ex-governador catarinense Raimundo Colombo protagonizou um dos pontos altos da campanha quando declarou, em um spot oficial, o voto em Jair Bolsonaro do (PSL) para a Presidência. O anúncio causou mal-estar com os partidos coligados, incluindo o Podemos, que lançou como presidenciável Alvaro Dias. O partido decidiu deixar a coligação após Merísio anunciar em quem votaria.

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