Sistema penal deve ser repensado, diz superintendente da PF em São Paulo

Para Disney Rosseti a democracia está desgastada

Tássia Kastner
São Paulo

O superintendente da Polícia Federal em São Paulo, Disney Rosseti, defendeu em discurso sobre lavagem de dinheiro que se repense a o sistema penal, para decidir quem são os estelionatários que deveriam ser punidos com multas ou presos.

Em uma hipérbole, ele afirmou que estelionatários são vaidosos e que a melhor pena seria “ter a língua cortada”, em uma referência a perda de motivação para cometer seus crimes.

Acrescentou, porém, que a eficácia se perderia caso o criminoso aprendesse Libras (a língua brasileira de sinais).

Questionado sobre o assunto, ele repetiu que era uma brincadeira e que, pelo cargo que ocupa e pelo momento político, preferiria não comentar mudanças na legislação penal.

Rosseti falou durante evento sobre prevenção e combate à lavagem de dinheiro, promovido pela Febraban (Federação dos Bancos).

O superintendente dedicou sua palestra a investigações no âmbito da operação Lava Jato, citando malas e apartamentos com sala tomada por dinheiro. 

“De repente temos a imagem do que é corrupção. Temos a imagem de malas de dinheiro, de apartamento com sala preenchida com dinheiro. Temos agora uma pequena noção concreta da promiscuidade público-privada do que é a corrupção. Isso traz à tona o que é o problema da corrupção, que anda casada com lavagem de dinheiro. Basta olhar todos os processos criminais da lava jato, uma das tipificações é lavagem de dinheiro”, afirmou.

A mala faz referência ao dinheiro carregado por Rodrigo Rocha Loures, então assessor do presidente Michel Temer (MDB), e o apartamento foi atribuído ao então ministro Geddel Vieira Lima, também próximo a Temer.

Rosseti disse ainda que, sem dúvida, o regime democrático é o mais difícil de existir, porque é preciso gerir as demandas da sociedade. 

“A democracia como conhecemos apresenta seus desgastes. De todos os sistemas, sem sombra de dúvida, o regime democrático é o mais difícil de existir, gerir todas as demandas e todas as tensões da democracia”, disse, citando o filósofo italiano Norberto Bobio.

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