Descrição de chapéu Eleições 2018

Vantagem em pesquisas permite a Bolsonaro 'jogar parado' contra Haddad

Com quase 60% dos votos, campanha busca minimizar exposição para proteger saúde e evitar erros

Talita Fernandes
Rio de Janeiro

​​Com quase 20 pontos de vantagem nas pesquisas sobre o adversário Fernando Haddad (PT), a equipe de Jair Bolsonaro (PSL) manterá o candidato “jogando parado” no segundo turno.

O cenário traz segurança à campanha para manter a comunicação com eleitores concentrada em redes sociais, com pouca exposição ao contraditório e o mínimo de saídas de casa, o que garante também a recuperação física após uma tentativa de assassinato em 6 de setembro.

O núcleo da campanha leva em conta a saúde e a segurança do candidato, que pode ver seu estado agravado com a exposição ao risco, segundo assessores. Por causa do atentado à faca, Bolsonaro passou 23 dos 56 dias da campanha de primeiro turno internado —e obteve 46% dos votos, contra 29,3% de Haddad.

Desde que teve alta do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, em 29 de setembro, o presidenciável saiu de casa cinco vezes: no dia 7 de outubro, para votar; duas vezes para gravar o horário eleitoral; uma em evento com parlamentares eleitos pelo PSL; e para visitar o Bope (Batalhão de Operações Especiais) da Polícia Militar, nesta segunda (15). 

Em parte a decisão se deve à bolsa de colostomia instalada após o atentado, que provoca desconforto e dores quando sofre esbarrões. 

Em parte, à avaliação de assessores de que maior exposição seria desvantajosa.

Todos os deslocamentos após o atentado têm sido feitos sob forte esquema de segurança, com carros blindados, escolta da Polícia Federal e colete à prova de bala.

A estratégia leva em conta também a participação em debates. Após dizer que compareceria aos últimos eventos previstos se fosse liberado pelos médicos nesta quinta (18), Bolsonaro recuou e afirmou que avaliaria se é estratégico debater com Haddad.

Por trás dessas considerações, está a percepção de sua equipe de que ele não teve bom desempenho nos dois debates aos quais compareceu no primeiro turno, especialmente no embate com Marina Silva (Rede) em questões ligadas às mulheres durante o evento da Rede TV!. 

A decisão, como de hábito, deve ser tomada na última gora e levará em conta apenas os debates na Record (21) e na Rede Globo (25), três dias antes da eleição.

Nesta semana, contudo, o candidato do PSL deve conceder entrevistas e fazer ao menos duas visitas, ambas nesta quarta-feira (17): uma à sede da Polícia Federal no Rio de Janeiro e outra à Arquidiocese do estado, onde se encontrará com o cardeal dom Orani Tempesta. 

Bolsonaro também continuará a receber visitas em sua casa, na Barra da Tijuca (zona Oeste do Rio), em encontros fechados cujas imagens serão publicadas pela própria campanha em redes sociais.

A viagem para avaliação médica em São Paulo na quinta-feira também está sendo reavaliada —uma opção é fazer exames clínicos no Rio.

O candidato aventou viagens ao Nordeste (única região que não conseguiu visitar na campanha e onde perdeu para Haddad), a Brasília (para tratar de apoio político) e a Juiz Fora (MG), onde sofreu o atentado (para agradecer o socorro recebido).

Questionados sobre a possibilidade de deslocamento, aliados afirmam que as viagens terão de esperar a eleição.

Erramos: o texto foi alterado

Versão anterior deste texto informava que Jair ​Bolsonaro teve alta do Hospital Albert Einstein em 29 de outubro, mas o candidato foi liberado em 29 de setembro. O texto foi corrigido.

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