Veja os erros e os acertos de Bolsonaro nas primeiras entrevistas

Agência Lupa checou declarações do candidato eleito

São Paulo

Jair Bolsonaro (PSL) concedeu as primeiras entrevistas como presidente eleito na segunda (29), um dia após vitória no segundo turno das eleições de 2018. Ele derrotou o petista Fernando Haddad.  

Veja os erros e acertos do capitão reformado nas entrevistas à Globo, Record, RedeTV! e Band

O presidente eleito, Jair Messias Bolsonaro, durante entrevista ao Jornal Nacional, da Globo, nesta segunda-feira (29) - Reprodução TV Globo

“[Vamos privatizar] A EBN, Empresa Brasileira de Notícias (é EBC, Empresa Brasil de Comunicação). Não faz sentido gastar R$ 1 bilhão por ano com uma TV que tem traço de audiência” - Band
EXAGERADO A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) —e não de Notícias, como disse Bolsonaro— recebeu, em 2017, R$ 503 milhões em transferências da União, de acordo com o demonstrativo de resultado da empresa. Assim, o custo da empresa para o governo federal equivale à metade do valor mencionado pelo presidente eleito. Procurado, Bolsonaro não respondeu.

“No governo do PT, se dobrou o gasto com educação, e a qualidade do ensino caiu muito”- Band
FALSO Na verdade, o investimento em educação triplicou nos governos petistas, e a qualidade do ensino básico melhorou —e não caiu. Em 2002, último antes do primeiro governo Lula, o Brasil gastou R$ 35,7 bilhões com a função orçamentária educação. Em 2015, último ano completo do governo Dilma, os gastos foram de R$ 115,3 bilhões. Os valores, corrigidos pelo IPCA, são do Siga Brasil, portal de orçamento do Senado. Já a nota da educação básica cresceu nos três ciclos do indicador que mede a qualidade do ensino no país, o Ideb. Procurado, Bolsonaro não respondeu.

“Quando aumenta o número de autos de resistência por parte da Polícia Militar, a violência diminui naquela região” - Record
INSUSTENTÁVEL A expressão “auto de resistência” não existe no Código Penal, mas ainda é usada para se referir a casos de homicídios cometidos por policiais sob alegação de resistência à prisão. Desde 2015, esses casos são classificados como “homicídio decorrente de oposição à intervenção policial” e não há levantamentos que relacionem o aumento no número dessas ocorrências com a diminuição da violência em um determinado local. Em 2017, os homicídios cometidos por policiais cresceram 20,5% no país, o que não impediu que o total de mortes violentas intencionais também aumentasse: foram 63.880, 2,9% a mais do que em 2016. Procurado, Bolsonaro não respondeu.

“(...) Um kit feito pelo então ministro da Educação Haddad, em 2009 para 2010, onde chegaria nas escolas um conjunto de livros, cartazes e filmes, onde passariam crianças se acariciando, e meninos se beijando” - Globo
FALSO O material conhecido como “kit gay” —expressão que teve seu uso proibido pelo TSE durante a campanha presidencial— foi preparado por cinco ONGs ligadas à causa LGBT, e não pelo ex-ministro da Educação Fernando Haddad. A iniciativa fazia parte do programa federal Brasil Sem Homofobia e não mostrava “crianças se acariciando e meninos se beijando” —como afirmou o presidente eleito. Procurado, Bolsonaro não respondeu.

“O próprio Boulos (...) disse que invadiria minha casa (...) por ela não ser produtiva” - Globo
VERDADEIRO, MAS Em discurso durante ato da campanha de Fernando Haddad (PT), no dia 14 de outubro, Guilherme Boulos (PSOL) disse: “O MTST ocupa terreno improdutivo. A casa do Bolsonaro não me parece muito produtiva”. À Folha, Boulos disse, porém, que se tratava de uma piada.

“A proposta de 65 [anos como idade mínima para aposentadoria] não é para agora, tem um limite, um espaço para entrar em vigor” - Record
VERDADEIRO A proposta de reforma da Previdência que tramita no Congresso prevê uma regra de transição, na qual a idade mínima para aposentadoria seria modificada de forma gradativa —começa com 55 anos para homens e 53 para mulheres e atinge os 65 para homens e 62 para mulheres em um período de 18 anos.

Chico Marés, Leandro Resende e Nathália Afonso
Erramos: o texto foi alterado

Diferentemente do publicado em versão anterior deste texto, a EBC é a Empresa Brasil de Comunicação, e não Brasileira.

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