Descrição de chapéu Eleições 2018

Votação expressiva coloca Campos e Marília como virtuais candidatos em Recife

Primos, mas em lados opostos, devem disputar a prefeitura em 2020

João Valadares
Recife

As votações expressivas para a Câmara Federal do engenheiro João Campos (PSB), filho do ex-governador Eduardo Campos e bisneto de Miguel Arraes, e da vereadora Marília Arraes (PT), neta de Arraes, colocam os dois como virtuais candidatos à Prefeitura de Recife em 2020. 

Marília Arraes (PT), que foi eleita vereadora em Recife, ela é neta do ex-governador Miguel Arraes (PSB)
Marília Arraes (PT), que foi eleita vereadora em Recife, ela é neta do ex-governador Miguel Arraes (PSB) - Avener Prado - 12.abr.18/Folhapress

São da mesma família, mas estão em lados opostos. Aos 24 anos, João Campos, que contou com o apoio efetivo do governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), e do prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), foi o deputado mais votado da história do estado. 

Obteve 460.387 votos. Ele conseguiu superar, inclusive, o seu bisavô, o ex-governador Miguel Arraes, que, em 1990, teve 339.158 votos.

A avó de João, a ministra do TCU Ana Arraes, mãe de Eduardo Campos, morto em acidente aéreo na campanha presidencial de 2014, conseguiu, em 2010, 387.581 votos.

João fez a campanha se autointitulando "o filho da esperança". Em grande parte das peças de propaganda, havia menção a Eduardo Campos e Miguel Arraes.

Marília Arraes, que personifica hoje em Pernambuco a oposição ao governo Paulo Câmara mesmo estando na Câmara Municipal de Vereadores, foi a segunda mais votada com 193.108 votos.

Dos 25 nomes da bancada federal do estado eleita ontem, Marília é a única mulher.

Após ter o nome retirado da disputa ao governo pelo comando do próprio partido, que costurou um acordo nacional com o PSB, ela resolveu se lançar a deputada federal.

Na disputa proporcional, o PT tomou a decisão de não participar da coligação de apoio a Paulo Câmara. Era uma estratégia para que a votação de Marília não ajudasse a eleger deputados do PSB.

A um dia da eleição, Marília anunciou apoio a Dani Portela (PSOL), que ficou em terceiro lugar na disputa pelo governo de Pernambuco.

Em 2014, Marília Arraes rompeu com o primo Eduardo Campos justamente por ele não lançá-la como deputada federal.

No mesmo ano, com Ana Arraes fora da disputa por ter se tornado pelas mãos do filho Eduardo Campos ministra do Tribunal de Contas da União (TCU), os 387 mil votos dados a ela na eleição de 2010, que a tornou a deputada mais votada em Pernambuco e a quinta no Brasil, foram estrategicamente repartidos. 

Os principais beneficiados foram os mais próximos de Eduardo: os deputados federais Tadeu Alencar, Danilo Cabral e Felipe Carreras, todos do PSB e que conseguiram se reeleger neste domingo (7). Carreras alimenta esperança de ser o nome do PSB para a eleição de 2020 no Recife.

Em 2006, Eduardo Campos, que venceu a disputa do Governo de Pernambuco, lançou Ana Arraes para ocupar uma vaga na Câmara. Ela obteve 178 mil votos. 

Marília e João não falam sobre a possibilidade de disputarem a Prefeitura do Recife. No entanto, nos bastidores da política pernambucana, o tema é recorrente. 

Com a permanência no PT, Marília tem uma dificuldade. O partido é aliado do PSB de Paulo Câmara. A petista disse, em setembro, em entrevista à Folhaque não cogita deixar a sigla. 

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