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Witzel nega ter organizado evento conhecido como 'farra dos juízes' em 2010

O candidato do PSC ao Governo do Rio negou inclusive que tenha ido ao encontro

Lucas Vettorazzo
Rio de Janeiro

O candidato do PSC ao Governo do Rio, Wilson Witzel, negou nesta terça-feira (16) que tenha participado da organização de um evento da Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil) em Comandatuba, sul da Bahia, em 2010.

Candidato ao Governo do Rio Wilson Witzel (PSC)
Candidato ao Governo do Rio Wilson Witzel (PSC) - Ricardo Borges - 19.set.18/Folhapress

A negativa ocorreu durante entrevista ao vivo ao RJTV, telejornal da TV Globo transmitido no estado. O candidato respondia a um questionamento sobre reportagem publicada pela Folha na segunda-feira (16), que mostrou que ele próprio havia dito que foi um dos organizadores do evento. 

A afirmação foi feita durante uma entrevista em vídeo, em 2012, quando Witzel concorria à presidência da Ajuferjes (Associação dos Juízes Federais do Rio e do Espírito Santo).

O evento na Bahia ficou conhecido como a "farra dos juízes federais" porque foi realizado em um resort de luxo e patrocinado por estatais como Caixa, Banco do Brasil e Eletrobras, além de empresas privadas como Souza Cruz. 

Na época, o encontro foi criticado por parte da magistratura, que entendeu que o evento subsidiado poderia colocar em risco a autonomia de futuras decisões, além de ferir a Emenda Constitucional nº 45, que veda aos juízes receberem auxílios ou contribuições de pessoas físicas ou de empresas.

Witzel integrava a diretoria da Ajufe quando o evento foi realizado. Dois anos mais tarde, ele afirmou que foi um dos organizadores e que o encontro foi o "melhor evento da história da Ajufe". 

Na sabatina do RJTV, Witzel negou inclusive que tenha ido ao encontro. Ele afirmou que era diretor de esportes da Ajufe naquele período e que não teve relação com a organização. 

Ele ressaltou, contudo, que o evento foi aprovado na época pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça), o mesmo que mais tarde proibiria eventos do tipo. 

Witzel afirmou que não enxerga conflito de interesses, mesmo com a possibilidade hipotética no futuro de as empresas patrocinadoras terem processos julgados na Justiça federal. 

"Esse evento de Comandatuba eu nem estive presente. Foi a associação da qual eu fazia parte que organizou. Eu não era presidente. Era apenas o diretor de esportes. Naquele evento em si não vejo conflito de interesses. A independência do juiz está acima disso. Nós juízes federais temos uma prestação jurisdicional de alto nível", disse ele.

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