'Boi de piranha', Zema diz querer abrir caminho para empresários na política

Primeira reunião de transição de governo em Minas será na sexta (9)

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Belo Horizonte

"Estou sendo meio boi de piranha, mas vamos enfrentar a onça", disse o governador eleito de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), ao encerrar uma palestra para representantes de 97 empresas durante um almoço na região metropolitana de Belo Horizonte, nesta quarta-feira (7).

No encontro, Zema afirmou que inaugurou o caminho para que outros empresários como ele se aventurem no setor público. Explicou sua eleição, que deixou para trás o senador Antonio Anastasia (PSDB) e o governador Fernando Pimentel (PT), pelo trabalho e esforço de rodar o estado: "no começo, fazíamos eventos com 10 ou 12 pessoas".

Romeu Zema (Novo), governador eleito em Minas Gerais, no dia de votação do segundo turno das eleições de 2018 - Divulgação

"Quero provar que nossa cabeça de empresário funciona melhor no setor público do que cabeça de político”, afirmou e foi aplaudido pelos colegas. Zema é dono de uma rede de varejo de eletrodomésticos, móveis e vestuário, além de distribuição de combustíveis e concessionárias de veículos.

No discurso, também sobraram críticas a Pimentel, que administra um estado em calamidade financeira, com atraso e parcelamento no pagamento de servidores e retenção de repasses constitucionais às prefeituras.

"O que nós assistimos nesses últimos quatro anos foi um governo que parece que ficava esperando que Deus viesse do céu e resolvesse os problemas. [....] Milagre não existe”, disse Zema.

"Parece que esse último governo começou a ver quem investe e quem gera trabalho como o vilão da história e não como salvador da pátria”, criticou o governador eleito.

Desde a eleição, Pimentel e Zema não tiveram contato para conversar sobre a transição. Nesta quarta, no último dia permitido por lei, o governo de Minas publicou o decreto que institui a equipe de transição. A primeira reunião entre a equipe de Zema e secretários de governo foi agendada para sexta (9).

Zema também criticou a demora em fala à imprensa: “até que enfim tivemos a publicação no Diário Oficial, houve uma certa demora por parte do atual governo em nomeá-la [a equipe de transição], mas está tudo fluindo”.

Ele voltou a listar suas principais medidas para enfrentar um déficit de R$ 11,4 bilhões previstos para o ano que vem ---que a equipe de transição desconfia que possa ser ainda maior na prática.

O governador eleito quer cortar despesas, ampliar a arrecadação ao atrair empresas e empregos para o estado e renegociar a dívida de quase R$ 90 bilhões com o governo federal, em troca de medidas de austeridade. Gustavo Franco, economista do Partido Novo, já vem conversando com técnicos do Minisitério da Fazenda sobre isso.

"Vamos ter com toda a certeza apoio de Brasília. [...] As propostas do Partido Novo em Minas estão totalmente alinhadas com Brasília”, disse Zema. O mineiro pretende se encontrar com o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), em Brasília até o dia 21. 

Com as propostas econômicas, Zema quer criar 150 mil empregos em Minas por ano. “Meu governo vai ser um governo direcionado para atrair investimentos, criar empregos e naturalmente a arrecadação vai aumentar”, disse.

O governador eleito mencionou medidas como agilizar licenciamento ambiental, outorga de água e ligação de energia, ou seja, destravar a burocracia, para conseguir ampliar os investimentos em Minas ou mesmo retomar projetos parados.

Ele afirmou ainda que reduzir impostos e privatizar estatais está nos seus planos, mas talvez não seja o momento. No caso da redução da carga tributária, disse ser preciso avaliar se a perda de receita seria compensada com atração de empresas e, quanto às estatais, disse que estão desvalorizadas e precisam ser preparadas para a venda.

TRANSIÇÃO

O coordenador da equipe de transição de Zema, vereador Mateus Simões (Novo), que se licenciou da Câmara de BH até janeiro, afirmou que nomes do secretariado podem ser definidos na semana que vem. Zema quer reduzir de 21 para 9 o número de pastas.

A partir de sexta, a equipe já trabalhará na Cidade Administrativa, que adotará como sede do governo na nova gestão.

A equipe de Zema ainda não divulgou quais são as empresas de RH e recrutamento que auxiliarão na seleção de secretários. Algumas empresas se ofereceram para fazer o serviço de forma voluntária.

A seleção, porém, já está em andamento e não será capitaneada pelas empresas, conforme foi divulgado anteriormente. Zema, seu vice Paulo Brant e uma comissão de pessoas de sua confiança e do Partido Novo é que estão selecionando nomes e currículos.

Posteriormente, as empresas de recrutamento irão validar se os nomes escolhidos pelo governador eleito preenchem os requisitos necessários para uma vaga de secretário.

"A ideia é ter para o primeiro escalão esse suporte profissional para avaliação das competências e não para a escolha dos nomes”, explicou Simões.

Durante a campanha, Zema prometeu que ele e seus secretários não receberiam salário até que as contas do estado fossem colocadas em ordem, o que levará no mínimo dois anos.

O governador eleito disse, contudo, que muitos dos que enviam currículos estão dispostos a trabalhar de graça. “Estamos recebendo currículos de interessados, inclusive boa parte querendo trabalhar voluntariamente”, disse.

"Demonstra que as pessoas estão querendo, diferente de outras gestões e outros estados, não um emprego, mas querendo se voluntariar para ajudar a fazer uma mudança. É muito dignificante ver que nós fizemos surgir algo que somente acontecia nas ONGs. Gente querendo contribuir e não querendo entrar lá por algum interesse."

Empresas e entidades também se dispuseram a dar consultoria gratuita na transição na área de projetos, pessoal e finanças, como a Fundação Dom Cabral, a Fundação João Pinheiro, o Instituto Aquila e a Falconi Consultores de Resultado.

Durante a semana, Zema tem feito contato institucional com órgãos do estado, como o Tribunal de Contas e a Assembleia Legislativa, onde se reuniu com a Mesa Diretora.

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