Descrição de chapéu Lava Jato

Lula pediu sigilo sobre obras em sítio de Atibaia, diz Leo Pinheiro

Empreiteiro é réu na ação que apura irregularidades na reforma do local, atribuído ao ex-presidente

O empreiteiro Leo Pinheiro, da OAS
O empreiteiro Leo Pinheiro, da OAS - Danilo Verpa - 5.set.2016/Folhapress
Estelita Hass Carazzai
Curitiba

Em depoimento à Justiça Federal nesta sexta-feira (9), o empresário Leo Pinheiro, da OAS, disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu sigilo sobre as obras no sítio de Atibaia (SP), que ele frequentava.

Além de solicitar a destruição de documentos que fizessem menção à obra, Lula teria orientado, segundo Pinheiro, que toda a reforma fosse mantida na máxima discrição possível.

“Ele combinou comigo que tudo bem, [a OAS] poderia iniciar [as obras]. Mas [disse]: ‘Eu só lhe pediria, Leo, que as pessoas não se apresentassem na cidade de Atibaia, por questão de sigilo. Que não tivessem uniforme, essas coisas, da OAS”, afirmou o empresário.

Segundo ele, foi levada uma equipe “de confiança” de três ou quatro pessoas para Atibaia, no início de 2014, que dormiam no sítio e só compravam materiais em lojas da cidade.

“O presidente tinha me orientado que eu não fizesse nada em nome da OAS”, afirmou Pinheiro, que disse ter atendido ao pedido de Lula “pelo nosso relacionamento, pelo que ele fez pela empresa”.

O empreiteiro é réu na ação que apura crimes de corrupção e lavagem de dinheiro na reforma do sítio de Atibaia –que, segundo o Ministério Público Federal, pertencia de fato ao ex-presidente.

As reformas foram pagas pelas empreiteiras OAS e Odebrecht, investigadas na Lava Jato.

Lula nega irregularidades, afirma que o sítio não está em seu nome e diz ser perseguido politicamente pela Operação Lava Jato.

Já Pinheiro, por sua vez, negocia um acordo de delação premiada com os investigadores. Ele está preso em Curitiba desde 2016.

Segundo o empreiteiro, a OAS gastou cerca de R$ 400 mil na obra, que fez mudanças na sala, na cozinha e no lago do sítio. O ex-presidente teria solicitado a reforma pessoalmente a Pinheiro, que disse que ele jamais perguntou como ressarciria a OAS pelos custos.

O dinheiro, de acordo com a denúncia, foi desviado de contratos com a Petrobras.

O ex-presidente será interrogado na ação, que agora é conduzida pela juíza Gabriela Hardt (substituta de Sergio Moro), na próxima quarta-feira (14).

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