Descrição de chapéu Governo Bolsonaro

Moro terá ex-delegada da Lava Jato em equipe; Valeixo deve dirigir PF

Além deles, ex-superintendente da PF no Paraná integrará equipe de novo ministro da Justiça

Brasília

O futuro ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro (PSL), Sergio Moro, começou a definir nesta segunda-feira (19) as primeiras funções que terão os integrantes da Lava Jato em sua nova equipe. 

No cenário desenhado pelo ex-juiz federal até o momento, o delegado Maurício Valeixo, superintendente da Polícia Federal do Paraná, deve ser o novo diretor-geral da PF, Erika Marena, uma das primeiras delegadas a comandar operação contra corrupção na Petrobras, deve comandar o DRCI (Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional).

O nome de Valeixo ainda não foi confirmado, mas Moro comunicou o atual chefe da polícia, Rogério Galloro, de que ele seria substituído pelo colega.

Galloro e o futuro ministro se falaram na semana passada e nesta segunda.

Rosalvo Franco, ex-superintendente regional da PF no Paraná, também estará na equipe do ex-juiz. Ele e Marena já estão oficializados. 

Questionado se anunciaria o novo diretor da polícia nesta semana, o futuro ministro respondeu que “talvez”.

Valeixo, que conhece Moro desde o início dos anos 2000, ficou à frente da diretoria de Combate ao Crime Organizado (Dicor) da PF durante três anos, na gestão de Leandro Daiello. O posto é o terceiro da hierarquia do órgão. Ele também foi adido em Washington (EUA) de 2015 a 2017. 

Moro almoçou com Franco e Marena nesta segunda, em restaurante anexo ao CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), em Brasília, onde funciona o gabinete de transição do governo Bolsonaro. Também estavam à mesa Flávia Blanco, que será sua chefe de gabinete no ministério, e Marcos Koren, ex-chefe de comunicação da superintendência da PF no Paraná.

Koren está desempenhando uma espécie de chefia de segurança do ex-magistrado, função que ele já havia feito no passado e que deve ser oficializada para o ministério. 

Escolhido pelo ex-juiz para compor a futura pasta da Justiça, Rosalvo esteve à frente da PF no Paraná desde o início da Lava Jato e saiu no fim do ano passado, quando pediu aposentadoria.

Antes, tinha sido superintendente no Rio Grande do Sul. Ele ficou mais de 30 anos na polícia. 

Já Marena ganhou projeção pelo trabalho realizado na Lava Jato, tendo sido inclusive responsável pelo nome da operação. Tem em sua conta ter conseguido, ao lado de outro colega, associar o doleiro Alberto Yousseff aos esquemas de corrupção da Petrobras, justamente o que foi o embrião da investigação. 

Mais recentemente, se envolveu em um episódio polêmico em Santa Catarina.

A delegada comandou a Ouvidos Moucos, uma apuração sobre desvio de dinheiro, que prendeu sete pessoas ligadas à UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), entre elas o então reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo. 

Ele, que se declarava inocente, se matou ao se jogar do sétimo andar de um shopping em Florianópolis, deixando um bilhete que apontava a operação policial como motivo do seu ato.

Como mostrou reportagem da Folha, o relatório final da PF não apresentou provas de que Cancellier tenha se beneficiado do suposto esquema milionário de desvio de verbas. 

Marena depois chegou a representar para que se apurasse crimes contra honra, diante das manifestações que se sucederam, como faixas criticando um suposto abuso de poder das autoridades responsáveis pela Ouvidos Moucos.

O Ministério Público ofereceu uma denúncia contra dois professores que supostamente teriam ofendido a delegada em entrevistas concedidas. A Justiça, no entanto, não aceitou. 

Moro ainda não anunciou quais serão as funções e cargos dos dois delegados, mas Marena deve ficar no comando do DRCI (Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional), considerado órgão chave para investigações que envolvem outros países. 

O ex-juiz disse em entrevista logo após ter aceitado o convite de Bolsonaro que pretende levar ao ministério o mesmo modelo que ele diz ter dado certo na Lava Jato, de criação de forças-tarefas para assuntos prioritários. 

O futuro de Galloro ainda não está definido. Ele está em Dubai participando da Assembleia Geral da Interpol, da qual é membro eleito do comitê executivo, cargo que ocupará até 2020. 

Moro deve passar mais tempo em Brasília nos próximos dias. Ele já tem uma sala montada no gabinete de transição do governo no CCBB.

O ministro de Bolsonaro tem escolta permanente, inclusive nos deslocamentos que faz.

Camila Mattoso, Gabriela Sá Pessoa e Laís Alegretti

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