Descrição de chapéu Governo Bolsonaro

Novo chefe da PF atuou em prisões de Lula, Cunha e Delcídio

Valeixo já foi o número três da hierarquia da PF e atualmente comanda a instituição no Paraná

Camila Mattoso
Brasília

Não será a primeira vez que o ex-juiz federal Sergio Moro e o delegado Maurício Valeixo terão juntos que tratar de assuntos diferentes da briga contra a corrupção.

No início dos anos 2000, quando se conheceram, o futuro diretor-geral da PF trabalhava em uma delegacia de combate a entorpecentes no Paraná. Na época, o ministro de Bolsonaro já era juiz federal na área criminal. 

Nos 18 anos que se seguiram tiveram de lidar juntos com outros episódios de relevo —o último deles foi a prisão do ex-presidente Lula, em abril deste ano. O evento envolveu uma complexa operação, por se tratar de um político de tamanha popularidade.

Antes do ex-presidente, Valeixo já havia tido que lidar com outros figurões. Às 5h de uma quarta, há três anos, o delegado, então número três da hierarquia da Polícia Federal, acompanhava a primeira grande operação sob sua responsabilidade. Leandro Daiello era o diretor-geral.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega à Superintendência da Policia Federal de Curitiba (PR), na noite deste sábado (7)
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega à Superintendência da Policia Federal em Curitiba - Eduardo Anizelli /Folhapress

Uma equipe da PF se dirigiu ao hotel Golden Tulip, em Brasília, para prender o líder do governo à época, o senador petista Delcídio do Amaral (MS), em novembro de 2015. Era a primeira vez desde a redemocratização, em 1985, que um senador era levado preso no exercício de seu mandato.

Valeixo chegou a esse cargo, de diretor de Combate ao Crime Organizado, em setembro de 2015, o que lhe deu a oportunidade de chefiar praticamente todas as maiores operações contra a corrupção da PF.

Tendo de lidar com assuntos delicados de grandes nomes da política, o delegado se construiu como chefe discreto, ganhou respeito dos subordinados por ser incentivador de investigações e por dar autonomia e respaldo às equipes.

No seu currículo está também a prisão do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB-RJ), em outubro de 2016, em Brasília. Naquele momento, o emedebista estava no mandato.

Em 5 de setembro do ano passado, recebeu um telefonema do delegado Marlon Cajado, que o avisou que havia encontrado malas de dinheiro em um "bunker" atribuído ao ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB-BA), preso atualmente na Papuda (DF).

Valeixo passou o dia ouvindo o "bolão" que os delegados promoveram na PF para tentar acertar quanto havia guardado no apartamento em Salvador: R$ 51 milhões.

Por fim, antes de deixar o cargo de número três de Daiello, o diretor acompanhou uma das mais sensíveis investigações da polícia: as ações controladas dos executivos da JBS, que colocaram o presidente Michel Temer na berlinda.

Valeixo foi duas vezes superintendente da PF no Paraná, foi diretor geral de Pessoal (de 2011 a 2012), diretor de Inteligência (de 2012 a 2013) e adido em Washington (EUA).

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