Procuradores da Lava Jato se mobilizam em rede social contra indulto de Temer

Decreto de perdão editado pelo presidente poderia beneficiar condenados da operação

Débora Sögur Hous
São Paulo

Um movimento conduzido pelo Ministério Público Federal (MPF) e por diversos procuradores alçou a hashtag #IndultoNão aos assuntos mais comentados do Twitter brasileiro na tarde desta quarta-feira (28).

Membros do Ministério Público e da Polícia Federal durante cerimônia de devolução de R$ 1 bi para a Petrobras, em Curitiba. - Geraldo Bubniak - 9.ago.2018/Agência Globo

Hoje o Supremo Tribunal Federal volta a discutir o indulto natalino que Michel Temer foi impedido de conceder em sua totalidade em dezembro de 2017. O decreto poderia favorecer condenados da Lava Jato.

Ministério Público Federal e Procuradoria-Geral da República publicaram em suas redes sociais que o decreto é inconstitucional e daria liberdade a condenados por crimes contra a administração pública.

Um dos membros do Ministério Público mais ativo nas redes sociais é o procurador Roberson Pozzobon, da força tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba. Pozzobon chamou seguidores para tuitaço, gravou vídeo e postou imagens do decreto, cujos requisitos, segundo o procurador, foram abrandados após a Lava Jato.

Deltan Dallagnol também se manifestou nas redes sociais. "É algo mais importante do que final entre Brasil e Argentina na copa do mundo, porque define nosso futuro", disse o coordenador da Lava Jato do MPF paranaense, que em seguida retuitou (compartilhou) publicações de procuradores dos MPFs de Pernambuco, Pará, Goiás, São Paulo e Rio de Janeiro.

Para o Dallagnol, se o STF admitir a constitucionalidade do indulto, isso seria, para ele, a ruína da Lava Jato.

O indulto questionado nesta quarta-feira (28) pelos procuradores foi editado no Natal de 2017 pelo presidente Michel Temer, mas teve seu decreto questionado pela procuradora-geral da República Raquel Dodge e impedido parcialmente pela então presidente do Supremo Cármen Lúcia. Elas entenderam que a medida beneficiava condenados por corrupção. 

De acordo com a coluna de Mônica Bergamo, cinco ministros votarão contra o indulto. Os votos de Alexandre de Moraes e Celso de Mello ainda geram dúvidas. Acompanhe ao vivo o julgamento no Supremo do caso.

 
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