Descrição de chapéu Governo Bolsonaro

Regina Duarte diz que quer ser 'palpiteira' do governo Bolsonaro

Atriz está em Jerusalém a convite da Comunidade Internacional Brasil-Israel

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Jerusalém

“Sei bem como é difícil acreditar em algo quando há tanta gente má no mundo. Apesar de tudo, ainda acredito na bondade humana”. Citando frases de “O Diário de Anne Frank” (peça que marcou sua estreia no teatro, em 1960), a atriz Regina Duarte fez um breve discurso nesta quarta-feira (28) no Knesset, o Parlamento de Israel, em Jerusalém.

A atriz Regina Duarte em frente ao Parlamento de Israel, em Jerusalém
A atriz Regina Duarte em frente ao Parlamento de Israel, em Jerusalém - Daniela Kresch - 28.nov.18/Folhapress

Não ficou claro se as frases diziam apenas respeito ao seu desejo de paz no Oriente Médio ou à “patrulha” que teria sofrido no Brasil por seu apoio explícito ao presidente eleito, Jair Bolsonaro. Em entrevista exclusiva à Folha, Regina afirmou que não esperava mesmo que todos —principalmente seus colegas de profissão— concordassem com ela.

A atriz disse também que se coloca como possível colaboradora, conselheira ou "palpiteira" do governo Bolsonaro. 

Ela chegou ao país na segunda (26) em comitiva organizada pela pastora mineira Jane Silva, presidente da Comunidade Internacional Brasil-Israel, ONG que, há 15 anos, leva personalidades e fiéis para Israel. Este ano, os participantes —que receberam medalhas em comemoração aos 70 anos do país— não escondiam o entusiasmo.

“Estou aqui também festejando a eleição de Jair Messias Bolsonaro, nosso presidente recém-eleito”, afirmou Regina Duarte durante a sessão, na qual os presentes fizeram uma oração pela paz no Oriente Médio e o futuro do Brasil.

A atriz também recebeu a comenda de “Embaixador Extraordinário da Paz no Oriente Médio” (oferenda extraoficial criada pela pastora Jane). Entre os agraciados também estavam o senador Carlos Viana (MG), a vice-governadora de Santa Catarina, Daniela Reinehr, o deputado Delegado Pablo (Amazonas), a deputada Carla Zambelli (SP), e o deputado Castello Branco (SP).

A comitiva foi recebida com toda a pompa pelo deputado israelense Avraham Neguise, presidente do Comitê de Imigração e Absorção do Parlamento. Também presente, o deputado Michael Oren, vice-ministro do gabinete do premiê Benjamin Netanyahu, exprimiu seu desejo de que Bolsonaro cumpra a promessa de transferir a embaixada do Brasil para Jerusalém. Depois, os integrantes da comitiva se uniram para uma foto em frente ao Parlamento com gritos de “Mito!” e “Moro!”.

 

A senhora se sente policiada por seu apoio a Bolsonaro, principalmente por colegas de profissão? Eu nunca esperei que as pessoas concordassem comigo. Eu também não quero ser obrigada a concordar com ninguém. Então, eu acho que acontece é resultado de uma postura democrática. Não me impede de prosseguir com o que eu acredito, com ideias e sentimentos com os quais eu fui formada. Eu estou fazendo a minha história e espero que as pessoas possam realmente se abrir para conviver de maneira harmônica, pacífica e justa.

Que tipo de prioridade o governo Bolsonaro deve dar à cultura? O que a senhora pensa sobre a Lei Rouanet? Acho que Lei Rouanet é um nome, é um símbolo. É um título de uma postura cultural que o país precisa adotar, corrigindo falhas, deficiência, carências. Então, eu acho que é para isso que o governo Bolsonaro vai caminhar. Tenho convicção de que, assim como em outras áreas, ele vai dar melhores rumos para o país e acho que na cultura também.

Se se chama Lei Rouanet ou não, se é ministério ou secretaria... Isso não importa. Importa é que a cultura brasileira é pujante, é muito importante para os brasileiros e para o mundo. Tenho certeza que esse governo vai entender e vai colocar a cultura no seu lugar de importância. Sabendo disso, ele vai, no momento certo, dar à cultura brasileira, aos que fazem cultura, aos que recebem cultura, a importância devida.

A senhora acredita que a Lei Rouanet deve ser apenas modificada ou abolida? A cultura brasileira ainda não tem maturidade. Não sei nem se é bom falar assim. Mas acho que a cultura brasileira precisa ainda de uma lei. Acho que tem muita gente que quer fazer cultura, quer expressar a nacionalidade, a brasilidade, a sensibilidade, e precisa de uma lei que a apoia nisso. Essa lei, não importa se o nome é Rouanet, se é Nova Lei, se é Lei da Cultura, Lei Bolsonaro... Não importa.

Existe já uma lei que pode ser ampliada, corrigida, melhorada, aperfeiçoada. E é só isso que eu tenho certeza que os artistas e o público brasileiro querem, desejam. Não vamos demonizar essa lei porque não se trata da lei, trata-se de como ela foi usada. Como foi manipulada. A partir de agora, não importa que nome ela possa ter. Ela pode até permanecer com o mesmo nome, mas ela precisa de correções, de ajustes. Como todos nós, na vida. Andamos e nos aperfeiçoamos, crescemos para melhor.

A senhora foi sondada para algum cargo no governo? Não. Mas, explicitamente, me coloco agora como possível colaboradora, conselheira, não sei que nome dar a isso... Palpiteira, talvez. Tenho 56 anos de carreira e sinto que gostaria de contribuir do jeito que for, menos como ministra ou secretária.

Por que não? Porque não me sinto preparada, não estou pronta para isso. O meu assunto é fazer cultura, é interpretar personagens, é pensar estética, pensar luz, inflexões.

Quais são os seus próximos projetos culturais? Tenho alguns, mas eu prefiro não falar nesse momento porque tem tanta coisa acontecendo, agora. Mas quero voltar (para Israel), quero trazer um espetáculo meu para cá, quero estar mais próxima dessa plateia, dessa gente tão afetuosa, tão rica de conhecimentos, de ancestralidades. Gostaria muito de trazer a arte brasileira, o teatro brasileiro, para cá.

O que a senhora pensa da eventual transferência da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém? Acho que isso é uma questão de justiça, uma questão inegável, irreversível. Acho que demorou, como fala a garotada. Demorou! Tá na hora de cumprir isso. Faz parte de tudo que é bíblico, de todas as coisas nas quais o mundo acredita há milênios e espera.

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