De olho na disputa pelo comando do Senado, Renan defende equilíbrio institucional

Apesar de dizer que ainda não decidiu tentar novamente o posto, senador foi às redes afirmar que é capaz de derrotar Tasso Jereissati

Daniel Carvalho
Brasília

Cotado para presidir o Senado pela quarta vez, Renan Calheiros (MDB-AL) divulgou nesta segunda-feira (3) mensagem em que, apesar de afirmar ainda não ter decidido entrar na disputa, se diz preocupado com o equilíbrio institucional. O senador alagoano também critica aquele que, hoje, é tido como seu principal adversário, o cearense Tasso Jereissati (PSDB).

No texto divulgado em redes sociais, Renan afirma não querer ser presidente do Senado "a qualquer custo", mas admite considerar a possibilidade e que o MDB só indicará um nome para a disputa na "undécima hora".

O senador Renan Calheiros (MDB-AL) durante entrevista à Folha em seu gabinete, no Senado
O senador Renan Calheiros (MDB-AL) durante entrevista à Folha em seu gabinete, no Senado - Pedro Ladeira - 6.jul.2018/Folhapress

"Se tiver de ser candidato, serei", escreve o senador.

Apesar de ser o nome que, atualmente, conta com a simpatia de petistas, procurou demonstrar na mensagem distância do partido, declarando que terá "as maiores dificuldades na bancada do PT".

No sábado (1º), a Folha mostrou que Renan, assim como o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), colocaram em marcha um plano de articulação que equilibra interesses da esquerda e do novo governo para tentar convencer seus pares de que são a melhor opção para assumir as Casas a partir de fevereiro de 2019.

Ao mesmo tempo que se aproxima de auxiliares do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL) —jantou com o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, na semana passada, por exemplo—, Renan já conversou com lideranças de esquerda, como o senador eleito Cid Gomes (PDT-CE), e deve ser procurado por petistas ao longo desta semana. Para evitar desgaste, o emedebista alagoano só anunciará se será, de fato, candidato, mais próximo da eleição.

Na publicação desta segunda, ele afirma que, contra Tasso Jereissati, é capaz de ganhar até entre os tucanos.

"Se for contra o Tasso, deverei ganhar no PSDB, no PDT, no Podemos, no DEM. Aliás, essa hipótese dificilmente se viabilizará. Primeiro, porque as urnas deram ao MDB o direito de indicar o candidato. Segundo, porque Tasso continua patrimonialista (tudo que os brasileiros mostraram não querer mais). Há três meses, eu estava cuidando da campanha em Alagoas e Tasso me ligou desesperadamente para que eu viesse a Brasília aprovar a manutenção do subsídio da indústria de refrigerante. Imagine: continua produzindo coca-cola e obrigando os cearenses a pagar 100% do custo da produção, inclusive da água, que nessa indústria representa 98%. E ainda querendo que o Senado continue a pagar o combustível do seu jato supersônico", escreve Renan.

Em seguida, Renan faz ponderações em relação ao STF (Supremo Tribunal Federal) e à Presidência da República.

"Preocupa-me apenas o equilíbrio institucional", inicia o ex-presidente do Senado.

"Mais do que qualquer um eu sei —porque já vivi— que democracia nenhuma sobreviverá sob a coação de ministro do Supremo tentando afastar chefe de Poder por liminar. Nesses anos todos, a única coisa que aprendi foi que, quando você empossa um presidente eleito —e já empossei três presidentes diretamente—, ali, naquela hora, quando as instituições estão reunidas, ninguém individualmente salva ninguém. Tem que ser uma ação coletiva, nunca isolada", afirma no texto.

Ao dizer que dedica-se a "fechar a tampa" da atual legislatura, "que foi varrida pelas urnas", critica o desejo de se votar projetos que enfraquecem a lei da ficha limpa, que flexibilizam a lei das estatais, além da lei geral das telecomunicações e da cessão onerosa.

Por fim, ele menciona o senador Romero Jucá (MDB-RR), que reassumiu a liderança do governo na semana passada, após ser derrotado nas urnas e não ter conseguido se reeleger.

"Hoje, por telefone, disse ao Romero Jucá (meu irmão), que ele não estava entendendo que a criminalização do processo continua. O STF não conseguiu votar o indulto do ano passado, imagine quando irá apreciar o de agora. Segue o jogo...", encerra Renan.

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