Descrição de chapéu Eleições 2018

Eleitos com discurso de renovação querem levar mudanças a gabinetes

Novatos no Legislativo federal e estadual planejam eliminar divisórias e compartilhar equipes

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São Paulo

Fim da "sala do deputado", clima de "coworking" no gabinete e adaptações para tornar o ambiente acessível a pessoas com deficiência visual são algumas das mudanças que os novos parlamentares levarão ao Congresso e a Assembleias Legislativas.

A deputada estadual eleita Marina Helou (Rede), que usará bicicletário para trabalhar na Assembleia paulista - Karime Xavier / Folhapress

Eleitos que chegaram aos cargos com discurso de renovação e de adeus a velhos hábitos também vão provocar alterações no dia a dia das Casas. Dizem querer revolucionar espaços engessados e pouco afeitos a inovações.

"Não quero saber de 'sala da deputada' no gabinete", diz Marina Helou (Rede), 31, eleita para a Alesp (Assembleia de São Paulo). A futura deputada planeja criar dois ambientes: uma sala grande onde ficará sentada junto dos assessores e outra para reuniões.

"Quero ter uma integração com a equipe. Vivi isso muito no mundo corporativo", diz a ex-coordenadora na área de sustentabilidade da Natura.

"Não ter a sala do presidente é um símbolo cultural importante. No meu caso, de um mandato com proximidade, demolindo essa ideia do 'deputado vossa excelência'."

Marina deverá ser responsável também por outra novidade. Ciclista e entusiasta dos transportes alternativos, em alguns dias ela deseja pedalar de sua casa, em Pinheiros (zona oeste), até o prédio da Alesp, na região do Ibirapuera (zona sul). Frequentará o bicicletário, hoje mais usado por servidores.

No caso de Felipe Rigoni (PSB-ES), 27, a mudança que provocará ao chegar ao Congresso também tem a ver com mobilidade, mas da porta para dentro. Primeiro deputado federal cego, ele precisará de adaptações no edifício, em Brasília, para poder andar e trabalhar.

Felipe Rigoni (PSB-ES), eleito deputado federal pelo PSB, é cego
Felipe Rigoni (PSB-ES), eleito deputado federal pelo PSB, é cego - RenovaBR/Divulgação

A eleição do engenheiro foi celebrada como uma vitória da inclusão. "Estão preparando a adaptação para toda a Câmara, desde a oferta de software até a aplicação de piso tátil", diz. Ele já usa no celular e no computador um programa que transforma palavras em texto falado.

Com o recurso no sistema eletrônico, Rigoni crê que terá autonomia total nas votações, mas poderá também contar com o auxílio de assessores.

A Coordenação de Acessibilidade da Câmara procurou o capixaba após a eleição para saber suas necessidades. Segundo a Casa, cerca de 20 profissionais de várias áreas participaram de reunião com ele.

A Câmara afirma que está providenciando a instalação de sistema de leitura em braile nos botões de votação do deputado no plenário. Também haverá aviso sonoro para confirmação do voto dele.

Outra medida, segundo o órgão, foi a reserva de um gabinete com banheiro próprio e vaga de garagem próxima, em andar baixo, para facilitar a movimentação de Rigoni.

Ainda na Câmara, o deputado estreante Tiago Mitraud (Novo-MG) faz planos de materializar a transparência que pregou para o mandato durante a campanha. Quer abolir as divisórias no gabinete e, se elas forem mesmo necessárias, dar preferência às de vidro.

Tiago de óculos e camisa azul
Tiago Mitraud, eleito pelo Novo - Ana Paula Paiva/Valor

"A ideia é busca um formato 'open space', sem sala específica para ninguém, nem para mim", diz o novato. Será "cada um em sua estação de trabalho", como em um 'coworking', para estimular troca de ideias e trabalho em colaboração.

Futuro senador por Sergipe, Alessandro Vieira (eleito pela Rede, mas agora no PPS) se prepara para abrigar uma estrutura inédita no Congresso Nacional: um grupo de assessores que servirá ao mesmo tempo a ele e a dois deputados. Hoje, cada parlamentar tem sua própria equipe.

O chamado gabinete compartilhado vai funcionar na área física reservada para o senador, mas o time de sete assessores auxiliará também Rigoni e a deputada Tabata Amaral (PDT-SP) --os três integram o Acredito, movimento de renovação política.

Segundo eles, a iniciativa faz parte do esforço de profissionalizar a gestão pública. Os servidores estão sendo recrutados via processo seletivo, com inscrições abertas a qualquer interessado.

"Eles vão trabalhar juntos, como uma startup política. Outro ganho é a economia de recursos", diz o consultor José Frederico Lyra Netto, um dos fundadores do Acredito, que vai coordenar a equipe.

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