Polícia prende ex-secretário de Celso Daniel condenado por corrupção

Klinger Luiz de Oliveira Souza teria integrado esquema de propina no setor de transportes de Santo André

São Paulo

A Polícia Militar prendeu na tarde desta terça-feira, dia do Natal, Klinger Luiz de Oliveira Souza, ex-secretário de Transporte e de Serviços Municipais de Santo André na administração de Celso Daniel. O prefeito petista foi assassinado a tiros em 2002.

Souza foi condenado em 2015, com direito a recorrer em liberdade, a 10 anos, 4 meses e 12 dias de prisão em regime fechado, acusado de participar de suposto esquema de corrupção no setor de transportes de Santo André. 

 Klinger Luiz de Oliveira Souza, depõe  em 22 julho 2005,  no Fórum de Santo André no processo por corrupção no setor de transporte
Klinger Luiz de Oliveira Souza, depõe em 22 julho 2005, no Fórum de Santo André no processo por corrupção no setor de transporte - Luiz Carlos Murauskas - Folha Im

Em novembro de 2017, a 3ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo confirmou a sentença de primeira instância e aumentou a sua pena para 17 anos de prisão. Ele era considerado foragido. 

Segundo Boletim de Ocorrência da prisão, a PM fazia patrulhamento pelas ruas de Santo André quando identificou um veículo em “atitudes suspeitas”. Os policiais pararam o carro, um Jeep Renegade, e ao analisarem os documentos dos ocupantes descobriram que um deles era Souza, contra quem havia um mandado de prisão. O ex-secretário foi detido na hora.

Klinger Souza e os empresários Ronan Maria Pinto e Sergio Gomes da Silva, o Sombra, foram condenados por supostamente integrarem um esquema que cobrava propina de empresários do setor de transporte durante a gestão de Celso Daniel. 

Ronan foi preso há pouco mais de um ano. Sombra morreu em 2016, em decorrência de um câncer.

De acordo com a denúncia do Ministério Público, Souza e Sombra exigiam pagamento mensal de donos de companhias de ônibus que atuavam no município, sob a ameaça de terem seus contratos com a prefeitura suspensos.

Ronan Pinto, ainda segundo a acusação, associou-se aos dois com o objetivo de expandir seus negócios. Caberia a ele fazer o contato com os outros empresários para negociar a propina.

O prefeito de Santo André Celso Daniel, assassinado em 2002
O prefeito de Santo André Celso Daniel, assassinado em 2002

A “mensalidade” cobrada pelo grupo era de cerca de R$ 500 por ônibus em circulação, segundo a denúncia. Somente de uma empresa os réus teriam recebido, em quatro anos, cerca de R$ 2 milhões.

“[...] Cristalino ficou que todos os empresários das empresas de transportes que atuavam no município de Santo André contribuíam, na proporção do número de ônibus que possuíam, para organização criminosa que se instituiu com a liderança de Klinger e Sergio”, concluiu a Maria Lucinda da Costa, da 1ª Vara Criminal de Santo André (Grande SP), na condenação de 2015.

Celso Daniel foi sequestrado em 18 de janeiro de 2002, após sair de um restaurante de São Paulo acompanhado de Sombra. Seu corpo foi achado dois dias depois. 

Na ocasião, a Polícia Civil de São Paulo concluiu que se tratou de um crime comum. 

O Ministério Público, porém, sustentou que houve motivação política. Celso Daniel teria sido assassinado porque havia decidido acabar com o esquema de propina no transporte, cuja finalidade seria abastecer o caixa dois do PT. O partido sempre negou as acusações.
 

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