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Governo Bolsonaro

Cobertura na TV exalta informalidade do presidente e suas quebras de protocolo

Qualquer gesto de aceno do presidente à multidão era motivo para citar informalidade e simplicidade

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São Paulo

Admiradores do presidente Jair Bolsonaro presentes à cerimônia de posse chegaram a puxar coro de torcida por Record e SBT, enquanto gritavam “Globo Lixo”.

Mas, somadas, as duas emissoras cujos donos declaram apoio público a Bolsonaro, nas figuras de Edir Macedo e Silvio Santos, não alcançaram a audiência registrada pela Globo durante a transmissão.

Às 14h26, ainda no início do evento, a Globo tinha 12 pontos de audiência, a Record, 6 e o SBT, 3,5.

Às 17h05, a Globo somava 15,2 pontos, ante 7,5 da Record e 4,3 do SBT. A Band tinha então 3 pontos e a RedeTV!, menos de 1.

Os dados correspondem à medição preliminar do Kantar Ibope na Grande São Paulo, onde 1 ponto equivale a 204 mil indivíduos.

A Band foi a única, entre as quatro redes comerciais, que optou por uma ancoragem mais popular, dando voz a José Luiz Datena durante toda a transmissão.

A Globo entregou a missão a Renata Lo Prete e Heraldo Pereira, enquanto a Record ficou com Adriana Araújo, o SBT escalou Carlos Nascimento e a RedeTV! teve transmissão de Boris Casoy e Amanda Klein.

A Globo foi a primeira a iniciar a transmissão diretamente de Brasília, mas também a primeira a se despedir da cena ao vivo, encerrando seu expediente em Brasília às 17h39. Lo Prete avisou que a partir dali, os telespectadores da Globo ficariam com Christiane Pelajo.

Só ignorou que estava em transmissão simultânea com a Globo, onde a programação seguiu com novela (“Vale a Pena Ver de Novo”) e nada de Pelajo —a transmissão só continuaria pelo canal pago do grupo.

A RedeTV! foi a segunda a abandonar o barco, às 18h, e a Band, com Datena ainda em cena, ficou até o fim da cerimônia, que atrasou para além do previsto, às 18h29.

Com todo o protocolo que se seguiu nas quatro horas do acontecimento, “descontração” e “informalidade” foram as palavras mais pronunciadas por Adriana Araújo, na Record.

Datena e Nascimento não passaram longe disso. Tudo virou uma “quebra de protocolo” e qualquer gesto de aceno do presidente à multidão era motivo para saudar sua “informalidade” e “simplicidade”, termos estendidos à performance da primeira-dama, Michele Bolsonaro.

Até que Bolsonaro saísse da Granja do Torto, a caminho da cerimônia, a ocupação dos âncoras era discutir se ele sairia em carro aberto ou não.

A questão da segurança e também da meteorologia, com um céu ameaçando chuva, ajudou a cobrir o vazio de informações.

Seguindo o padrão adotado na campanha e após a eleição, Bolsonaro fez uma transmissão ao vivo por suas redes sociais, dispensando entrevistas a jornalistas antes da troca de faixa com Michel Temer.

No momento em que cumprimentava chefes de Estado presentes, quase ao fim da cerimônia, Heraldo Pereira dava informações que contextualizavam as relações do Brasil com o país de cada convidado.

Nesse mesmo instante, na Band, Datena desconectava a narração das imagens, discursando sobre o desequilíbrio de gêneros do ministério e reconhecendo que a mulher ainda tem muito a conquistar no mercado de trabalho. Mas a escolha dos homens do presidente, defendeu o apresentador, partiu de meritocracia. “Nem todos [os ministros] pensam como ele, mas ele escolheu pela competência.”

A Globo optou por chamar toda a transmissão como “Cerimônia de posse presidencial”, enquanto SBT e Record adotaram a legenda “Posse de Jair Bolsonaro”, e a Band, “Posse do presidente”

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