De verde e amarelo, manifestantes voltam à Paulista contra Renan na presidência do Senado

Usando camisetas de Bolsonaro, apoiadores minimizaram depósitos suspeitos do filho Flávio

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São Paulo

Movimentos de direita, incluindo o Vem Pra Rua e o Nas Ruas, organizaram uma manifestação contra o senador Renan Calheiros (MDB-AL) neste domingo (20) à tarde, na avenida Paulista, em São Paulo.

Manifestantes contra Renan Calheiros na Paulista neste domingo (20) - Danilo Verpa/Folhapress

O objetivo é pressionar para que o parlamentar não consiga se eleger presidente do Senado, posto que já ocupou duas vezes. Os manifestantes pedem que a votação, no dia 1º de fevereiro, seja aberta —o que poderia afastar votos de parlamentares que não querem se desgastar votando em Renan. 
 
O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, porém, suspendeu uma liminar do ministro Marco Aurélio, que determinava votação aberta, e decidiu que a votação deve ser secreta
 
"Renan é corrupto, é um rato", disse Francine Castanho, que levou uma faixa de apoio a Sergio Moro, ex-juiz da Lava Jato e atual ministro da Justiça. Os manifestantes também inflaram um boneco de Renan vestido de presidiário, à moda Pixuleco, em frente à Fiesp, e estenderam uma faixa ao longo da avenida.  
 
Segundo os organizadores, 400 pessoas participaram do ato —a Folha estimou cerca de 150 manifestantes. 

Manifestação convocada pelo Vem Pra Rua e outros movimentos contra Renan Calheiros - Danilo Verpa/Folhapress

Assim como nas manifestações contra o PT, a maior parte dos manifestantes vestiam verde e amarelo. Muitas camisetas apoiavam o presidente Jair Bolsonaro (PSL). Os depósitos suspeitos nas contas do seu filho Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e do ex-assessor Fabrício Queiroz não foram tema de cartazes ou de falas no carro de som. 
 
Questionada pela Folha sobre as suspeitas contra Flávio, Castanho respondeu: "Quando me explicarem como o filho do Lula (PT) ficou bilionário, a gente conversa". "Se alguém quiser bater panela contra Queiroz, pode bater, eu não vou."
 
Enquanto os manifestantes gritavam "Renan, seu safado, para fora do Senado", lideranças dos movimentos também foram críticas em relação ao filho de Bolsonaro, alvo de relatório do Coaf, órgão de combate à lavagem de dinheiro. A pedido de Flávio, atual deputado estadual do Rio e eleito senador, o STF suspendeu a investigação até que o ministro Marco Aurélio, relator do caso, decida a competência da corte. 
 
"Óbvio que o Vem Pra Rua quer que as investigações prossigam, nosso pilar é o combate à corrupção", diz Renato Sella, da organização. "Mas até a eleição no Senado, temos que insistir com esse problema enorme chamado Renan Calheiros. Depois vamos debater institucionalmente como vai ser exigido e trabalhado [o caso Queiroz]", completou.
 
O movimento pretende divulgar o voto de cada senador e, assim, incentivar que a população faça pressão em cada um, via telefone ou redes sociais, para que não votem em Renan. 
 
Rogério Chequer, ex-líder do Vem Pra Rua e que concorreu ao governo de São Paulo pelo Partido Novo, esteve na manifestação, falou contra Renan e cobrou explicações de Bolsonaro. 
 
"Tem que apurar todos os detalhes e está na hora do presidente se posicionar em relação a isso, se colocar de forma neutra com relação ao desfecho, ou ele perde a coerência. Isso não cheira bem", disse à Folha

Movimentos de direita realizam manifestação contra Renan Calheiros na presidência do Senado neste domingo (20), na avenida Paulista. Apoiadores de Bolsonaro não mencionaram suspeitas sobre o filho Flávio
Boneco estilo Pixuleco de Renan Calheiros em protesto na Paulista - Carolina Linhares/Folhapress

Já Luísa Raiol, presidente do grupo Fiscais da Nação, respondeu "foda-se" quando a reportagem perguntou sobre Flávio. 
 
"Não somos da turma dos petralhas, não aceitamos que fale mal de Bolsonaro e da família de Bolsonaro", disse, classificando o presidente de pessoa com "caráter, princípio e noção administrativa". 
 
"Estão fazendo isso para desestabilizar. Mas se investigar e tiver alguma coisa, lá na frente, que ele seja chamado. Agora não", relativizou. 
 
Junto com Dorival Nunes, vice do movimento, listou suspeitas sobre filhos do Lula, sobre financiamento do BNDES a Angola e Cuba e sobre a ditadura na Venezuela. "E o resto? E o Renan? É peça-chave da velha política", disse. O senador já foi alvo de 18 inquéritos no STF e é citado com frequência em delações da Lava Jato —nove casos foram arquivados. 
 
Djalma Rocha, morador da periferia, vestia uma camisa de "bolsominion". "Gastei R$ 3 mil com material de campanha para Bolsonaro e ele nem sabe que eu existo", conta. Ele vê motivação política na investigação das contas de Flávio e Queiroz. "Só tem petista no Ministério Público do Rio, o Coaf é de esquerda."
 
E também relativiza: "não pode ter político de estimação, se investigar e tiver errado, tem que punir". 
 
No carro de som, Ramiro Cruz, uma liderança da greve dos caminhoneiros, dizia que "não é porque vencemos a eleição que podemos parar". "A mídia, o lado de lá, está em constantes conchavos tentando derrubar o lado que se sagrou vencedor." Chamando a imprensa de suja, disse que nenhum veículo noticiaria a manifestação deste domingo. 
 
Os líderes da manifestação, a princípio, não quiseram deixar a Folha subir no carro de som para fotografar quando a reportagem se identificou. Depois, autorizaram. 

Djalma Rocha, que vestiu camiseta de "Bolsominion" na manifestação - Carolina Linhares/Folhapress

Alguns manifestantes chamaram a Folha de jornal lixo ao serem abordados. "Por que eu estou falando com um panfleto comunista?", questionou um homem que vestia uma camisa com o nome de Bolsonaro e dos filhos.

Sobre as suspeitas do Coaf, disse haver "uma vontade de fazer difamação, porque Bolsonaro vai cortar privilégios e está tendo uma retaliação".

Os movimentos organizam nova manifestação contra Renan no próximo domingo (27), na avenida Paulista. 

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