O novo comandante da Aeronáutica, o tenente-brigadeiro Antonio Carlos Moretti Bermudez, 62, afirmou nesta sexta-feira (4) em Brasília que haverá "dificuldades" no início do governo de Jair Bolsonaro, inclusive pela "reação corporativa", mas que elas não serão capazes de impedir "o avanço do nosso país".
A cerimônia de posse, na Base Aérea de Brasília, foi acompanhada pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo vice, Hamilton Mourão, e ministros de estado. Bolsonaro não discursou.
"O documento que define a conduta do governo federal nesta sua fase inicial deixa claro que dificuldades irão surgir, seja pelo receio de mudanças, seja pela escassez de recursos ou mesmo provenientes da reação corporativa com o inconformismo com um governo verdadeiramente diferente. Entretanto, o próprio documento evidencia que nada disso será suficiente para impedir o avanço do nosso país", disse Bermudez, em seu primeiro discurso.
A posse de Bermudez ocorre no sistema de rodízio normal adotado pelas Forças, cujos comandantes são trocados logo após o início do mandato presidencial. O critério utilizado por Bolsonaro para a escolha dos comandantes foi o da antiguidade.
Em seu discurso, Bermudez falou da necessidade de "garantir aporte de investimentos para os projetos estratégicos, que suportam nossa efetiva atuação num cenário tridimensional". "Temos a certeza de que somente com a incorporação de novas tecnologias e a capacitação do nosso efetivo é que seremos capazes de controlar, defender e controlar essa fabulosa área de 22 milhões de quilômetros quadrados", disse Bermudez.
O novo comandante disse que sua prioridade "será aumentar a qualidade dos nossos cursos a fim de garantir a formação de profissionais que saibam aliar inteligência multifacetada, comunicação construtiva, trabalhar em equipe e principalmente realizar várias tarefas simultaneamente".
O Comando da Aeronáutica, a menor das três Forças, tem cerca de 66 mil militares e 5.000 civis. Encarregada do controle do tráfego aéreo, da defesa do espaço aéreo e da integração do território brasileiro, a Força cobre 22 milhões de quilômetros quadrados.
Segundo a FAB, os projetos considerados estratégicos hoje são o do avião cargueiro KC-390, cujas primeiras unidades devem ser recebidas em 2019, o caça Gripen NG e o Pese (Programa Estratégico de Sistemas Espaciais).
Bermudez é natural de Santo Ângelo (RS) e ingressou na FAB há 43 anos, em fevereiro de 1975. Ele foi chefe do Estado-Maior do Comando-Geral de Operações Aéreas e comandante da Terceira Força Aérea, responsável pelo gerenciamento das unidades de caça e reconhecimento da FAB.
Em seu discurso de despedida, o tenente-brigadeiro Nivaldo Rossato desejou "pleno sucesso" ao novo presidente na tarefa de atender às demandas da população.
Ele fez agradecimentos aos ex-presidentes Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB). Citou também os ex-ministros Jaques Wagner (PT) e Aldo Rebelo (Solidariedade).
"Não podemos nos enganar. As ameaças existem e estão mimetizadas à nossa volta e até entre nós. E prontas para mostrar a sua força, aproveitando nossas vulnerabilidades. Por isso, devemos estar sempre prontos", disse.
O presidente chegou ao evento acompanhado de seu filho Carlos Bolsonaro, vereador pelo Rio de Janeiro.
O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, discursou em homenagem a Nivaldo Luiz Rossato, que deixou o comando da Aeronáutica, e desejou sucesso a seu sucessor.
Para encerrar, usou o slogan da campanha eleitoral de Bolsonaro de maneira incompleta. “Brasil acima de tudo”, disse Azevedo e Silva. O slogan eleitoral era completado pela frase "Deus acima de tudo".
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