Início do governo Zema em Minas tem demissões, ameaça de greve e renomeações

Gestão é considerada a principal vitrine do Novo no Brasil, que tem o enxugamento da máquina pública como uma de suas bandeiras

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Marcelo Coelho da Fonseca
Belo Horizonte

Com um déficit orçamentário oficial de R$ 11,4 bilhões (que o novo governo diz passar dos R$ 30 bilhões), Romeu Zema (Novo) enfrenta, no início de mandato em Minas Gerais, pressão de sindicatos pelo pagamento do 13º do ano passado e pelo fim do parcelamento dos salários, que acontece há exatos três anos.

Ainda não existe previsão para o pagamento do benefício deixado em aberto pelo ex-governador Fernando Pimentel (PT), e os sindicatos dos servidores da segurança e da educação entraram na Justiça cobrando o acerto com o funcionalismo.

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, que comanda a principal vitrine do Partido Novo no país
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, que comanda a principal vitrine do Partido Novo no país - Gil Leonardi - 10.jan.2019/Imprensa MG

Os policiais civis ameaçam até mesmo uma paralisação. "Como policiais não podemos fazer greve, mas podemos nos manifestar e fazer paralisações de 24 horas ou até 48 horas. A situação é muito grave. Muitos pegaram empréstimos com bancos e a primeira parcela do salário deste mês já estará comprometida", disse o presidente do Sindpol, José Maria de Paula Cachimbinho.

Na semana passada, Zema anunciou em vídeo no Facebook a escala de pagamento do salário de dezembro para os servidores estaduais. A primeira parcela foi paga na segunda-feira (14).

Os servidores das áreas de segurança pública e saúde receberam R$ 3.000, e o restante do funcionalismo, R$ 2.000. A última parcela do pagamento está prevista para o dia 28.

Sem divulgar oficialmente suas agendas, Zema aposta nas redes sociais para divulgar as ações de sua gestão —foram mais de 30 postagens em suas contas nas duas semanas de governo.

O novo governo teve início marcado pelo grande número de exonerações dos servidores comissionados.

A "limpeza dos funcionários sem concurso público" prometida por Zema durante a campanha resultou na demissão de 6.000 servidores. A dispensa recebeu o apoio de seguidores do governador.

Duas semanas depois das exonerações, mais de 800 funcionários retornaram aos cargos, e o governo admite que pode renomear mais servidores nas próximas semanas. O objetivo é garantir o funcionamento dos órgãos, mesmo que em escala mínima.

Equipamentos culturais foram afetados no corte de comissionados. O Museu Mineiro fechou as portas entre os dias 1º e 4, e passou a abrir só após o meio-dia, o que não ocorria em anos anteriores. A Biblioteca Estadual cancelou os empréstimos de livros.

No Arquivo Público, houve desligamento de pessoas que há décadas atuavam na conservação e restauro do acervo, segundo Denis Soares da Silva —ele mesmo foi exonerado no primeiro dia do ano e reconduzido sete dias depois ao cargo de diretor de Acervos Permanentes do órgão.

"Sem esses técnicos treinados o acervo vai se deteriorando e corremos risco de perder patrimônios com mais de 300 anos de história", diz Silva.

Segundo a assessoria do governo, os equipamentos culturais estão funcionando com capacidade de, no mínimo, 20% dos servidores. "Aos poucos e, na medida das urgências, o governo está reconduzindo servidores para suprir as necessidades."

A administração de Zema é considerada a principal vitrine do Novo no Brasil, e a proposta de enxugar a máquina pública é apontada por membros do partido como fundamental para a legenda.

"Eram 6.000 pessoas ocupando funções no estado. Estamos praticando um compromisso de campanha que é de reduzir em 80% as nomeações sem concurso público", afirma Guilherme da Cunha, deputado estadual do partido.

Mas o compromisso é também, diz o deputado, fazer o estado funcionar. "Vamos nomear ou renomear os funcionários necessários para atender bem a população."

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