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Governo Bolsonaro

Michelle adota corte sexy e Legislativo homenageia Bolsonaro com 'azul realeza'

Espertamente, ela adicionou à posse beleza, modernidade e viés inclusivo com o discurso em Libras

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São Paulo

Contrariando previsões baseadas nos costumes de sua orientação religiosa, a brasiliense Michelle Bolsonaro, 38, não aderiu ao look virginal na posse do marido, o presidente empossado Jair Bolsonaro (PSL), preferindo acenar para as câmeras com um contundente e justíssimo tomara-que-caia.

A primeira-dama, Michelle, escolheu um modelo acetinado e com decote canoa para a posse de Bolsonaro
A primeira-dama, Michelle, escolheu um modelo acetinado e com decote canoa para a posse de Bolsonaro - Ricardo Moraes/Reuters

Acetinado e com decote canoa, corte popularizado nesta década pelo armário da realeza britânica, o vestido fez Michelle subir a rampa do Planalto como a primeira-dama mais sexy desde a redemocratização.

De quebra, ela ainda jogou para o alto a imagem recatada vendida por sua antecessora, Marcela Temer. A agora ex-primeira-dama repetiu o vestido Luisa Farani que usou no desfile do 7 de setembro, em 2017, e roubou de Michelle, pelo menos por alguns minutos, os holofotes da internet.

Se a única lembrança da gestão passada é o cabelo loiro finalizado com pontas onduladas, não se pode dizer o mesmo do rosa quartzo, meio bege, que tingiu o look da posse em Brasília.

O tom é um grau mais iluminado do que o rosa chá do conjunto rendado da ex-presidente Dilma Rousseff na posse de seu segundo mandato, em 2015. A cor, vale lembrar, costuma ser usada por noivas que casam pela segunda vez, detalhe que faz sentido pela etiqueta escolhida por Michelle.

O look é assinado pela estilista paulistana Marie Lafayette, dona de ateliê no Rio e em São Paulo que intitula de “haute couture”, ou alta-costura, em francês, e é especializado em vestidos de noiva e festa.

Lafayette desenhou o vestido da primeira-dama e disse ter se inspirado na ex-primeira-dama Jacqueline Kennedy e na princesa de Mônaco Grace Kelly. Ela afirma ser tetraneta do militar francês Marquês de Lafayette (1757-1834), que lutou na Revolução Francesa e na Independência Americana.

A escolha de Michelle relembra um padrão das primeiras-damas brasileiras nos tempos da ditadura militar, quando era comum contratarem estilistas particulares, de roupa sob medida, para reproduzir modelos da Europa e dos Estados Unidos. 

No segundo look, um longo preto de rendas usado em um coquetel no Itamaraty, ela despiu a imagem sexy e assumiu um tipo fatal, tipo Mortícia Adams, com corte justo e cauda aberta.

Parece haver um outro motivo, esse mais engenhoso, na ousadia de uma primeira-dama que só usava terninhos claros em encontros midiáticos com o povo. Michelle parece ter aceitado o cargo, que Melania Trump tenta cumprir nos Estados Unidos, de ser um equalizador da imagem conservadora do marido.

 

Espertamente, ela adicionou  à posse beleza, modernidade e viés inclusivo —o discurso em Libras foi um acerto marqueteiro—, adjetivos pouco ou nada vinculados à imagem rígida do marido.

Jair Bolsonaro, aliás, deixou para a mulher o fator surpresa da festa. A gravata que manteve em segredo nada dizia além de que provavelmente não foi escolhida por ele, cujo pescoço costuma estar enrolado em nós gordos de gravatas largas.

Azul royal, o acessório combinava com o tom marinho do terno de tecido Loro Piana confeccionado pelo desconhecido alfaiate Santino Gonçalves, de Duque de Caxias (RJ), que o presenteou com o conjunto de duas peças. A cor também foi recorrente nas posses estaduais, como a dos novos governadores João Doria (SP) e Wilson Witzel (RJ). 

Houve uma tentativa de modernizar a imagem do militar reformado, ajustando braços e cintura, e costurando detalhes verde e amarelo nas barras do paletó. Não contavam, porém, com o grosso colete à prova de balas que Bolsonaro parecia estar usando tamanho era o aperto visto nos braços, ombros e barriga.

Se Bolsonaro parecia desajustado, os congressistas que acompanharam o discurso no Senado queriam se alinhar às ideias do novo mandatário. Um mar azulado como o costume dado de presente por Santino, que também cortou o terno do filho mais velho do presidente, o deputado Flávio Bolsonaro (PSL), coloriu a plateia de apoiadores. 

Coloriu também a vice primeira-dama, Paula Mourão, que usou um vestido rendado no tom real da gravata do presidente. 

A reverência “royal” não seria possível se tantos detalhes sobre o armário da família não tivessem sido vazados muito antes da posse, via redes sociais. Incomum, a divulgação soa quase como um daqueles comunicados de coroação, aqui, de uma família que já é vista como uma espécie de nova realeza brasileira.

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