Descrição de chapéu Lava Jato

Alvo da Lava Jato, Aloysio nega ter recebido cartão de crédito de Paulo Preto

Ex-chanceler afirma que diligência em sua casa é invasiva e que nunca nada foi provado contra ele

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São Paulo

O ex-chanceler Aloysio Nunes (PSDB), envolvido em nova fase da operação Lava Jato deflagrada nesta terça (19), disse que não sabe porque está sendo investigado e que não recebeu o cartão de crédito citado nas investigações. 

“Estou em busca do que existe nesse inquérito. O delegado que conduziu a diligência não pode me dizer, porque o inquérito está em segredo, então estou buscando saber o que que há”, disse o ex-senador, antes de uma palestra na Fundação FHC, em São Paulo.

Questionado sobre o cartão de crédito citado na investigação, disse: “Não, não recebi”.

O ex-chanceler Aloysio Nunes (PSDB) durante seminário de política externa nesta terça (19) na Fundação FHC
O ex-chanceler Aloysio Nunes (PSDB) durante seminário de política externa nesta terça (19) na Fundação FHC - Danilo Verpa/Folhapress

No início da palestra, sobre os desafios da política externa brasileira, Aloysio voltou a citar o caso. “Nem eu nem meu advogado sabemos do que se trata, mas a imprensa sabe”, criticou. 

Ele também falou sobre a diligência em sua casa. “É algo muito invasivo. Mexe com a família, reviram suas gavetas. Mas só resta aguardar e enfrentar. Já fui citado antes e nada foi provado.”

Atualmente, Aloysio é presidente da Investe SP, agência do governo paulista para atração de investimentos. Ele foi nomeado pelo governador João Doria (PSDB).

A Polícia Federal na casa do ex-chanceler Aloysio Nunes em São José do Rio Preto
A Polícia Federal na casa de Aloysio Nunes em São José do Rio Preto - Carlos Petrocilo/ Folhapress

O tucano disse também que o financiamento de campanha segue um tema complexo. “O fim da contribuição de empresas gerou outros tipos de laranjais, como estamos vendo”, comentou.

Aloysio mencionou uma conversa com um ministro do exterior peruano, em 2017, que lhe perguntou quando a Lava Jato acabaria. “Nunca vai acabar. É uma história de Sheherazade, que sempre vão tirando coisas para manter a competência da vara da Justiça Federal de Curitiba”, disse. 

Ele também se comparou ao escritor Graciliano Ramos (1892-1953) que, depois de ser preso, era chamado com frequência para prestar esclarecimentos no Dops (Departamento de Ordem Política e Social). “Ele dizia: ‘Quando você entra na mira dessa gente, qualquer greve de barbeiro começa e [eles] vão buscar você na sua casa’’.”

A Procuradoria acusa Paulo Preto, ex-diretor da Dersa, de ter movimentado pelo menos R$ 130 milhões em contas na Suíça, entre 2007 e 2017. Em uma dessas contas, segundo o MPF, foi emitido um cartão de crédito em favor do ex-senador Aloysio Nunes, em dezembro de 2007 —que teria sido entregue a ele num hotel em Barcelona, na Espanha. Na época, Nunes era secretário da Casa Civil do governo de São Paulo, na gestão de José Serra (PSDB). O cartão foi emitido na semana entre o Natal e o Ano Novo.

Aloysio, 73, foi ministro das Relações Exteriores entre março de 2017 e dezembro de 2018, durante o governo Michel Temer (MDB). 

Formado em direito pela USP, ele se exilou na França durante a ditadura militar. Após voltar ao Brasil, foi vice-governador de São Paulo (1991-1994), deputado federal (1995-2007) e senador (2011-2018).

No governo FHC, foi ministro-chefe da Casa Civil (1999) e da Justiça (2001-2002). Em 2014, disputou a eleição como vice na chapa de Aécio Neves.

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