Descrição de chapéu Governo Bolsonaro

Bebianno nega irregularidade e diz que trabalhou 'com perfeição' na campanha

Ministro que presidiu o PSL no período eleitoral afirmou que seu trabalho era apenas com Bolsonaro

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Brasília

O ministro da Secretaria-Geral, Gustavo Bebianno, diz estar tranquilo e nega ter envolvimento com candidaturas laranjas do PSL, reveladas pela Folha.

Antes de ser escolhido ministro pelo presidente Jair Bolsonaro, o advogado comandou interinamente o PSL entre janeiro e outubro de 2018.

"A minha parte está feita com perfeição. As contas foram aprovadas pelo TSE", disse.

O ministro Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral), durante cerimônia de transmissão de cargo
O ministro Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral), durante cerimônia de transmissão de cargo - Eduardo Anizelli - 2.jan.2019/Folhapress

À Folha, ele afirmou que não cabia ao diretório nacional acompanhar a escolha de candidatos e a distribuição de recursos nos estados, e que isso era atribuição regional.

"A escolha dos candidatos, a disponibilização das legendas para candidatos a deputado estadual, deputado federal, senador e governador é de responsabilidade de cada estado", disse na noite desta terça-feira (12).

Responsável por negociar a filiação de Bolsonaro ao PSL no início do ano passado, Bebianno diz que seu trabalho era apenas com a eleição do presidente.

"A responsabilidade cível e criminal é bem dividida. É dos diretórios regionais. A mim competiu trabalhar para eleição do presidente. Para eleição dos deputados estaduais, federais, senadores e governadores, cada diretório montou sua chapa e conduziu."

Reportagem publicada pela Folha no domingo revelou que o grupo do atual presidente do PSL, Luciano Bivar (PE), recém-eleito segundo vice-presidente da Câmara dos Deputados, criou uma candidata laranja em Pernambuco que recebeu do partido R$ 400 mil de dinheiro público na eleição de 2018.

Maria de Lourdes Paixão, 68, que oficialmente concorreu a deputada federal e teve apenas 274 votos, foi a terceira maior beneficiada com verba do PSL em todo o país, mais do que o próprio presidente Bolsonaro e a deputada Joice Hasselmann (SP), essa eleita com 1,079 milhão de votos.

O dinheiro do fundo partidário do PSL foi enviado pela direção nacional da sigla para a conta da candidata em 3 de outubro, quatro dias antes da eleição. Na época, Bebianno era presidente interino da legenda.

Apesar de ser uma das campeãs de verba pública do PSL, Lourdes teve uma votação que representa um indicativo de candidatura de fachada, em que há simulação de atos de campanha, mas não empenho efetivo na busca de votos.

A PF intimou Lourdes a prestar depoimento na superintendência no Recife. A fala dela está marcada para às 11h desta quinta-feira (14). Na manhã desta terça, a Folha esteve na residência de Maria de Lourdes e na sede do PSL em Pernambuco. Ela não foi encontrada em nenhum dos dois lugares.

Embora afirme que a responsabilidade pelas escolhas das candidaturas e distribuição dos recursos seja regional, Bebianno diz confiar em Bivar.

"Eu confio no Bivar. Até aqui o Bivar não fez nada que me causasse estranheza, muito pelo contrario, confio nele", afirmou.

Dos R$ 400 mil repassados pelo PSL, Lourdes declarou ter gastado R$ 380 mil de dinheiro público em uma gráfica a quatro dias da eleição, em outubro do ano passado.

Na semana passada, a reportagem da Folha visitou primeiramente um endereço que consta na nota fiscal da gráfica Itapissu, no bairro Arruda, na capital pernambucana, e encontrou apenas uma oficina de carros, que funciona há quase um ano no local.

Na segunda (11), a empresa, no endereço constante na Receita Federal, amanheceu de porta aberta.

Numa sala pequena com duas mesas, não havia máquinas para impressão em larga escala. 

À Folha, Bebianno também negou ter qualquer contato com a gráfica. 

"O papel da nacional é transferir pro candidato. Quem contrata a gráfica é o candidato. Eu não tenho contato com gráfica nenhum lugar do Brasil", disse.

Presidente incomodado

Incomodado com a situação no partido, o presidente Jair Bolsonaro quer uma solução rápida para o caso. Ele discutiu com o ministro nesta terça e o fez cancelar agendas previstas para esta quarta (13), o que aumentou a pressão entre aliados para que Bebianno peça para sair do governo.

Oficialmente, o ministro informou por meio de sua assessoria que o cancelamento da agenda foi um pedido de Bolsonaro, que requisitou que todos os ministros com assento no Planalto estejam em Brasília no dia de sua volta à capital —o presidente deve deixar São Paulo, onde está internado desde o dia 27 de janeiro, na tarde desta quarta.

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