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Bolsonaro recebe alta, 16 dias após a cirurgia em hospital de São Paulo

Médicos afirmam que quadro pulmonar foi normalizado; presidente fala em 'voltar a trabalhar'

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Presidente Jair Bolsonaro, após alta, durante saída do Hospital Albert Einstein
Presidente Jair Bolsonaro, após alta, durante saída do Hospital Albert Einstein, nesta quarta (13) - Divulgação/Presidência da República
São Paulo e Brasília

Após 17 dias internado, o presidente Jair Bolsonaro recebeu alta do hospital Albert Einstein, em São Paulo, nesta quarta-feira (13).

Ele foi submetido em 28 de janeiro a uma cirurgia de reconstrução do trânsito intestinal e retirada da bolsa de colostomia. Havia sido internado no dia anterior.

Foi a terceira cirurgia a que foi submetido em decorrência do ataque a faca ocorrido em setembro, durante ato de campanha eleitoral em Minas Gerais.

Sua saída foi postergada pelo diagnóstico, na semana passada, do quadro de pneumonia. Ele deixou o hospital por volta das 12h20 com destino ao Aeroporto de Congonhas, de onde embarcou no avião presidencial para Brasília.

Agora, permanecerá no Palácio da Alvorada, em descanso até o próximo fim de semana, e será acompanhado por uma equipe médica.

"Os médicos prescreveram que ele se mantenha em descanso e faça uma autoavaliação de receber ou não ministros", disse o porta-voz Otávio do Rego Barros, em Brasília.

Em nota, a equipe médica informou que o presidente recebeu alta "com o quadro pulmonar normalizado, sem dor, afebril, com função intestinal restabelecida e dieta leve por via oral".

Desde a segunda (11) o presidente estava em um apartamento no hospital. A nutrição parenteral (por via endovenosa) foi suspensa e os médicos introduziram uma dieta leve, que prosseguiu na terça, com uso de suplemento nutricional.

Nesta quarta, Bolsonaro acordou sem febre. Ele se alimentou de um mini pão francês, dois biscoitos água e sal e uma fruta cozida.

Segundo a equipe médica, após o diagnóstico de pneumonia, a evolução clínica foi considerada boa, "sem disfunções orgânicas e com melhora dos exames laboratoriais".

"O dreno colocado no seu abdome foi retirado pela equipe de radiologia intervencionista em 8 de fevereiro, quatro dias após sua introdução. Devido à melhora do quadro intestinal e boa receptividade à dieta líquida, a sonda nasogástrica também foi retirada. O quadro pulmonar progrediu de forma positiva, assim como os exames laboratoriais."

No período em que ficou internado, Bolsonaro fez exercícios de fisioterapia respiratória e motora e caminhadas fora do quarto. Foram tomadas medidas de prevenção de trombose venosa. ​

Em mensagem em rede social, publicada no instante em que decolava para Brasília, Bolsonaro comemorou a alta e voltou a citar o PSOL, partido ao qual foi filiado o autor do ataque a faca, Adélio Bispo de Oliveira. O partido opositor tem reclamado dessas menções em declarações do presidente.

"Finalmente deixamos em definitivo o risco de morte após a tentativa de assassinato de ex-integrante do PSOL. Só tenho a agradecer a Deus e a todos por finalmente poder voltar a trabalhar em plena normalidade."

PRÓXIMOS PASSOS

O porta-voz da Presidência disse nesta tarde que ainda não há definição de datas para as próximas viagens ao exterior.

Antes da cirurgia, Bolsonaro planejava visitar os Estados Unidos e Israel entre março e abril. Agora, no entanto, a equipe do presidente avalia se ele será liberado pelas condições de saúde a cumprir esse calendário. A confirmação depende também da resposta dos dois países.

A partir de agora, o presidente seguirá com uma série de cuidados em casa. Ainda há riscos associados não só à cirurgia mas também ao tempo em que passou no hospital.

No período, ele esteve exposto a diferentes ambientes (centro cirúrgico, apartamento, semi-intensiva e UTI).

"Por mais que se tenha cuidado em lavar as mãos e usar máscaras, ele teve contato com bactérias hospitalares que passam a fazer parte da flora da pele e do intestino dele", explica Diego Adão Fanti Silva, cirurgião do aparelho digestivo da Unifesp.

Segundo ele, essas bactérias ficam colonizando o organismo por um período e, eventualmente, podem causar uma nova infecção mesmo após a alta, uma vez que a recuperação do sistema imune e a melhora da inflamação do corpo ocorrem de forma gradual.

O risco estimado na literatura médica é baixo, menor que 5%, e vai diminuindo com o tempo. Por isso, nas primeiras semanas após a alta é preciso atenção aos sinais infecciosos, como indisposição, febre, tosse e dor abdominal.

O infectologista Artur Timerman, do hospital Edmundo Vasconcelos, afirma que o período mais crítico será nos próximos dois meses, tempo que leva para que a flora intestinal nativa se recomponha.

"O fato de ter tido uma alteração no trânsito normal do intestino faz com o microbioma já mude bastante e há riscos de novas infecções."

De acordo com ele, será fundamental uma dieta equilibrada, com fibra e bastante hidratação, para que o intestino funcione todos os dias. "Um trânsito mais lento pode expô-lo a risco de infecções."

A cirurgia, as infecções e o fato de ter ficado acamado tanto tempo causam atrofia da musculatura e acúmulo de líquidos, principalmente na região das pernas.

"Por isso, é provável que o presidente continue com sessões de fisioterapia motora e respiratória em casa, associada a orientação nutricional, para garantir a recuperação da massa magra perdida. Isso também auxilia na melhora do sistema imune e da inflamação", explica Fanti Silva.

Outro cuidado adicional são com os cortes abdominais da cirurgia em si e do local onde estava instalada a bolsa de colostomia, retirada na cirurgia. "No local da bolsa, pode sobrar uma colonização [de bactérias] da pele e voltar a infectar", diz Sobrado.

Também há riscos (menos de 5%) de novas aderências (de uma alça ou tecido grudar no outro), que são inerentes à cirurgia de intestino.

Segundo Fanti Silva, elas podem acontecer a qualquer momento e não existe medida preventiva.

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