Descrição de chapéu Governo Bolsonaro

Conheça a trajetória do PSL, de sigla nanica até Bolsonaro e os laranjas

A ascensão meteórica do partido fundado pelos Tuma e dirigido por 20 anos por Luciano Bivar

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São Paulo

Fundado em 1994 pela família Tuma e registrado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em 1998, o PSL (Partido Social Liberal) viu sua história mudar radicalmente em 2018, quando o hoje presidente Jair Bolsonaro acertou sua filiação ao partido.

Até o ano passado considerado uma sigla nanica, com somente oito deputado federais, o PSL foi catapultado para a segunda maior bancada neste ano, com 52 nomes na Câmara dos Deputados, atrás apenas do PT.

Sem representação no Senado até então, elegeu quatro representantes na casa.

O avanço repentino colocou o partido, que defende uma bandeira de liberalismo na economia e que após Bolsonaro passou a advogar também o conservadorismo nos costumes, sob os holofotes.

Como revelou a Folha, o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, que é do partido, patrocinou um esquema de quatro candidaturas laranjas no estado de Minas Gerais, abastecidas com verba pública do PSL.

Além disso, na época que era presidente nacional do partido, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, liberou R$ 250 mil de verba pública para a campanha de uma ex-assessora, que repassou parte do dinheiro para uma gráfica registrada em endereço de fachada.

Acompanhe abaixo a trajetória do PSL e um raio-x do partido.

 

 

DA FAMÍLIA TUMA A BOLSONARO; ENTENDA A HISTÓRIA DO PSL  

1994

O Partido Social Liberal foi fundado em 30 de outubro de 1994 pelo médico Rogério Tuma, filho do ex-senador Romeu Tuma, morto em 2010, que ingressou na sigla no ano seguinte. A família Tuma criou o PSL com a ajuda do advogado Marcílio Lima Duarte, uma espécie de especialista na criação de partidos que chegou a ser apelidado de “maníaco das siglas” nos corredores do Congresso

O então senador pelo PSL Romeu Tuma, durante palestra em seminário sobre descriminação das drogas
O então senador pelo PSL Romeu Tuma, durante palestra em seminário sobre descriminação das drogas - Sergio Lima/Folhapress

APROVAÇÃO DO REGISTRO (1998)

O TSE aprova o registro do PSL em 1998, um ano depois de Romeu Tuma deixar o partido e entrar no PFL (Partido da Frente Liberal). No mesmo ano, Luciano Bivar se elege deputado federal pelo partido e também se torna presidente da sigla, função que exerce até hoje.

Ao longo dos anos tirou algumas licenças do cargo, como em 2018, quando deu lugar ao hoje ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, para se candidatar novamente à Câmara em 2018.

PRIMEIRA CANDIDATURA (2006)

É o ano do lançamento da primeira candidatura à presidência da República de um candidato do PSL, o próprio Luciano Bivar.

Ele, que na época era presidente do Sport Club do Recife, foi integrante em seus anos de deputado federal da chamada “bancada da bola”, que atuava para barrar investigações contra dirigentes da CBF.

Candidato à Presidência, defendeu a criação do Imposto Único Federal e da suspensão da dívida externa. Teve apenas 62 mil votos.

O então candidato à presidência da República pelo PSL Luciano Bivar, em 2006
O então candidato à presidência da República pelo PSL Luciano Bivar, em 2006 - Caio Guatelli/Folhapress

MOVIMENTO LIVRES (2015)

No final de 2015, uma ala do PSL cria o movimento Livres, tendência interna de jovens em defesa do liberalismo econômico e também de liberdades individuais, como legalização da maconha e a união entre pessoas do mesmo sexo.

Em dois anos de atuação, essa corrente passa a controlar a comunicação da sigla e a ocupar a presidência de mais de 10 diretórios estaduais, ganhando o apelido de “PSOL da direita” pela defesa de temas polêmicos. A ala deixou o partido quando Bolsonaro acertou com Bivar sua filiação ao PSL.

ANO DE ELEIÇÃO (2018)

Janeiro - Luciano Bivar e Jair Bolsonaro anunciam a filiação do então deputado federal ao PSL, com o objetivo de lançar sua candidatura à Presidência da República. Em 2017, Bolsonaro havia firmado compromisso semelhante com o Patriota, mas desistiu porque avaliou que teria pouco controle sobre as decisões da sigla. 

Julho - O nome de Bolsonaro é oficializado como candidato à Presidência da República pelo PSL.

Agosto - O PSL, que até então havia disputado com somente um nome em eleições para o cargo máximo de um estado,  lança 13 candidatos a governador e 10 candidatos a vice-governador. De 680 candidatos a qualquer cargo nas eleições de 2014, a legenda lança 1.454 nomes. 

Setembro - Bolsonaro sofreu um atentado no dia 6 de setembro durante ato de campanha em Juiz de Fora, em Minas Gerais. 

Outubro - Bolsonaro vence as eleições presidenciais no segundo turno. Impulsionado por sua popularidade, o PSL elege três governadores e emplaca 52 deputados federais e quatro senadores. 

Jair Bolsonaro durante o lançamento de sua candidatura em convenção do PSL no Rio
Jair Bolsonaro durante o lançamento de sua candidatura em convenção do PSL no Rio - Raquel Cunha/ Folhapress


IMAGEM ABALADA (2019)

A imagem do partido começa a ser abalada com revelações de um esquema de candidaturas laranjas dentro do partido.

Como revelou a Folha, o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, que é de Minas Gerais, patrocinou um esquema de quatro candidaturas laranjas no estado abastecidas com verba pública do PSL.

Na época que era presidente nacional do partido, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, liberou R$ 250 mil de verba pública para a campanha de uma ex-assessora, que repassou parte do dinheiro para uma gráfica registrada em endereço de fachada.

Reportagem da Folha revelou ainda que o grupo do atual presidente do PSL, Luciano Bivar (PE), recém-eleito segundo vice-presidente da Câmara dos Deputados, criou uma candidata laranja em Pernambuco que recebeu do partido R$ 400 mil de dinheiro público na eleição de 2018. O dinheiro foi liberado por Bebianno.

Maria de Lourdes Paixão, 68, que oficialmente concorreu a deputada federal e teve apenas 274 votos, foi a terceira maior beneficiada com verba do PSL em todo o país, mais do que o próprio presidente Bolsonaro e a deputada Joice Hasselmann (SP), essa com 1,079 milhão de votos.

O ministro Gustavo Bebianno durante cerimônia de transmissão de posse no Palácio do Planalto
O ministro Gustavo Bebianno durante cerimônia de transmissão de posse no Palácio do Planalto - Eduardo Anizelli/ Folhapress
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