Filho do presidente Jair Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) disse nesta sexta (1) não ver a possibilidade de manter a eleição secreta para a presidência do Senado. "A Casa já decidiu, não tem como voltar atrás nessa questão do voto aberto", declarou.
Questionado sobre a possibilidade de o processo ser judicializado, o congressista afirmou que o próprio STF (Supremo Tribunal Federal) já sinalizou qual é o seu entendimento a respeito.
No mês passado, ao decidir que a votação secreta era a forma prevista no regimento até aquele momento, o presidente da corte, Dias Toffoli, afirmou também que a eleição no Legislativo era um assunto interna corporis, ou seja, que cabia aos senadores a definição de regras a respeito.
"O Supremo já falou que quem resolve o rito é o Senado. Na minha avaliação, o próprio presidente do STF já decidiu que quem resolve é o Senado."
Nesta sexta, o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), único remanescente da antiga Mesa Diretora do Senado, avocou para si a presidência provisória da Casa e abriu votação sobre o regime das eleições.
Os senadores, então, definiram que a escolha do próximo presidente tem de se dar por voto explícito. Alcolumbre é provável candidato e esse desfecho favoreceria sua vitória, em detrimento de Renan Calheiros (MDB-AL), até a véspera considerado favorito na disputa.
O grupo pró-Renan protestou, levantando infrações ao regimento interno do Senado e acusando Alcolumbre de influenciar as regras da eleição em causa própria.
A manobra de Alcolumbre —aliado do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS)— foi articulada com o governo de Jair Bolsonaro.
Flávio Bolsonaro negou a atuação do Planalto nos bastidores. "O Senado é soberano, está tomando sua decisão, não tem interferência nenhuma. Cada senador vota como bem entender."
O senador era visto como um dos principais atores do processo de eleição no Senado, mas teve de se recolher após o escândalo sobre movimentações financeiras suspeitas de um assessor e dele próprio.
Participou apenas de negociações nos bastidores, estratégia para que o caso não contaminasse o debate na Casa.
Na sessão ao fim interrompida, enquanto os colegas de seu partido e das demais legendas trocavam acusações, Flávio Bolsonaro passou quase todo o tempo sentado numa cadeira no plenário, mascando calmamente um chiclete. Ficou apenas de observador, enquanto os companheiros de bancada, a exemplo de Major Olímpio (PSL-SP), assumiam a tribuna para defender a legitimidade da manobra de Alcolumbre.
No início da tarde, em seu gabinete, Flávio Bolsonaro se reuniu com aliados, entre eles o suplente, Paulo Marinho (PSL-RJ). Nos corredores do Senado, dedicou-se a tirar selfies com simpatizantes e a dar explicações sobre a saúde do pai, que se recupera de uma cirurgia para restabelecer o pleno funcionamento do intestino.
No momento da posse, enquanto prometia cumprir a Constituição, ouvia-se no fundo do plenário gritos de "Queiroz", "Queiroz", puxados pela oposição, em referência a Fabrício Queiroz, assessor de seu gabinete que movimentou R$ 1,2 milhão em um ano.
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