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PSL contrata advogado para defender candidata laranja em investigação da PF

Maria de Lourdes recebeu R$ 400 mil a quatro dias da eleição por ser aposta do partido, diz defensor

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Recife

​Candidata laranja do PSL em Pernambuco, Maria de Lourdes Paixão terá a sua defesa paga pelo próprio partido durante o processo de investigação do esquema pela Polícia Federal.

A informação foi confirmada nesta quarta-feira (20) pelo advogado de Lourdes, Ademar Rigueira. Ele demonstrou irritação ao ser indagado sobre quem pagaria pelos seus serviços. “Você é da Receita Federal?”, questionou aos repórteres.

Candidata laranja que recebeu R$ 400 mil do PSL em Pernambuco chega para depoimento à Polícia Federal no Recife
Candidata laranja que recebeu R$ 400 mil do PSL em Pernambuco chega para depoimento à Polícia Federal no Recife - João Valadares/Folhapress

No último dia 10, reportagem da Folha revelou que o PSL criou essa candidata laranja em Pernambuco, que recebeu do partido R$ 400 mil de dinheiro público na eleição de 2018. Ela teve 274 votos e gastou R$ 380 mil em uma gráfica com endereço de fachada, sem máquinas para impressões em massa. 

Lourdes, 68, que oficialmente concorreu a deputada federal, foi a terceira maior beneficiada com verba do PSL em todo o país, mais do que o próprio presidente Bolsonaro e a deputada Joice Hasselmann (SP), essa com 1,079 milhão de votos.

O dinheiro do fundo partidário do PSL foi enviado pela direção nacional da sigla para a conta da candidata em 3 de outubro, quatro dias antes da eleição. 

Apesar de ser uma das campeãs de verba pública do PSL, Lourdes teve uma votação que representa um indicativo de candidatura de fachada, em que há simulação de atos de campanha, mas não empenho efetivo na busca de votos.

Essa candidatura laranja virou alvo da Procuradoria, da Polícia Civil e da Polícia Federal.

Nesta quarta-feira, Lourdes prestou depoimento à PF. Segundo a corporação, trata-se de um Registro Especial, procedimento anterior à abertura do inquérito policial. O teor será encaminhado nesta quarta-feira à Justiça Eleitoral. Posteriormente, o Poder Judiciário vai requisitar a instauração da investigação.

O advogado dela declarou que o fato de Lourdes ter recebido R$ 400 mil de verba pública eleitoral a quatro dias da eleição se deve ao fato de ela ser uma aposta do PSL.

Segundo ele, Lourdes e Luciano Bivar, deputado federal e presidente nacional do PSL, têm uma ligação que dura mais de 30 anos. Ela já trabalhou em duas empresas comandadas pelo político.

“É uma opção do partido. Ela foi uma das várias candidatas que a sigla apostou aqui. Infelizmente, essa questão do fundo partidário saiu muito na hora. Havia um compromisso anterior da liberação desse dinheiro", informou.

Questionado sobre o motivo de o dinheiro só ter sido repassado na semana final das eleições, advogado disse que havia uma indefinição sobre se a verba destinada à cota para mulheres poderia ser utilizada de fato na campanha eleitoral.

 

O advogado afirmou que o material foi efetivamente rodado, mas, apesar de toda a repercussão do caso, não soube precisar o endereço da gráfica. Também disse não se lembrar do nome da empresa.

Depois de jornalistas mencionarem o nome da gráfica Itapissu, ele confirmou como sendo a empresa responsável pela execução do serviço. “É uma gráfica grande. Ela existe. Já prestou serviços para o Ministério Público, por exemplo. Não sei precisar o endereço."

O advogado declarou que uma parte da propaganda política que teria sido impressa ficou na residência da candidata. A outra parte teria sido levada ao comitê central de Jair Bolsonaro, então candidato a presidente, que funcionava na zona sul do Recife.

A prestação de contas de Lourdes, que é secretária administrativa do PSL de Pernambuco, sustenta que ela gastou 95% desses R$ 400 mil na gráfica Itapissu para a impressão de 9 milhões de santinhos e cerca de 1,7 milhão de adesivos, às vésperas do dia do primeiro turno, em 7 de outubro.

Cada um dos quatro panfleteiros que ela diz ter contratado teria, em tese, a missão de distribuir, só de santinhos, 750 mil unidades por dia —mais especificamente, sete panfletos por segundo, no caso de trabalharem 24 horas ininterruptas.

O dinheiro do fundo partidário do PSL foi enviado pela direção nacional da sigla para a conta da candidata em 3 de outubro, quatro dias antes da eleição.

Na época, Gustavo Bebianno, demitido por Bolsonaro na segunda-feira (18) da Secretaria-Geral da Presidência, era presidente interino da legenda e coordenador da campanha de Bolsonaro, com foco em discurso de ética e combate à corrupção.

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