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Reportagem sobre disparos em massa bancados por empresários é premiada

Entrevista com Lula e série de programas de rádio pela internet também ganharam Prêmio Folha

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São Paulo

Ameaças de agressão e linchamento virtual por um lado. Por outro, mensagens de apoio e buquês de flores entregues na redação. Essas foram algumas das consequências para a jornalista Patrícia Campos Mello após a publicação da reportagem “Empresários bancam campanha contra o PT pelo WhatsApp”. O texto acaba de vencer o Grande Prêmio Folha de Jornalismo 2018.

“A importância da matéria”, diz Mello, “foi revelar como são as campanhas de manipulação da opinião pública com fake news”. Reportagens subsequentes mostraram novos detalhes, como um contrato oferecido a um presidenciável para disparos em massa pelo serviço de mensagens.

Outros resultados foram o banimento das contas das agências citadas no texto e a abertura de três investigações. “As ameaças foram assustadoras, mas a solidariedade com meu trabalho de jornalista foi muito positiva”, avalia Mello.

A política também foi o tema de outros vencedores da premiação interna do jornal, concedida desde 1993. A entrevista “Eu vou brigar até ganhar, diz Lula sobre candidatura”, de Mônica Bergamo, levou o prêmio de melhor reportagem. Feita cinco semanas antes da prisão do ex-presidente, o trabalho era resultado de três anos de tentativas.

A insistência deu resultado e produziu documento curioso. Ao chegar para a conversa, a jornalista viu que o político olhava um papel. Pela contraluz, ela leu: “[Bergamo] busca esta entrevista faz anos, cercando amigos e conhecidos do presidente. Ela tentará: interromper, questionar, apontar contradições, tentar que assuma erros”. Lula percebeu e perguntou a Bergamo se queria levar o documento. “Não, já li”, respondeu ela.

Guerreiros do rio, de Fabiano Maisonnave, 4.fev. O jornalista acompanhou guerreiros mundurucus que buscavam expulsar garimpeiros responsáveis por danos em suas terras e no rio das Tropas, no sudeste do Pará; com um smartphone, o repórter fez a melhor imagem publicada em 2018
Guerreiros do rio, de Fabiano Maisonnave, 4.fev. O jornalista acompanhou guerreiros mundurucus que buscavam expulsar garimpeiros responsáveis por danos em suas terras e no rio das Tropas, no sudeste do Pará; com um smartphone, o repórter fez a melhor imagem publicada em 2018 - Fabiano Maisonnave - 4.fev.2018/Folhapress

Na categoria especial, foi premiado o podcast “Presidente da Semana”, de Rodrigo Vizeu e Victor Parolin. Os 29 programas de rádio pela internet, que tiveram cerca de 3 milhões de acessos, relatavam a história dos presidentes do Brasil, desde a Proclamação da República, em 1889.

“Foi surpreendente que a maioria dos comentários foi positiva, ao contrário do que costuma acontecer em matérias sobre política”, diz Vizeu.

Escolhida como a melhor imagem publicada em 2018, a fotografia “Guerreiros do rio”, de Fabiano Maisonnave, foi feita com um iPhone X. O jornalista acompanhou uma comitiva de mundurucus que tentava expulsar garimpeiros de suas terras no Pará.

“A destruição que se vê na imagem foi feita por escavadeiras”, lembra Maisonnave. Os índios deram um ultimato para os trabalhadores saírem. Passado mais de um ano, o garimpo continua ativo.

Entre os melhores infografias, quadros e tabelas, destacou-se uma capa do caderno Sobre Tudo. Com ela, Maicon César e Heloísa Helvécia venceram o prêmio de arte.

A reportagem sobre manuais de carros ou de montagem de móveis, brincava com o conceito dessas próprias publicações. “Pesquisamos vários deles para entender a linguagem”, diz o diagramador César.

Em edição, venceu a série de seis vídeos “O Tamanho da Língua”, sobre o idioma português, realizada por Naief Haddad, Thiago Lopes de Almeida e William Mur.

“Viajamos para Portugal e Moçambique, além de visitar oito estados brasileiros”, conta Haddad. No ar desde março, os seis vídeos juntos estão próximos de atingir meio milhão de visualizações.

Já o quiz “Teste seu conhecimento sobre o que foi notícia e o que foi fake no mundo em 2018” foi o campeão da categoria serviço. Bolado por Paula Leite e Thiago de Jesus, o exame trazia perguntas como “O Brexit pode afetar até oferta de esperma no Reino Unido?” (verdadeiro) e “Venezuelanos receberam título para votar em 2018?” (falso).

A Comissão Julgadora de 2018 foi formada por Maria Cristina Frias, diretora editorial do Grupo Folha e de Redação da Folha, a ombudsman Paula Cesarino Costa, Juliana Laurino, Gerente Administrativa das Redações da Folha, e os colunistas Joel Pinheiro da Fonseca e Sérgio Rodrigues.

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