Descrição de chapéu Lava Jato

Delator mostra foto de Richa em piscina de Miami com empresários e champanhe

'Viagem da vitória', realizada em novembro de 2014 e que incluiu Caribe, já havia sido relatada por outro delator

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Curitiba

Delator de um esquema de propinas no governo do Paraná, o ex-servidor Maurício Fanini, que era comissionado na gestão do então governador Beto Richa (PSDB), entregou às autoridades fotos do tucano em uma celebração na piscina de um hotel em Miami, regada a champanhe e morangos.

Richa aparece ao lado de empresários que tinham contratos com o governo do Paraná –e que são suspeitos de pagar propina ao governador e seu grupo político.

O ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB), em festa na piscina do hotel Delano, em Miami Beach, ao lado de empresários suspeitos de desviar verbas do estado, em novembro de 2014
O ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB), em festa na piscina do hotel Delano, em Miami Beach, ao lado de empresários suspeitos de desviar verbas do estado, em novembro de 2014 - Reprodução

​A foto, revelada pelo jornal O Globo e obtida posteriormente pela Folha, foi tirada em novembro de 2014, poucas semanas depois de o tucano vencer a reeleição para o governo estadual, no primeiro turno, com 55,7% dos votos.

A “viagem da vitória”, que incluiu Caribe e Miami no roteiro, já havia sido relatada por outro delator, o empresário Eduardo Lopes de Souza, da Construtora Valor.

Segundo eles, os empresários que acompanharam o então governador ajudaram a financiar a campanha do tucano, em parte com desvios de verbas do estado.

O caso é investigado pelo Ministério Público do Paraná, no âmbito da Operação Quadro Negro, que apura desvios na construção de escolas estaduais. Richa também é alvo de denúncias na Operação Lava Jato, que o acusa de se beneficiar de esquemas de propina em concessões de rodovias.

O tucano nega as acusações e afirma confiar na justiça. No passado, ele declarou que não organizou a viagem, mas que viajou junto de “um grupo grande de amigos”, cada um pagando as suas despesas. Fanini, a quem ele já chamou de malandro e que disse ter traído sua confiança, pediu para ir junto, segundo ele.

“Ele se enfiou na viagem”, declarou o tucano, em entrevista no ano passado à RPC TV, quando chamou a delação de “uma profunda mentira”. “Para mostrar intimidade comigo, com o governante, perante aqueles que ele quer subtrair algum dinheiro, ele tem que se enfiar, se mostrar íntimo.”

Fanini, cuja delação foi homologada no mês passado pelo Tribunal de Justiça do Paraná, aparece nas fotos ao lado de Richa.

O delator era diretor de engenharia e projetos na secretaria da Educação. Afirmou ter ajudado a fraudar as medições das obras em escolas públicas, o que gerou desvios de cerca de R$ 30 milhões, de acordo com as investigações.

Parte dos valores teriam ajudado a bancar a campanha à reeleição de Richa, além da própria viagem a Miami, segundo Fanini.

No passado, Richa declarou que não organizou a viagem, mas que viajou junto de “um grupo grande de amigos”, cada um pagando as suas despesas
No passado, Richa declarou que não organizou a viagem, mas que viajou junto de “um grupo grande de amigos”, cada um pagando as suas despesas - Reprodução

Também estão na piscina os empresários Eron Cunha, Carlos Gusso, Guilherme Michaelis e Fabrício Macedo –os três primeiros tinham contratos com o governo estadual.

O advogado Walter Bittar, um dos defensores de Richa, questionou o vazamento da foto, e disse que a viagem é fato conhecido e já foi esclarecida pelo ex-governador.

“Estão querendo compará-lo ao [ex-governador do Rio de Janeiro] Sérgio Cabral, o que é absolutamente absurdo”, declarou. “Vão requentar esse fato? Essa foto não diz nada. É só para gerar mídia.”

O defensor argumenta que as acusações contra Richa são genéricas e que não apontam nenhuma responsabilidade objetiva do ex-governador.

Para ele, as suspeitas partem do pressuposto de que "o simples exercício do cargo de governador do Paraná seria suficiente para viabilizar a imputação da prática de todo e qualquer delito que eventualmente tenha ocorrido no âmbito da administração pública", segundo escreveu em defesa enviada à Justiça Federal do Paraná.

O Ministério Público do Paraná informou que não iria se pronunciar sobre o caso, porque os procedimentos correm em sigilo.

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